Depois de voltar cheia de fantasia, a Conrad Editora lançou Nas Montanhas do Terror. Esse é um mangá de terror, com roteiro de Junpei Azumi e arte de cinco mangakás diferentes. Assim, Junji Ito, Mimika Ito, Akemi Inokawa, Daisuke Imai e Akihito Yoshitomi ilustram cinco histórias macabras, direto das montanhas japonesas.
Aqui, Junpei Azumi combina sua paixão por suspense e terror com as montanhas e alpinismo, sendo este o primeiro mangá do autor.
A publicação tem 192 páginas, então é rapidinha de ler — isso se você tiver coragem de ler tudo de uma vez. Além disso, vem com sobrecapa num tom vermelho vibrante e um marcador de páginas com uma ilustração de Junji Ito.
Também, além das histórias o mangá tem um bate-papo exclusivo entre Junpei Azumi e Mimika Ito sobre as montanhas. Nessa conversa super simpática Azumi fala sobre sua experiência como montanhista e várias histórias sobrenaturais que presenciou.
Enfim, sem mais delongas, vamos conferir o que Nas Montanhas do Terror te reserva! Mas cuidado! Leia com as luzes acesas.
Parte 1 – Junji Ito
Se falamos em terror não podíamos deixar de começar com ele, o mestre do horror Junji Ito. O mangaká famoso por seu terror psicológico abre essa publicação com o primeiro capítulo e seu jeitinho macabro de ser.
Essa história mostra três homens em uma cabana no pé da montanha: um montanhista propriamente dito, um fotógrafo de montanhas e outro que mais aprecia a comida e bebida quente do que a escalada.
Em meio à uma conversa, surge o assunto de uma pessoa que se acidentou na montanha que eles escalaram. Uma mulher despencou em um vale e acabou morrendo. No entanto, como ela precisaria ter desviado alguns metros da trilha principal, algumas teorias começam a surgir.
Assim, diante dessa história, cada um dos homens lembra de experiências passadas que tiveram nas montanhas. A memória de um encontro com o sobrenatural, com um ser que disfarçava sua feição deformada com um distante sorriso perturbou a mente deles.
Naquele chalé aconchegante, os arrepios que sentiram não foram apenas do frio.
Vocês sabem que eu sou suspeita pra falar de Junji Ito né. De qualquer forma, acredito que o traço dele casou perfeitamente com essa história misteriosa e sangrenta. Um bom começo para esse mangá perturbador.
Parte 2 – Daisuke Imai
Agora, no segundo conto de Nas Montanhas do Terror, nós ficamos mais apreensivos com o que não vemos do que com o que está na nossa frente.
Nessa história com desenho de Daisuke Imai, um grupo de escalada se dirige até uma cabana, buscando abrigo do frio. No caminho, eles lembram do antigo líder da expedição, um rapaz querido e habilidoso que dá sua vida para procurar Koisuke.
Então, quando chegam ao abrigo são atormentados por uma nevasca monstruosa e Koisuke, atual líder do grupo, pode jurar que escutou passos do lado de fora. No entanto, nenhum ser vivo conseguiria andar naquelas condições climáticas.
Sinceramente, o final foi de arrepiar. Literalmente, eu fiquei arrepiada quando vi a cena final. Esperava que a história pegasse um caminho e ela foi para outro que encaixou ainda melhor. Além disso, a parte em que Koisuke escuta os passos ao redor da casa me deixou tensa e verdadeiramente com medo. Enfim, uma história que assusta e emociona.
Parte 3 – Mimika Ito
Bom, os dois primeiros mangakás pegaram até que leve nos desenhos, mas Mimika não estava pra brincadeira. Afinal, de acordo com ela mesma, escolheu essa história a dedo.
Nessa história vemos o senhor Azumi — sim, o autor — indo nas montanhas para colher cogumelos. Mesmo com certa experiência, ele acaba se afastando de seu companheiro e encontra um teleférico abandonado. No entanto, após ver uma cena horrível e sobrenatural, ele finalmente consegue encontrar seu caminho de volta.
Então, em outra aventura pelas montanhas, Azumi estava voltando para o abrigo quando vê uma tempestade se aproximando. Em meio à chuva forte e ao vento, ele encontra outro homem sentado, recuperando o fôlego para retornar. Porém, mal Azumi sabia que seria melhor se ele apenas tivesse seguido seu caminho e ido direto para o abrigo.
Ok, esse capítulo me deu medo, tipo medo. Coração chegou até a acelerar um pouco. Acredito que o traço de Mimika combinou muito bem com esse capítulo, pois a figura que ela desenhou me arrepiou a espinha. Além disso, é uma ótima história para ser contada numa noite chuvosa com os amigos.
Parte 4 – Akihito Yoshitomi
Agora, Nas Montanhas do Terror nos mostra que fantasmas são sim assustadores, mas depende.
Assim, um pescador se instala próximo a uma piscina natural e monta sua barraca próxima a outra que já estava por ali. O tempo passa, a noite chega e nada dos donos da outra barraca aparecerem. Até que, no meio da noite, o pescador ouve uma conversa esquisita.
Entre experiências de pesca e de vida, os homens ali reunidos falam sobre coisas que ninguém vivo poderia passar.
O suspense dessa história, a ansiedade de descobrir se o que estamos pensando é real, o medo pelo pescador… Eu amei esse capítulo, tanto pelo enredo quanto pelo traço de Akihito. Além disso, é uma história assustadora, mas com um toque final de sensibilidade especial. Com certeza, uma das minhas preferidas desse mangá.
Parte 5 – Akemi Inokawa
Finalmente, o último capítulo é dividido em duas histórias.
A primeira é quase uma lenda urbana que surgiu em uma das montanhas. Nessa história, um alpinista veterano aconselha Azumi — sim, ele novamente — a não olhar para o espelho do banheiro de uma determinada parte da montanha.
De acordo com ele, as pessoas que se olham naquele espelho sofrem um tipo de maldição e esperam por um destino perturbador.
Já a segunda história mostra um senhor pegando o trem para uma de suas caminhadas nas montanhas. Ele lembra de algo que aconteceu anos atrás, quando fazia esse mesmo caminho. Tarde da noite, um jovem entrou no vagão vazio, mas pediu para se sentar ao seu lado. Estranhando a situação, ele deixou.
Então, esse jovem comentou de um ponto específico nas montanhas, onde ele poderia encontrar um tipo de especial de flor. Empolgado, o homem decide seguir a orientação, mas não sabia que encontraria muito mais do que apenas flores lá.
Bom, a primeira história é bem no estilo lenda urbana, do tipo que contamos pra assustar a galera. Enquanto isso, a segunda tem um suspense tímido no ar e terminou de uma forma emocionante.
No geral, achei um bom jeito de finalizar esse mangá, mostrando como as montanhas podem ser traiçoeiras e sentimentais ao mesmo tempo.
Conclusão
Primeiro de tudo, devo dizer que Nas Montanhas do Terror me surpreendeu. Esperava ler histórias puramente macabras, me deparar com gore e onis pra todos os lados. Sim, teve essas coisas, mas isso foi quase um detalhe.
Esse mangá traz consigo um aviso e um abraço. Ele lembra o perigo e o misticismo das montanhas, mas também carrega o amor que os alpinistas têm por elas. Esse mangá é um terror medonho e um drama sensível. No última página fiquei quase saudosa, com vontade de voltar ao início e ler novamente.
Além disso, é muito legal ver os diferentes traços dos mangakás juntos, a peculiaridade de cada um dando ainda mais personalidade às histórias de Azumi.
Seja você um fã de montanhismo, de terror ou apenas de mangás. Goste de um, goste de todos ou não conheça nenhum desses nomes. Te garanto que Nas Montanhas do Terror vai conquistar um espacinho especial na sua prateleira!
