Um filme nacional que pareceu um blockbuster da Marvel com escuridão da DC, essa junção provou que pode dar certo e ambos poderiam pensar em um crossover futuramente, mas o Brasil foi mais rápido e fez sua versão herói pipoca sombria.
O Doutrinador mistura o ódio guardado por um país corrupto, junto com a angústia nascida da morte de alguém próximo, um filme que acerta quase que em cheio e atrapalha em boa parte a todos que assistirem.
Sede de Vingança
O Doutrinador lembra um pouco o vigilante noturno Demolidor, mas com sede de vingança e matança sem escrúpulo do Justiceiro, algo que todos desejam em filmes de super heróis, por ser um policial, têm acesso liberado a qualquer tipo de arma, O Doutrinador funciona como blockbuster estilo DC Comics de Zack Snyder.
Se o objetivo era entregar um filme pipoca que passa um pouco dos limites para um sessão da tarde, acertaram em cheio, o nível de violência da história é bem extrapolado e te faz querer ver mais e mais, a falta de limites que muitos estavam esperando em alguns filmes norte americanos pode ter sido finalmente saciada.
Contudo nem de amores resume o filme, alguns buracos de roteiro atrapalham e muito o desenvolvimento dele, apesar de ser algo “metafórico” o anti herói Doutrinador aparece em um piscar de olhos, sem explicações ou detalhes em cena, o ator Kiko Pissolato apenas coloca a máscara e se torna o doutrinador, simples assim, poderia aparentar a raiva guardada pela corrupção presente e nítida no país, mas não é absorvido dessa maneira, em meio a um protesto em confronto com policiais, bastou ele colocar a máscara, isso foi uma mega falha que pode tirar qualquer um do interesse desse filme.
Ritmo Acelerado
Entre falhas e acertos, o que está mais está marcado nesse filme é o ritmo acelerado, antes fosse algo dinâmico para que toda a ação acontecesse o quanto antes, mas é muito pior do que isso, ela casa com muitos buracos de roteiro e se desenvolve como se fosse uma bola de neve descontrolada barranco abaixo, apenas aumentando e te atingindo sem saber o que aconteceu, uma verdadeira bagunça de história que incomoda demais com a maravilha que está sendo assistida.
Ainda nas grandes falhas, a trilha sonora alcançava um ponto em cena que parecia estar aumentando a um volume ensurdecedor, e isso se mostra nítido porque não houve problemas em outras trilhas e barulhos de tiros, na cena de matança, uma junção de sons que faz a cabeça doer, o jogo de cenas também trabalha de forma bem reservada, a violência explícita foi bem dosada, mas nada que coloque esse filme em um tom violento, utilizou a violência no momento certo, mas em algumas cenas foi bem omitido, talvez por deixar uma classificação mais aberta para o público, só não pode ser chamado de desastre porque o filme foi bonito de se ver, e ainda mais por ser brasileiro.
Desafios
Por seu um universo de quadrinhos, houve uma adaptação para os cinemas onde todos os desafios de contar essa história fosse a mais breve possível, mas muitas adaptações de games, quadrinhos e até livros já tiveram esse problema, ao invés de um filme, pareceu um compilado de mais de uma hora forçado e cansativo, o qual a direção quis mostrar tudo de uma vez, fazendo parecer que não existe roteiro.
Poderia ser melhor trabalhado em uma série – por sinal, confirmada para 2019 nas cenas pós créditos – a partir daí a expectativa por uma série de O Doutrinador aumentou até os céus, mas se acertarem em cheio com a série, as pessoas simplesmente irão esquecer do filme e tratá-lo como ruim, o que não seria um absurdo se não fosse por um motivo, um anti herói brasileiro que mata sem dó sempre irá agradar mais do que cansar.