Se você já viu a minha review do filme, sabe que apesar do discurso de ser mais respeitoso com a cultura chinesa, o novo live-action de Mulan falhou mais uma vez. Além de um roteiro extremamente fraco e quase 100% das pessoas da produção do filme serem brancas, outra coisa chama atenção: O elenco principal.
Caso você já tenha assisto dramas chineses, deve ter percebido que não tem ninguém no elenco que apresenta os padrões de beleza recorrentes de uma produção realmente chinesa. Você pode se perguntar “mas não é uma coisa boa? Beleza não é tudo”, acredito que padrões de beleza não devam ser incentivados de forma alguma, mas nesse caso não é esse o problema, pensa só: uma pessoa que não consome nenhuma produção asiática por conta própria, assiste Mulan e se depara com um elenco que só traz pessoas comuns sem nenhum traço marcante ou diferente e isso perpetua o estereótipo que 1- Todo asiático é igual e 2- Não há pessoas asiáticas atraentes, só pessoas brancas são bonitas.
Eu ainda não tive a oportunidade de assistir dramas chineses, mas amo dramas coreanos. Fazendo uma comparação, se numa produção internacional o ator Lee Jong Suk fosse escalado, mesmo aqueles que não tivessem um contato prévio com a cultura asiática, teria se encantado com a beleza e traços marcantes do ator. Não é isso que vemos no novo live-action de Mulan, até mesmo a atriz que interpreta a protagonista apresenta traços comuns e não tão memoráveis.
Sendo um filme da Disney, não era difícil de imaginar que isso aconteceria. Tendo em vista que apesar da animação ser de 1998, a Mulan não era tão popular assim no marketing internacional da Disney e seus filmes trazem sempre princesas brancas, de olhos azuis e quase sempre de cabelos loiros. Apesar de vários países do mundo produzirem filmes e séries de excelente qualidade, todos sabem que o mercado estadunidense tem uma maior visibilidade.
As produções americanas sempre trazem brancos, quase que majoritariamente homens, como heróis e todas as outras etnias como vilões ou meros ajudantes dos protagonistas. Não só a Disney, mas todos os grandes estúdios ocidentais continuam, não de forma escancarada, mas continuam a perpetuar estereótipos que diminuem os diferentes povos orientais em relação ao ocidente.
Além desse pequeno problema, temos o fato que a protagonista, Yifei Liu, e seu interesse amoroso, Yoson An, são naturalizados americana e neozelandês, respectivamente. Não há nada de errado na nacionalidade dos dois, ou deles terem saído da China e ido morar em outro país. O ponto é que pessoas não brancas, principalmente asiáticas não tem tantas oportunidades na mídia global e os poucos papeis de destaque são frequentemente ocupados por pessoas que passaram mais tempo nos Estados Unidos do que no próprio país, apesar das diversas atrizes e atores perfeitamente competentes que existem mundo afora e lutam por mais reconhecimento.
Mulan já está disponível na Disney Plus.