*De uma forma “descompromissada” e geral, uma visão pessoal do Mercado de Quadrinhos do Brasil.*
Os quadrinhos estão em alta?
De maneira geral, SIM! Isto seria reflexo do que anda rolando lá fora? Talvez! Os blockbusters de histórias em quadrinhos lideram as bilheterias americanas e mundiais dos cinemas, vide X-Men: Dias de um Futuro Esquecido ou o ótimo Guardiões da Galáxia. Isso pode estar dando um retorno em outras mídias, como nesse caso, o quadrinho.
E olha só que interessante, dá pra se pensar num ciclo. Quadrinho que vira filme, faz sucesso e faz crescer as vendagens do tal quadrinho. Vimos isto acontecer recentemente com Shingeki No Kyojin/Attack On Titan, com cada volume tankobon passando a casa dos milhões no Japão.
O “ontem” e o “hoje”
Já comentamos um pouco sobre o mercado editorial de mangás AQUI no site, com o bate papo que acompanhamos entre as editoras JBC, Panini, NewPOP e Nova Sampa no Ressaca Friends. E o que podemos comentar é que: Se você tem mais que 20 anos e fizer um exercício de memória, vai se lembrar da quantidade de mangás nas bancas há 10 anos atrás e na quantidade de mangás que encontramos hoje em dia. Há MUITO mais títulos não é?
Então a conta pode ser simples. Se o público-alvo aumentou nestes últimos anos, o mercado também. Com o mercado em crescimento, o número de artistas e ilustradores em nosso cenário também cresceu! Uma prova? Os espaços de artistas no Brasil Comic Con , Comic Con Experience e claro, a Feira Internacional de Quadrinhos (FIQ).
Anunciamos recentemente a inauguração da Academia Brasileira de Histórias em Quadrinhos, dando a entender que o mercado de quadrinhos aqui no Brasil está entrando na sua fase de puberdade. E demorou. Um projeto interessante é do Governo do Estado de São Paulo, denominado ProAC – Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo – estimulando a produção e viabilizando o lançamento de diversas obras. A média da verba recebida deste projeto é de 40 mil reais por obra.
O mercado é consequência de seu trabalho
Sabemos que há diversas dificuldades para o lançamento de um quadrinho. Diversos artistas não conseguem editoras, e na verdade, as vezes nem as procuram. Com a internet cada vez mais homogênea, a facilidade do autor divulgar seu trabalho aumentou. Então se o artista tem seu próprio equipamento off-set ou conseguiu renda para uma tiragem mínima num site de financiamento coletivo, basta um ponta-pé inicial. *Foram quase 2 milhões de investimento em financiamento coletivo na área de quadrinhos!
E depois deste ponta-pé inicial? Conseguiu uma tiragem com 100 unidades e vendeu todas? É hora dar aquela trabalhada em algumas capas, fazer uma edição de luxo mesmo e enviar para sites que irão resenhar seu quadrinho. E aí é só o começo, ou seja, não espere uma editora bater em sua porta. Mostre seu trabalho e produza suas ideias.
A Cultura Pop em toda extensão do Brasil Varonil
Os meios de distribuição, este sim é uma grande pedra para as editoras. Como saber se teu quadrinho vai chegar para o Zezinho em Santo Aparício? Não dá pra saber, de fato. E isso não acontece somente em áreas mais ermas, podemos dar o exemplo da cidade do SUCO, Rio Claro, interior de São Paulo. Tem umas 3 ou 4 livrarias na cidade, esta com 200 mil habitantes. E mais, nem todas estas livrarias tem uma seção dedicada a quadrinhos…
A força motora dos últimos anos – principalmente dos últimos dois – são os eventos. Seja de quadrinhos, animes ou games, a galera vai toda motivada a participar e pronta a conhecer coisas novas e isto ocorre do CCXP ao SANA em Fortaleza! Praticamente uma “festa de peão” nerd! Então se a distribuição é capenga, resta para nós amantes deste tipo de arte, adquirir estes itens em eventos.
Para gente GRANDE!
Quem vivenciou os quadrinhos nos anos 80 e 90 sabe do preconceito “quadrinho é coisa de criança”. A Editora Abril tem até um pouco de culpa disso com seu “monopólio” na época, mas felizmente, isto mudou. Pessoalmente, achei que demorou para o Brasil aprender que quadrinho é – também – para gente GRANDE.
Quadrinho é uma paixão, independente do estilo e origem, ou seja, é pra vida toda. O maior exemplo disso é com a Maurício de Sousa Produções, onde estavam presos naquela de “gibi de criança”, acabaram lançando Turma da Mônica Jovem para mudar esta posição e já planejam um título adulto no futuro.
Em alto e bom tom: AVANTE BRASIL!
O que esperar do futuro? Como estará o mercado daqui 10 anos? Vamos ter ainda mais títulos nas bancas? O público vai crescer? O público tem muito o que aprender ainda? Uma coisa é fato: A Comic Con Experience foi o signo desta nova fase do quadrinho; Potencial nós temos. Tem uma ideia na cuca? Bora produzir!