No ano em que é lançado o serviço de streaming HBO Max, vêm junto uma porrada de títulos que chamam atenção. Indiscutível que 2021 é o ano da Warner, o fato de ser seu momento não significa que tudo será acertado. Snydercut foi uma redenção de um filme ruim e Godzilla vs Kong foi o maior trunfo até agora, já Mortal Kombat, se prende em fanservices baratos e cenas gore em um roteiro fraco e barato que seria aceitável se não fosse os momentos Deus Ex Machina em quase todo o filme, transformando-o em uma grande oportunidade perdida.

Primeiramente as partes boas, sim, esse filme têm momentos incríveis, marcantes a ponto de pular da cadeira. O grande confronto entre Scorpion e SubZero foi algo digno do que representa essa grande rivalidade, deram um bom espaço de tela para os dois e isso foi algo que sobrepõe tudo, por isso foi jogado para final. Ainda falando de luta, Kabal e Liu Kang merecia mais atenção, porém o modo como Kabal luta e a habilidade de Liu Kang foi algo incrível, pena que foi muito ceifado em tela.

SubZero e Kung Lao são os pilares do filme e em alguns momentos conseguem engrandecer até os maiores problemas da produção, de fatality do chapéu até todos golpes de gelo; é lindo de se assistir e nos faz aclamar por mais, até a profundidade sobre o drama do Jax e seus braços, ao perdê-los, recebe uma prótese que não faz jus ao seu corpo, logo os braços não acompanham os movimentos que o brutamontes quer fazer. Este último foi algo tão marcante que te bate a curiosidade de como ele vai conseguir os braços fortes… Jogar anatomia nesse momento foi digno de gênio, tudo isso é visto com muito valor e ali nós gritamos “isso é Mortal Kombat”, algo muito rico para o que já foi visto na franquia dos games, todos esses momentos então juntos ao monte de coisas  horrorosas e desastrosas em cena que colocou em cheque todo o filme.

Momentos de ouro podem ser cobertos por uma fuligem de ruindade, começando pelo protagonista Cole Young. Por mais que ele seja o “orelha” do filme, ele não só não funcionou como atrapalhou em muitos momentos, ele não passou desapercebido porque se mostrou uma completa perda de tempo em tela. Diminuir a Sonya só por ser forte no treinamento tático foi triste, brotar os poderes dela do nada mais ainda, e destruir tudo o que foi construído no drama do Jax e a perda de seus braços foi ofensivo a ponto de querer parar de assistir. Conseguiu os braços fortes ele teve força de vontade? Magia? Tecnologia nanorobô? Não importa, mataram o personagem ali.

Mileena muito abaixo do que deveria ser, não só a caracterização como o estilo de luta, os dentes surgirem na única cena em que ela se mostrou ser a dos games foi muito bom, afinal estava começando a lutar como a personagem luta, e simplesmente matam ela no momento em que engrandeceu no filme; muito pobre, e inventaram qualquer coisa para a origem dos poderes do Kano, no quesito personagem pode haver um equilíbrio de boas e más caracterizações, mas o lado ruim se destacou a ponto de ser uma decepção atrás da outra.

Quanto ao CGI do Goro eu achei aceitável como o Hulk da Marvel, o problema desses bonecos é que eles nunca serão perfeitos, uma por ser completamente fictícios, outra porque os detalhes de músculos e contração dos mesmos sempre serão um problema. Na Marvel eles conseguem lapidar o Hulk a cada filme, em Mortal Kombat eles entregaram um belo Goro, onde o torso dele não foi algo esticado e se mostrou bem feito com os quatro braços. Fato é que as pessoas só notam um CGI ruim quando o filme é ruim, por isso pouca gente comenta do Hulk por causa da qualidade dos filmes da Marvel, achando que qualquer pelo no peito é o ápice da perfeição, mas é bom se contentar com pouco, pois não se reclama tanto desse bonecos.

Diante a esse desastre visual, infelizmente escancarou o roteiro fraco, desde o trailer e a sinopse se via uma confusão, então o filme seria algo bem esquecível, mas a direção de Simon McQuoid não funcionou em literalmente nada, sendo esse o primeiro longa da sua carreira. Infelizmente começou muito mal, e se existia a informação de Mortal Kombat se tornar uma franquia de quatro filmes, ela pode ter sido enterrada a sete palmos antes mesmo de cogitar o segundo filme – e aí está a oportunidade perdida.

Sejamos francos que história para mais filmes de Mortal Kombat existe e em alguns momentos senti que ele poderia ter sido jogado para a galhofa total, assim como acontece em alguns momentos com Pacific Rim e até Deadpool. Por mais que seja uma história que possa se contar alguma coisa, entregue aquilo que o povo quer, aquilo que todos conhecem daquela história. Deadpool foi a ironia dentro da Marvel que poucos da nova geração conhecem e Pacific Rim é aquilo que todo mundo que assistiu Evangelion já viu, mas sem a profundidade da trama, só a porradaria mesmo. O que faltou para Mortal Kombat foi ser…Mortal Kombat.

Oportunidade perdida e desastre cinematográfico definem o filme de Mortal Kombat, de um dos que poderiam ser o melhor filme do ano, se tornou o favorito senão já considerado o pior filme de 2021. Esse filme é memorável pela bagunça que foi em tela e pelo o que deveria ter sido, a ruindade foi grande fatality que nos arrancou o coração e o esmagou com as mãos.

REVIEW
Mortal Kombat (2021)
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Baraldi
Editor, escritor, gamer e cinéfilo, aquele que troca sombra e água fresca por Netflix e x-burger. De boísta total sobre filmes e quadrinhos, pois nerd que é nerd, não recusa filme ruim. Vida longa e próspera e que a força esteja com vocês.
mortal-kombat-reviewEm Mortal Kombat, o lutador de MMA Cole Young, acostumado a apanhar por dinheiro, não faz ideia da herança que carrega - ou por que o Imperador da Exoterra, Shang Tsung, enviou seu melhor guerreiro, Sub-Zero, um criomancer de outro mundo, para exterminar Cole. Temendo pela segurança de sua família, Cole sai em busca de Sonya Blade por recomendação de Jax, um major das Forças Especiais que tem a mesma estranha marca de nascença na forma de dragão que Cole. Logo, ele se encontra no templo do Lorde Raiden, um Deus Ancião e protetor do reino da Terra, que acolhe aqueles que ostentam a marca. Lá, Cole treina com os experientes guerreiros Liu Kang, Kung Lao e o mercenário vigarista Kano, à medida que se prepara para enfrentar, ao lado dos maiores campeões da Terra, inimigos oriundos da Exoterra em uma arriscada batalha pelo universo. Contudo, será que ele treinará o bastante para desbloquear sua arcana - o imenso poder que existe dentro de sua alma – a tempo não só de salvar sua família, mas também de vencer a Exoterra de uma vez por todas?