Uma vez escutei em um vídeo ensaio que mesmo os truques mais simples tem o poder de encantar. Perdida, adaptação para o cinema do romance da escritora Carina Rissi, é recheado de clichês de comédia romântica, mas, mesmo assim, te deixa com o coração acalorado.
Enredo de Perdida
Sofia, interpretada por Giovanna Grigio, é bastante segura de si e é uma personagem que dialoga com jovens. É fácil se identificar com a busca da personagem por reconhecimento profissional e, até mesmo, na sua descrença no amor em uma época de relações superficiais.
Mesmo sendo fã dos romances de Jane Austen, ela acredita que, no amor, um final feliz é impossível de verdade, é coisa de ficção. A descrença na paixão faz com que ela discuta com sua melhor amiga, e após uma corrida de táxi suspeita, desembarca no século 19.
É nesse momento que a personagem conhece uma realidade que a obriga a confrontar seu medo — e o filme discute crenças do período e da atualidade. Nesse ponto, o filme apresenta Ian Clarke (Bruno Montaleone), par romântico da personagem e ferramenta narrativa para a mudança interna de Sofia.
Passado x Presente
Comparar valores do passado e do presente é sempre um acerto importante. Perdida faz isso com alguns temas, mesmo que de forma sutil: relacionamentos, crença no amor, a liberdade de escolha das mulheres são os mais importantes.
Além disso, outro ponto positivo do filme, é o choque causado pela combinação de peças de roupa. Isso mostra um deslocamento da personagem, não só no tempo, mas também consigo.
Entretanto, a personagem Valentina (Emira Sophia) é quem escancara as diferenças absurdas entre o passado e o presente. Ela vive presa em uma família com valores que não condizem com o que ela quer: fazer faculdade, usar as roupas que desejar e a liberdade de escolhar não casar.
O filme se posiciona ao mostrar o quão estranho isso é após dois séculos de avanços, mas, ainda assim, faz a audiência questionar se não existem resquícios desses problemas.
Visual de Perdida encanta
O figurino e a maquiagem se destacam, mas os planos de câmera são importantes para o fluxo da história e hora deslumbram, com planos abertos que inserem o personagem e os espectadores no mundo da história, hora deixa tudo íntimo, com close-ups que evidenciam o que é importante.
Veredicto
O filme levanta discussões importantes sobre crenças da sociedade e acrescenta uma pitada de magia que encanta. É ótimo escapar da realidade em uma sala de cinema e sair com o coração quente. Perdida certamente faz isso.