MARS RED traz releitura interessante de Salomé – tragédia em um ato de Oscar Wilde – nessa Temporada de Primavera 2021. Disponível na Funimation, o clássico teatral do autor irlandês toma nova face na produção do estúdio SIGNAL.MD ao reinterpretar a obra sob a ótica do período Taisho.
A adaptação do mangá homônimo de Kemuri Karakara desenrola-se no início do verão japonês de 1923, cinco anos depois da Guerra Europeia, e traz não só a verossimilhança com o contexto político-social do Japão dessa época, mas também a releitura de Salomé com um novo elemento incluso: os vampiros.
Somos apresentados a seis personagens durante a narrativa; o homem de poucas palavras, major Maeda Yoshinobu, o soldado tagarela Moriyama, a atriz vampira Misaki, o tenente-general Nakajima, o misterioso ator do teatro imperial, Defrott e a carismática jornalista Aoi Shirase.
É interligando as relações desses personagens, especificamente entre o major Maeda e a atriz Misaki, que a narrativa reinterpreta de forma interessante a tragédia em um ato de Wilde. Num misto de interpretações teatrais onde Misaki torna-se Salomé e Maeda o profeta Iokanaan, MARS RED usa-se da narrativa teatral para apresentar tanto a releitura do clássico teatral como a história dos dois personagens da animação.
Em meio a toda essa construção narrativa-teatral, temos vários enquadramentos cinematográficos que vão desde um plano de estabelecimento – a identificação de um local onde a cena irá se passar – até o close-up extremo, focando nos olhos e no estigma desenhado na língua da Misaki, e tudo isso acompanhado de uma bela e virtuosa trilha sonora.
MARS RED abre e encerra o primeiro episódio deixando questões a serem respondidas. Qual o mistério circula por volta de Defrott? Quem são os membros da unidade Code Zero? Quem mordeu a atriz Misaki?
Desse modo, essas e outras questões levantadas se bem respondidas, podem enriquecer toda a narrativa construída evitando assim que tudo vá por água abaixo.