FUNCIONA?
Evento, não-evento, exposição, beat, ato, protagonista ativo, clímax irreversível, multi-protagonista e realidade consistente se unem na estrutura de ORIENT, mas, será que isso funciona?
A nação de Hinomoto era a terra dos humanos, mas com a aparição dos misteriosos Kishins, a supremacia humana acabou. Os famosos generais de Sengoku caíram um após o outro, contudo, alguns continuaram resistindo à dominação dos Kishins, e as batalhas continuam até hoje. Eles são os únicos capazes de enfrentar os onis. Eles são os Bushis!
Em poucos minutos de tela, temos uma breve noção do objeto de desejo do protagonista MUSASHI (Yuuma Uchida) e o que ele pensa desse universo. MUSASHI está em desacordo com a “comodidade mentirosa” das pessoas, pois um mundo onde os humanos não possuem mais supremacia só pode estar louco.
Nesse estado de comodidade falsa, Bushis e Kishins tomam posições contrárias, o primeiro, como monstros terríveis que assolam Hinomoto e o segundo, divindades que merecem respeito e adoração.
O não-evento, momento em que MUSASHI conversa com seus amigos de escola e o evento que surge após o primeiro beat – a mudança de comportamento que ocorre por ação e reação – ocorre sem tropeços e confusões.
A exposição de Hinomoto nos primeiros minutos de animação salva o expectador e cumpre o princípio básico da exposição: “Não conte, mostre”.
Os dois possíveis flashbacks que aparecem possuem funções interessantes; KOJIRO (Souma Saito) E MUSASHI quando crianças bradando espadas de madeira. Esse flashback tem a intenção de nos causar empatia pelos personagens através do riso e a felicidade de duas crianças enquanto brincam, o segundo flashback busca reforçar nossa empatia por KOJIRO, mas desta vez puxando para um lado mais afetivo, afinal, a rejeição e o preconceito é algo triste de se ver.
A dramatização e a necessidade que os flashbacks tiveram, surtiu o efeito desejado, ou seja, não desacelerou o passo do episódio.
O protagonista ativo da estória não há dúvidas de que seja MUSASHI, pois é ele quem define o conflito, guia KOJIRO ao Ato que encabeça um clímax irreversível e faz com que tudo isso funcione dentro de uma realidade consistente muito bem elaborada segundo os princípios de uma boa estória.
E a resposta é: Sim, funciona.