Vamos começar o review enchendo a bola da DICE (Digital Illusions CE) e EA. Mirror’s Edge foi a aposta da desenvolvedora em criar um game que utilizasse todo know-how em FPS com Ação em primeira pessoa, mais especificamente com o parkour. E deu muito certo!

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Lançado no fim de 2008 para os consoles e no comecinho de 2009 para PC, o game utiliza o melhor da Unreal Engine 3 e para você que anda preocupado com os gráficos e quer jogar no PC, não se acanhe: Mirror’s Edge tem um ótimo visual, suporte para 1080p e roda em qualquer máquina “mediana” dos tempos atuais.

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A arte em Mirror’s Edge (Screenshot de Divulgação)

Futuro Próximo

Mirror’s Edge se passa num futuro e numa cidade fictícia e utópica – próxima ao que nós vemos em Minority Report? Digo utópica pois o crime é totalmente controlado por um regime ditatorial, com câmeras em tudo que é canto… Para você ter noção, cigarros e álcool são totalmente proibidos, pelo menos publicamente.

A trama do jogo foi escrita por Rhiana Pratchet filha do eterno e MITO Terry Pratchet – e bem, ela “só fez” a trama de jogos como Bioshock Infinite, Heavenly Sword e os novos Tomb Raider (to incluindo o Rise nessa).

Então já adiantando por aqui, que a história é bem fechadinha, cheia de reviravoltas e surpresas. Mas um adendo: A DICE confirmou na época que a série seria uma trilogia, então não se espante se algumas pontas ficarem soltas.

Voltando para a trama do jogo, nesta cidade totalmente ditatorial, a comunicação fica controlada. Não obstante, temos a lei básica da ação e reação, onde se temos uma sociedade extremamente controlada, teremos uma resistência muito bem estruturada.

É aí que surgiram os runners, pois se não é possível utilizar os meios da telecomunicações, o jeito é entregar da maneira física e pessoal mesmo. Estes runners são pessoas extremamente ágeis, treinadas em combate e o principal: Exímios praticantes de parkour.

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A arte em Mirror’s Edge (Screenshot de Divulgação)

Conspiração

No jogo, você controla a runner Faith Connors que precisa livrar sua irmã Kate de uma acusação de assassinato injusta. Fato é que o jogo se inicia na época de eleições onde dois candidatos disputam o poder pela cidade: O atual Callaghan e Pope, este último prometendo diversas mudanças severas no sistema político e na segurança.

Lembra da acusação injusta da irmã de Faith? Então, no início do jogo Pope é a pessoa assassinada  e você como Faith deve achar provas e livrar sua irmã dessa.

A trama se desenvolve em mais ou menos uns 10 capítulos, onde diversas pistas, projetos secretos e surpresas acabam deixando o plot principal ainda mais “pomposo”.

Um detalhe é que, já que a irmã de Faith trabalha para a polícia da cidade –  apelidados de “blues” – uma teoria conspiratória permeia por todo o jogo e mais: Não há “bonzinhos” na história.

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Os “Runners” de Mirror’s Edge (Imagem Divulgação)

Jogador = Personagem

É muito bacana controlar Faith e não é só na questão da jogabilidade. O ponto alto do jogo é na imersão que temos com o jogo e principalmente com o trabalho do campo visual de Faith.

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A protagonista Faith, em Mirror’s Edge (Imagem Divulgação)

É raro um jogo em primeira pessoa proporcionar sentimentos de adrenalina ou medo em pular de um prédio pra outro. Aqui há muito disso e de fato, parece que encarnamos na personagem principal.

“Tenha fé” ou “Quem acredita sempre alcança” são frases que parecem clichês, mas totalmente aplicáveis ao jogo. Há diversos momentos em que achamos que não vamos conseguir pular de um local x para y, mas não custa tentar não é?

Mesmo depois de alguns saltos frustrantes – e quedas gigantescas – descobrimos a maneira certa de “manobrar” para conseguir tal impulso e aí sim chegar ao destino corretamente.

Espírito de Plataforma

Por ter uma jogabilidade desafiadora numa mecânica simples, Mirror’s Edge traz muito de um jogo de plataforma 3D. Na maioria dos casos só precisamos correr/fugir fazendo os melhores saltos para não acabar na mira da polícia ou de bandidos.

Então já que o combate é bem trivial – e na verdade nem é muito bem trabalhado – e ter um gameplay médio de 4 ~ 8 horas, o fator replay se torna interessante na modalidade em conseguir terminar tal fase em menos tempo, tipo time trial mesmo.

Não há inventário ou itens pelo jogo – é possível pegar algumas armas e dar alguns tiros, mas só – e há apenas um “puzzle” no jogo que é achar 30 maletas escondidas, com 3 em cada fase. Pra quem gosta de explorar é uma boa pedida.

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A arte em Mirror’s Edge (Screenshot de Divulgação)

Project Icarus

O jogo desliza algumas vezes? Sinceramente, bem pouco.
Pra quem busca um pouco mais de ação/FPS pode se decepcionar, já que não há NADA de Battlefield aqui.

Como já dito, os combates e tiroteios são totalmente dispensáveis  – a não ser alguns que estão dentro do contexto da trama – e pode ser frustrante você analisar a IA dos inimigos, já que eles atiram numa mínima fresta que você aparece, dificilmente dão as costas para você e outras ações nada-humanas. *Sem contar a pouca variação de aparência*.

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A arte em Mirror’s Edge (Screenshot de Divulgação)

Outra coisa que pode parecer um “problema” – mas na verdade é o “não foco” – é na quantidade de interação com o mundo. O game resume em chutar portas, apertar botões de elevadores e girar manche para desativar alguma coisa.

Mais uma coisa, mas que na verdade não podemos cobrar algo de um jogo de 2008 é quanto a cidade. Mesmo no meio das ruas, a solidão permeia e quando entramos nos prédios então? Só há inimigos… Que raios de cidade é essa que ninguém trabalha? 😛

Talvez estes são problemas limitados pela época que o jogo foi lançado – mas até que não acredito muito nisso não – ou simplesmente são coisas que não quiseram adicionar, para justamente termos uma imersão maior com a personagem e não perdermos a atenção em nosso caminho.

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A arte em Mirror’s Edge (Screenshot de Divulgação)

Faça Seu Caminho

Boa história, mecânica envolvente e apresentando um modelo de jogo inovador, são as principais características de Mirror’s Edge.

Numa segunda camada, temos uma campanha totalmente orgânica, onde num modelo de plataforma, devemos seguir nossas intuições para achar o melhor jeito de fugir de um local e acreditar que podemos pular de um lugar ao outro.

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Os “Runners” de Mirror’s Edge (Imagem Divulgação)

Na questão visual, ele é impecável até nos dias de hoje. Não se acanhe com o cenário todo “quadrado”, ele é impecável de seu jeito, de seu jeito blocado de ser.

Além disso, temos uma recompensa visual e animada após  completar cada capítulo, com um trabalho de animação 2D em “flash” bem bacana!

Mirror’s Edge é a frente de seu tempo e aguardemos então sua continuação ansiosamente!

REVIEW
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BELLAN
O #BELLAN é um nerd assíduo e extremamente sistemático com o que assiste ou lê; ele vai querer terminar mesmo sendo a pior coisa do mundo. Bizarrices, experimentalismo e obras soturnas, é com ele mesmo.
mirrors-edge-reviewMirror's Edge coloca os jogadores no controle da heroína Faith, uma "traceuse" que deve lutar contra um governo opressivo em um mundo minimalista e estéril. "Traceuse" é o nome que se dá a mulher que pratica o Parkour, uma atividade com o princípio de se mover de um ponto para outro da maneira mais rápida e eficiente possível, usando principalmente as habilidades do corpo humano. Elementos do cenário são constantemente usados por Faith para se locomover com fluidez e velocidade, e em meio a esta jornada pela metrópole ela deverá enfrentar as forças inimigas, sendo possível deixá-los comendo poeira enquanto os contorna, desarmando-os e seguindo seu rumo.