Bem-vindos ao Vintage et Underrated, a coluna que une o antigo que não sai de moda e o underground que todo mundo adora, ou deveria. E nessa linda terça feira de março, quase ali na cara do gol para virar outono, vamos falar sobre o Conde mais diabético dos mangás e sua bela loja de horrores, com esse clássico vintage dos anos 90.
Sobre Petshop of Horros
Uma das minhas obras favoritas de todos os tempos, iniciada em 1994 e “concluída” em 2020 (esperamos que o autor faça mais arcos). Petshop of Horrors não é exatamente uma obra linear e sim uma trama de capítulos indepentenes em que cada história é sobre um animal e a história de seu comprador. Assim, elas se unem apenas pela subtrama em que o personagem principal é sempre investigado por seu amigo e rival, um detetive cabeça quente da polícia. Em geral, as histórias SEMPRE são dramáticas, o que leva o mangá a ser também, um josei.
Seus primeiros volumes saíam nas revistas Apple Mistery e Mistery M. até mais tarde serem compilados em 10 volumes. Então, as sagas seguintes são lançadas na Mungenkan, Horror & Fantasy Club, Mugento e na Harlequim. O que na minha opinião faz com que a história devesse ser catagorizada mais como suspense fantástico, como obras como Bride of Deimos, que inclusive já apareceu por aqui.
A história ainda conta com uma animação de apenas 4 episódios (buaaaa) produzido pela minha lindíssima Madhouse (Death Note, Nana).
Enredo e primeiras impressões
Primeiramente é preciso lembrar que essa história não ACABA exatamente. Literalmente a qualquer momento o autor pode decidir voltar pelo simples fato de que os Condes D não morrem de fato. Isso permite que a história siga eternamente.
Até o momento, o mangá conta com 30 volumes, lembrando que as histórias são todas independentes. Mesmo assim, há a subtrama com o detetive Leon e sua cisma com esse negócio de tráfico de drogas onde claramente não tem (parece PM carioca inventando blitz).
De maneira geral, a investigação não é infundada. Todas as histórias giram em torno de animais mágicos ou mitológicos que possuem poderes especiais ou até mesmo formas humanóides (quem não chorar com a história da Medusa já tá morto por dentro, sinto informar).
Nessa parte específica das histórias, a gente lembra bastante até de Tarot Café. Porém, normalmente com final trágico e alguns inclusive acarretando em mortes, o que obviamente chama atenção da polícia.
A vendas dos animais nem sempre segue o padrão lógico de troca monetária, alguns deles são apenas “dados” aos clientes da loja, sempre com um contrato que conta com três regras.
Os animais menos perigosos possuem como regra comum “não ficarem com fome”, enquanto os mais “especiais” possuem regras como “ninguém pode ver”. As duas outras regras dependem da natureza do animal e quase sempre são as mais passíveis de quebrarem.
Histórias de Petshop of Horrors
As histórias exploram diversas situações humanas, já que o protagonista se propõe a vender “sonhos e esperança”. No entanto, eles quase sempre levam a desfechos trágicos os donos ou os próprios animais (Dreizehn é um bom exemplo disso).
Além disso, há ainda a história da própria família do Conde D. No mangá, você conhece a irmã, o pai e ouve falar sobre o avô e a sua dinastia perdida de pessoas que possuíam um contato próximo com animais e seres de todos os tipos (normais ou não) e faziam a ponte com o império chinês. Nunca explica ao certo O QUE eles são, a história inteira só deixa claro que definitivamente nenhum deles é 100% humano.
Outro personagem muito bom da trama é o jovem Chris, o irmão muito mais novinho do detetive Leon que vira e mexe fica sob os cuidados do Conde. Por sua vez, ele também adora o garoto (agora, pensa na contradição. O cara vive investigando o outro por tráfico de drogas, mas deixa o cara cuidando do IRMÃO CRIANCINHA DELE). Além disso, o menino possui poderes especiais, podendo ver e interagir com os seres mágicos da loja.
Outro ponto divertidíssimo são as reações do Conde durante as brigas com Leon ou quando ele recebe doces de todos os tipos como suborno em troca de informações ou do serviço de babá para o policial. Pensa num homem viciado em açúcar.
Pontos positivos
- Não tem como NÃO GOSTAR do traço;
- História é ótima e você não precisa ler tudo em ordem perfeita;
- Não tem uma única história que não seja interessante.
Pontos negativos
- O mangá inteiro merecia série animada, mas só tem 4 episódios;
- Alguns pedaços do enredo podiam ser melhor explorados;
- Esquema de pirâmide, se você quiser saber da história do Conde D, tem que ler tudo.
Sinopse: Uma série de casos misteriosos assombram a delegacia de polícia e um detetive descobre que todos os acontecimentos tem como denominador comum uma loja de animais de Chinatown e seu amável dono que guarda mais segredos do que os casos parecem apontar.