Conversamos com a Mirela Pizani, profissional que já esteve no teatro, TV e agora no YouTube como gamer. Nessa conversa, ela nos contou um pouco sobre sua trajetória profissional e com os games antes e durante a pandemia.
Esse período horrível que a gente ainda está vivendo resgatou em mim uma paixão há muito tempo adormecida. Eu jogava por diversão, de forma totalmente amadora. Fazer disso parte do meu trabalho foi uma superação pessoal incrível, e me trouxe ainda mais inspiração para criar a primeira websérie do canal.
Quem é Mirela Pizani?
Uma atriz que cresceu no teatro e se encontrou, depois de muito tempo, no YouTube.
Antes de começar a produzir conteúdo sobre games você chegou a trabalhar com novelas e também webséries. Conte um pouco sobre essas experiências e como elas ajudaram no processo de criar seu canal no YouTube.
Meu último trabalho pra TV foi em 2018, na série “1 contra todos” da Fox. Eu tinha perfil para o papel e fui procurada pela produção, que já me conhecia de outros trabalhos.
A websérie Esconderijo veio um pouco antes, em 2017, e para esse projeto eu fiz teste, assim como outras atrizes. Quando eu ganhei o papel e comecei a preparação para as gravações, passei a olhar para o YouTube como uma possibilidade real para criação de conteúdo independente, mas ainda no campo da dramaturgia. Não me via fazendo vlogs e, muito menos, jogando. Pensava em ter um canal dentro do meu nicho de trabalho.
Depois de muita insistência do meu namorado (o YouTuber Bruno Correa), decidi quebrar essa barreira e apostar em um formato totalmente novo pra mim. Em janeiro de 2019 nasceu o “Canalzinho”. O conteúdo ia desde vlogs aleatórios até assuntos mais sérios, como o quadro “Vamos falar sobre”.
A fase gamer é muito recente, surgiu na pandemia. Sem poder sair de casa e com a equipe extremamente reduzida (que inviabiliza a criação de alguns conteúdos), optei por dividir com o público uma paixão da infância: os games. Deu super certo, fiquei por muito tempo focada apenas nos jogos. Hoje o canal já voltou com alguns vídeos no formato antigo, mas as lives continuam.
Como começou sua relação com os games?
Quando criança eu ganhei um Super Nintendo. Eu passava horas na locadora com as minhas vizinhas escolhendo o próximo título que iríamos zerar. A gente virava noite jogando Super Mario, Donkey Kong, Street Fighter. Na minha rua só uma pessoa tinha o PS1 e nos finais de semana a gente se reunia para jogar Tomb Raider e ficar admirando os gráficos, que na época eram incríveis! Detalhe que já existia o PS2, mas ninguém do meu bairro tinha essa riqueza rs.
Quais profissionais da indústria de games mais te influenciam a seguir na carreira?
Meu namorado começou no YouTube há mais de 10 anos falando sobre games. Ele é um apaixonado por esse universo e é minha grande inspiração. O Bruno é meu “Google” pra tudo que preciso saber sobre qualquer título.
Durante a quarentena vimos várias histórias emocionantes sobre os games na vida das pessoas e serviu de inspiração para a criação da série Game Over. Conta um pouco sobre a concepção da ideia?
Em uma madrugada conversando com uma amiga, falamos sobre jogos e sobre a última série que havia assistido, “Alice in Borderland”. Conversamos durante horas sobre a possibilidade de criar algo inspirado nisso, mas claro, com a limitação de ser um projeto totalmente independente e no meio de uma pandemia. Poucos dias depois decidimos apostar nessa loucura de produzir uma série sem nenhum outro ator presente em tempo real, e com uma equipe extremamente reduzida.
Quinze dias depois já tínhamos a primeira versão do roteiro escrito por Adriana Paulini Leão (a amiga corajosa que topou a aventura) e Léo Surcin, e também a parceria fechada com duas produtoras de São Paulo: a Ventu Filmes e a AtuaCena.
Você tem alguma história para compartilhar sobre games e você na pandemia?
Esse período horrível que a gente ainda está vivendo resgatou em mim uma paixão há muito tempo adormecida. Eu jogava por diversão, de forma totalmente amadora. Fazer disso parte do meu trabalho foi uma superação pessoal incrível, e me trouxe ainda mais inspiração para criar a primeira websérie do canal.
Qual game você teve mais prazer de streamar e qual mais tem vontade de trazer para seus fãs?
Eu me envolvo muito com as histórias. “Detroit: Become Human” foi o último que fizemos e acredito que até o momento tenha sido meu favorito. Tenho vontade de fazer “Until Dawn”, apesar de ser um título de 2015, é um dos mais pedidos pelo meu público.
Você traz vários games com protagonistas femininas fortes. Mesmo com histórias muito bem estruturadas isso não impede de pessoas criticarem de forma preconceituosa a existência delas. Como você enxerga isso e como luta contra?
Eu nunca tive que lidar com esse tipo de comentário. Acredito que se algum dia acontecer, minha primeira atitude será parar o jogo e ter uma conversa franca com o público. É inadmissível essa postura nos dias de hoje, com tanto acesso à informação.
Quais seus próximos passos dentro e fora da indústria de games?
Teremos muitas novidades em breve! Meu canal no YouTube está passando por algumas reestruturações, voltando com conteúdos antigos e apostando também em dramaturgia. Já as lives estarão também em outra plataforma (estamos na fase final das negociações).