Listeners é um anime original do estúdio MAPPA, mesmo de Dorohedoro e Dororo. Foi lançado na Temporada de Primavera 2020, em abril, e terminou em junho, com 12 episódios ao todo. É um anime de ação e ficção científica, com mechas e música.
A direção ficou por conta de Andou Hiroaki, que dirigiu Ajin e Gambo. A criação foi feita em conjunto por 3 mentes: Jin, Dai Satou e Hashimoto Taichi, que já trabalharam com animes de diversas formas, seja compondo a trilha ou roteirizando.
Música como forma de luta
A história da animação é sobre um mundo onde o conceito de música que conhecemos não existe. A música é trabalhada como uma forma de poder para lutar.
Existe os chamados “Players”, muito parecidos com humanos comuns, mas com a diferença de possuírem um plug em seu corpo. E há seus Equipamentos, que são amplificadores.
Esses Players se conectam com os Equipamentos através desse plug de áudio. Ao se conectarem, seus Equipamentos se transformam em robôs gigantes e juntos lutam contra os inimigos com o poder da música.
Os inimigos são chamados de “Sem Ouvido”. Suas formas não são humanas, sendo sombras escuras, sem rosto, mas com partes que se assemelham a pernas e braços. Eles são bem grandes e destroem tudo o que veem pela frente. Aparecem do nada, causando terror nas cidades.
No começo de Listeners, somos apresentados ao protagonista Echo. Um jovem que vive em Liverchester, uma cidade esquecida, servindo apenas de lixão para outras maiores. Ele é um coletor e é pago para procurar itens que podem ser valiosos no meio de todo o lixo.
Echo é muito fã dos Players, já devorou a única revista que conseguiu encontrar sobre o tema, sabe tudo de cor e construiu o próprio Equipamento. E como um sonho que se torna realidade, ele acaba encontrando uma Player desacordada entre os descartes.
É nesse momento que conhecemos a segunda protagonista da história, Mu, como Echo a apelida. Ela não possui memórias de seu passado e não sabe quem é.
Juntos, eles decidem embarcar em uma aventura. Echo vai viver a vida que sempre desejou ao lado de uma Player e Mu tentará descobrir quem é e seu propósito no mundo.
Premissa Original
Assim como citei no primeiro gole do anime, Listeners tinha grandes chances de se tornar um anime marcante, mas após assistir aos 12 episódios, imagino que ficará no esquecimento dessa temporada.
Mas antes de falar dos pontos negativos, vamos conversar sobre os positivos. Primeiro sobre a premissa. Realmente conseguiram criar algo mais original possível, afinal nada é 100% original hoje em dia. O universo é muito interessante, sendo uma mistura bem executada de futurismo com elementos do passado.
O design dos personagens também é algo a se destacar. Não somente a aparência de alguns personagens que são diferenciadas, seja no formato do olho que foge do convencional ou cabelos com cortes malucos, mas também as vestimentas. Elas simbolizam muito o ambiente em que cada personagem vive, sendo mais fácil identificar de qual contexto cada um veio.
A animação em si é bem normal, com poucos deslizes. Era mais fácil encontrar um personagem torto ou “mal desenhado” em uma cena simples, de conversa, do que em uma batalha.
O ponto alto para fãs de música ao assistir Listeners é pegar as referências. Fizeram um ótimo trabalho em espalhar pequenas dicas ou até aquelas que ficam escancaradas, mas foi muito divertido ficar procurando por elas durante as cenas. Posso citar algumas como personagens inspirados no visual de Sid Vicious e John Lydon, outros com nomes de famosos, como a Janis (Joplin), mas há também o logo de uma organização que se assemelha ao logo do The Who e pôsteres com a fonte de “My Magical Mytery Tour”, dos Beatles.
Falando da música, a trilha instrumental fez um ótimo trabalho durante as cenas, sendo bastante marcante, mas não parecia muito extensa. A música de abertura é bem animada e traz mais emoção que o anime todo. É cantada pela ACCAMER e se chama “Into the Blue’s”. A Rie Takanashi canta o encerramento, “Muse”, que é mais lento e dá uma sensação de esperança.
Roteiro nem tão cativante assim…
Mesmo com esses pontos positivos que realmente são um diferencial, o roteiro não cativa o espectador. Logo no começo do anime, a história começa a se perder, tornando-se maçante e cansativa de acompanhar. Depois do 9º episódio, tudo começa a ficar confuso, dando até a impressão de ter pulado alguns episódios, como se faltasse informação. Além disso, as explicações não explicam bem e, em vez de esclarecer todos os mistérios, dá um nó na cabeça, ainda mais quando tentam falar “bonito”, mais filosófico.
Listeners tem alguns plot twists, mas são bastante previsíveis ou sem graça alguma. Não empolgam em nada, deixando o espectador cada vez mais frustrado.
Isso sem falar dos personagens. Os protagonistas não são carismáticos, sendo bastante irritante em vários momentos por suas atitudes imprudentes. Já os demais, se não fosse o design diferenciado, seriam totalmente esquecíveis. Em alguns momentos temos que forçar a memória para tentar lembrar quem é aquele personagem e em que momento apareceu.
Os inimigos, além dos Sem Ouvido, são fracos, pouco memoráveis e vazios, sem ambição. Fora que as relações entre eles são bastante rasas, sendo até bobo quando usam a palavra “amigo”, por exemplo. Não faz sentido terem tanto apreço pelo outro, como se conhecessem há muito tempo, sendo que deu a impressão de que mal tiveram contato. É quase impossível ter algum apego aos personagens, seja quais forem. As partes tristes não comovem, as felizes não animam e os momentos tensos não nos deixam apreensivos.
Os dois últimos episódios terminam com chave de bronze mesmo, deixando questões sem explicação, só para tentar emocionar o público e criar um momento bonito. Mesmo com a situação grave do final, não dá vontade de torcer pelos personagens e nem traz muita emoção. É aquele famoso “tanto faz”. Os diálogos finais são bastante expositivos, teria sido melhor mostrar o que aconteceu em vez de falar, como se fossem robôs.
Resumindo, não é um anime que vai te fazer se apaixonar e ficar maravilhado com a história. Obviamente cada um tem gostos diferentes, mas Listeners é mais para aqueles menos exigentes ou muito fãs de música que adoram referências.