O quarto filme do Universo Estendido DC resgata as origens de uma das mais famosas e queridas Heroínas dos quadrinhos. Após a apresentação da personagem que deixou os fãs eufóricos em Batman vs Superman, é a vez da Mulher Maravilha estrelar seu filme solo.
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Uma Heroína de Mil Faces
Ao contrário de seus correligionários da Justiça – Batman e Superman – o passado de Diana foi pouco explorado no cinema, o que confere à narrativa uma sensação de ineditismo muito bem vinda.
Zack Snyder (Batman vs Superman) assina a história e segue na produção. Patty Jenkins (Monster, 2003) comanda a direção e surpreende, principalmente, nas sequências de ação. O veterano dos quadrinhos Allan Heinberg fica a cargo do roteiro.
Como a maioria das histórias de origem, Mulher Maravilha segue estrutura linear e apresenta, quase que literalmente e de forma bem delimitada, todos os estágios do monomito – a ‘jornada do herói’. A linearidade do enredo, entretanto, não é nenhum demérito – é justamente por se apoiar nessa estrutura narrativa que o filme consegue abordar melhor as nuances das personagens e desenrolar com facilidade os conceitos da trama.
Presença e Carisma
A construção da protagonista encanta de imediato. A jovem Diana, mesmo na infância, já demonstra entusiasmo, bom humor e a determinação que marcam a versão da heroína nas telonas. Já na fase adulta, Gal Gadot (Velozes e Furiosos) dá vida à uma Mulher Maravilha que impõe sua presença e traz o domínio da cena – seja nas relações com outros personagens, seja nas cenas de ação.
O primeiro ato, que se passa na paradisíaca ilha de Themyscira – lar das amazonas – destaca-se tanto pela beleza visual natural quanto pela arquitetura inspirada na Era Clássica. Connie Nielsen (Gladiador) e Robin Wright (House of Cards) desempenham muito bem os papéis das amazonas Hipólita e Antíope – Mãe e mentora de Diana respectivamente.
Em contraste, o segundo ato coloca a heroína no mundo dos humanos em plena primeira guerra mundial. Apresentando a cinzenta Londres do início do século XX e aos horrores da guerra, o filme enaltece o choque de realidades através da visão de mundo da protagonista. Ainda que uma guerreira feroz, Diana é inocente perante as maquinações e mentiras do mundo dos homens.
Chris Pine (Star Trek) como Steve Trevor e Lucy Davis como Etta Candy (The office) se destacam, mas os demais personagens da trama também tem carisma. Os companheiros de Steve, Sameer (Said Taghmaoui), Charlie (Ewen Bremmer) e Chief (Eugene Brave Rock) representam as faces do homem comum por trás do conflito, com seus medos, falhas e virtudes. Apenas os vilões são um ponto de ressalva – como em diversos outros filmes do gênero, acabam mal explorados e com personalidades unidimensionais.
Fumaça e Espelhos
Na fotografia e direção de cena o filme anda mais em linha com os demais títulos do Universo Estendido da DC. Os elementos são trabalhados de forma a fazer alusão à origem da obra com tomadas heróicas e cenas que parecem ter sido retiradas das páginas dos quadrinhos.
Apesar do primeiro ato esbanjar cores vibrantes, a obra segue o estilo consagrado por Snyder em 300 e consolidado no DCEU com Homem de Aço e Batman vs Superman. O uso da iluminação, cores e contraste destacam as tomadas e evidenciam a natureza heróica da obra. Através desse padrão, o destaque fica na natureza sobre-humana das figuras centrais, destacando-as em relação aos demais elementos e personagens.
Diversas composições de cenas são alusões a outras obras – cinematográficas ou não – da DC. O filme conta com comparativos, referências e easter eggs pra deixar satisfeito qualquer fã mais atento. Outra característica presente é o uso em destaque da câmera lenta para detalhar os feitos das personagens. A técnica, entretanto, é utilizada com certa criatividade.
Motores de Guerra
No aspecto sonoro, os efeitos aliados à trilha de Rupert Gregson-Williams conseguem proporcionar a ambientação necessária – Leve nas cenas mais brandas e impactante nas cenas mais pesadas. O compositor estabelece relação com os demais filmes do DCEU ao evocar, em diversos momentos, tons do aclamado tema da Mulher Maravilha (Is She With You?) apresentado por Hans Zimmer em Batman vs Superman.
O Veredito
Agradável e espirituoso, o novo filme da Mulher Maravilha apresenta novas perspectivas e vislumbra um futuro promissor para o universo DC nos cinemas.