Adaptado do mangá de mesmo nome, Old Fashion Cupcake conta a história de Nozue (Kôhei Takeda), um homem bem-sucedido, mas que vive isolado e sem muita vontade de experimentar coisas novas. Tudo muda quando o seu funcionário Togawa (Tatsunari Kimura), resolve ajudá-lo com uma série de atividades “anti-envelhecimento”, em que juntos, eles passam a sair e conhecer diversos restaurantes como se estivessem em um encontro romântico.
De início, o BL propõe uma apresentação milimetricamente construída sobre a rotina de Nozue. Vemos então, como o dia a dia dele é monótono e sem graça. Em seguida, a relação entre chefe e subordinado é demonstrada de forma com que Togawa pareça ser aqueles funcionários puxa-saco que fazem de tudo para agradar o chefe. O que não suspeitamos, é que ele possui sentimentos bastante característicos. Lentamente, notamos que os dois personagens passam a exibir cada vez mais interesse amoroso um pelo outro.
O ciúme e aquele incômodo de não ser correspondido, são dois fatores importantes nesta exemplificação. Porém, a diferença de idade entre Nozue, que tem 39 anos, e Togawa, que ainda irá fazer 30, torna-se, desde o primeiro instante, um empecilho na relação desenvolvida ali. De maneira muito sensível e crua, contemplamos o tema acerca do etarismo — raramente abordado em obras BL — movendo-se entre nuances narrativas bem orquestradas. Aqui, o roteiro não apresenta falhas, e isso é o suficiente para fazer com que a progressão dramática seja extremamente satisfatória.
A atuação de Kôhei Takeda, juntamente com a de Tatsunari Kimura são acréscimos importantíssimos. O fato da série assumir um tom sério, sem aquele típico humor atrapalhado que notamos sempre nos BLs japoneses, abre espaço para que as emoções demonstradas em tela sejam devidamente realistas. Algo que os atores, felizmente, mostram fazer muito bem.
Entre quadros abertos e planos fechados, quase sufocantes, a fotografia brinca com a linguagem de ser os nossos olhos. Em certos momentos, a falta de estabilidade na câmera torna a experiência de adentramos no isolamento do protagonista e na relação dele com o seu funcionário, ainda mais incisiva.
Por fim, o principal gancho entre as excelentes atuações e a direção consciente, é a história e as suas ramificações. A solidão e o processo de superá-la, é feito de forma atenciosa e, por vezes, tocante demais. Envelhecer é algo natural e que pode ser remediado com um estilo de vida saudável, o problema é quando envelhecemos sozinhos. Essa é a principal mensagem abordada pelo drama. A solidão, que virou caso de saúde pública no Japão e é tema de diversas produções cinematográficas, agora, ganha um espaço merecido entre a forma de mídia que mais ganha o mundo ultimamente: os live-action BL.