Uma estreia chamativa em tempo recorde, venha saber mais do anime que menos tinha cara de causar treta, mas que causou treta pela cara. Ele é bonito? Ele é feio? Ele é bacana? Vem de gole com mais um anime da Temporada de Inverno 2020.
FAZENDO ANIMES
Já tem um tempinho desde que os animes resolveram seguir uma tendência meio Inception e criar um gênero de animes que falam sobre fazer animes. Confuso? Vamos tentar de novo. Se você prestar atenção em títulos como Animegataris, Comic Girls, ou Oreimo, há aí uma certa quantidade de produções que colocam o próprio trabalho gigantesco que envolve toda a criação da cultura pop japonesa como o alvo de suas histórias. E Keep Your Hands Off Ezouken parece ser um título que irá colocar esse gênero recente num patamar ainda maior.
FAZENDO MUNDOS
A história de Midori Asakusa é a de uma menina onde mundos explodem e expandem dentro de sua cabeça. Assim como muitos de nós que crescemos e nos encantamos vendo anime, há um plus no caso da sonhadora: ideias vem aos montes; seu caderno de rascunhos está cheio de cenários, portas, passagens secretas, caminhos.
Diferente de quem apenas assistia as animações e reagia a elas (eu e meus 20 pontos negativos de criatividade na ficha com certeza estão nessa categoria), Midori é aquela pessoa que talvez você conheça que mexe com arte. Aquela artista, aquela designer, que tem cada trabalho feito que você pense, “putz, eu nunca chegaria a esse nível!”. E sim, tem sim muito esforço envolvido, assim como Midori é também uma aspirante a diretora, capaz de dissecar cada frame de uma animação explicando cada truque da equipe de animação, como um Mr. M que explica os segredos por trás de suas mágicas.
FAZENDO PERSONAGENS
Um mundo simplesmente não consegue viver por si só. É preciso que tenha algo ou alguém vivendo nele para que haja aí uma história a ser contada. E o que não faltam são pessoas que criam heróis, vilões, guerreiros e guerreiras, viajantes e todo o tipo de pessoa imaginável pra todo tipo de roteiro. É pra isso que Keep Your Hands Off Eizouken apresenta Tsubame Mizusaki, filha de atores famosos, a aluna bela e popular não quer seguir a carreira dos pais.
Sua paixão é criar personagens, criar conceitos, movimentos e tudo o que um trabalho em animação requer. O encontro bagunçado com Midori foi a fome com a vontade de comer. O que mais falta?
FAZENDO… DINHEIRO?!
Muita gente torce o nariz para essa palavra: dinheiro. Investimento então? Eca, coisa de burguês safado! Mas por algum motivo, os japoneses não têm o menor pudor de serem francos nesse sentido; se você tem um projeto, você tem que vende-lo se pretende ter algum sucesso e botar aquilo pra funcionar.
Kanamori é a personagem que encarna o espírito do porco capitalista (ignorem meu deboche) e que empurra Midori e Tsubame pra botarem a mão na massa, pois ela consegue enxergar que o talento das duas e seu entusiasmo com a animação tem futuro. Mas por que ela resolveu ser amiga de uma menina tão introvertida e isolada como a Midori em primeiro lugar? Apenas pra ganhar dinheiro em cima dela?
Por favor, não sejamos simplistas. O anime dirá.
Kanamori é também a cara do grupo. A primeira careta a aparecer na abertura ridiculamente viciante do anime, que já lembrou alguns de certos personagens de Bleach. Seu design é tosco? Vale a pena embarcar nessa senda? Talvez. Mas isso é papo pra Review. Voltemos à vaca fria.
UM SHOW DE CARISMA
Desde a abertura até os momentos onde as imaginações fluem ou das animações em rabiscos até os efeitos sonoros feitos pelas dubladoras, percebemos que Keep Your Hands Off Eizouken não quer poupar esforços em conquistar todo mundo que cresceu vendo anime ou que simplesmente gosta muito do negócio. Outro destaque fica para sua trilha sonora que por vezes lembra até FLCL.
Com a direção de Masaaki Yuasa (de Devilman Crybaby, um dos maiores sucessos dos últimos anos) o trio Midori, Tsubame e Kanamori promete começar 2020 com peso! Que não nos esqueçamos desse anime em 2029 da próxima vez que pensarmos no próximo anime da década. Ter memória faz bem!