O Suco Entrevista desta semana é com o autor da OCB Saga – Flores de Sangue, Jeffrey Haiduk.
Além de ser escritor, também atua como ilustrador e cosplayer e claro, vamos abordar todas estas questões em nossa entrevista.
Como adendo, colocarei a sinopse do livro Flores de Sangue abaixo e quem se interessar e querer comprar, só entrar em contato com a página no facebook.
Sinopse: Gabriel Collins é um detetive policial da cidade de Hagard que possui habilidades mágicas e as usa no cumprimento de seu dever, combatendo o crime nas ruas. Com a ajuda de sua irmã, Ashley Collins, eles descobrem uma organização criminosa que comercializa uma estranha droga chamada “egonil”. Tal substância aparentemente induz pessoas comuns a fazerem uso de magia, tornando-as perigosas e letais. Isso fica ainda mais evidente ao enfrentarem o responsável pelo transporte da droga, um assassino chamado Klaus, dono de mortíferos poderes sombrios. Eles são descobertos por uma agência policial secreta chamada VELVET, especializada em combater crimes cometidos mediante o uso de magia. Através dessa agência, eles descobrem não apenas que esse tipo de crime é mais comum do que se imagina, como também que a tal organização criminosa é apenas a ponta do iceberg, pois existem investidores poderosos que financiam o comércio da misteriosa droga.
“A magia ao alcance de todos. Para o bem e para o mal”
Jeff por Jeff. Apresente-se pra gente!
Olá a todos! Meu nome é Jeffrey Haiduk, conhecido também como Jeff Duck. Sou escritor, ilustrador e cosplayer e, praticamente, todas as minhas atividades são interligadas direta ou indiretamente.
Desenho desde os 3 anos de idade (ou seja, são 36 anos praticando), faço cosplay desde 2001 (especialmente personagens de videogame, de preferência, os vilões) e me tornei escritor oficialmente em 2011 com o lançamento de meu livro “Flores de Sangue”.
De onde surgiu a ideia de escrever um livro?
Surgiu pouco tempo depois que comecei a fazer cosplay. Eu conheci uma amiga chamada Bianca, que fazia cosplay dos personagens de seus próprios fanzines.
Eu gostei muito da ideia e lancei uma proposta em 2004 no Fórum Cosplay Brasil (na época a maior comunidade de cosplayers do Brasil), onde pedi que os membros do fórum me enviassem uma descrição e um histórico de um personagem baseado em si mesmo. Feito isso, eu fazia uma ilustração baseada na descrição enviada pela pessoa e ela deveria fazer o cosplay do personagem criado.
Dois anos depois, muitos personagens já haviam “ganhado vida” sob a forma de cosplays lindos e mais membros do fórum se interessaram a participar. Foi quando eu decidi criar um conto em forma de série, onde eu postava os capítulos no fórum toda sexta-feira.
Após 17 capítulos, o pessoal se animou muito e me perguntou porque eu não publicava aquela série. Então, comecei a ler mais livros para aprender novas formas de escrever, afinal, eu acabei sem querer tendo minha primeira experiência amadora muito bem recebida.
Após mais alguns anos de leitura, esforço e organização da história, selecionei os personagens e o roteiro ideal para dar início à série OCB Saga e, assim, o livro “Flores de Sangue” foi publicado.
Quais as maiores influencias para criar a historia?
Vieram de duas obras literárias. A primeira foi Harry Potter, pois fiquei fascinado com a forma com que a autora J.K. Rowling escrevia, a ponto de fazer um filme passar na minha cabeça com a descrição das cenas.
A segunda foi a trilogia Millenium, do autor sueco Stieg Larsson, uma leitura mais adulta, pesada e violenta, mas extremamente detalhada e para ser digerida com muita atenção. Lidas essas duas séries, eu decidi que OCB Saga deveria ter a mesma facilidade de leitura de Harry Potter e o nível de teor adulto e informativo de Millenium.
Houve algum momento que você enfrentou desafios com o livro?
Vários deles. A começar, a busca por editoras para publicá-lo. Infelizmente, eu não consegui publicar por nenhuma editora devido à ausência de recursos financeiros na época, de forma que eu decidi publicar por conta própria, como autor independente. Através da livraria Comix, eu consegui um contato com uma ótima gráfica e banquei do próprio bolso a impressão dos 1060 exemplares do livro.
Atualmente só tenho mais 7 exemplares em casa, pois fui vendendo-os de 2011 pra cá. E enfrentei obstáculos bem incômodos, como uma greve dos Correios que arruinou minhas vendas. Ou seja, de 2011 pra cá, não parei de correr com o livro.
Como é seu processo de produção?
O livro é todo escrito à mão primeiro. Eu já tentei escrever diretamente no computador, mas não consigo ter a mesma liberdade criativa de quando escrevo à mão. Assim, eu erro, erro, erro até acertar. E mesmo alguns erros ficam lá, preservados, pois eles podem ser úteis posteriormente (e não são simplesmente “deletados” e perdidos pra sempre.
Uma boa caneca de café também sempre fica por perto e eu também não consigo escrever com o ambiente em silêncio. É extremamente necessário que esteja rolando música, senão meu cérebro não liga.
Quanto a escrever, enquanto estou no caderno, pode ser literalmente em qualquer lugar: na mesa, no sofá, na cama… algumas vezes até no trabalho. Já na hora da digitação, é no PC mesmo, não dá pra fugir disso (embora já tenha usado o notebook e escrito em cafeterias e restaurantes).
Quais suas maiores inspirações?
Todas as minhas ideias vêm da música. Inspirações para nomes, enredos, diálogos, até personagens, tudo acaba surgindo da inspiração que a música me traz.
Como sou incapaz de cantar ou de tocar qualquer instrumento, escrever e desenhar é a minha forma de levar a música às pessoas.
Como cosplayer: qual foi seu primeiro cosplay, e porque?
Foi o personagem Ryuji Yamazaki, de The King of Fighters 97, que eu fiz em 2001. Eu já conhecia o hobby através de amigos que praticavam e de publicações da época, como a revista Animax.
Foi também a primeira vez que descolori o cabelo, pois minha mãe era cabeleireira e adorou a ideia. O Yamazaki foi uma escolha baseada especialmente no meu tipo físico e aparência, o que acabou sendo o primeiro de vários vilões que interpretei posteriormente.
Qual foi seu cosplay mais marcante/importante?
Foi o vilão Kefka Palazzo, do game Final Fantasy 6. Além de eu considerá-lo um dos melhores vilões já criados, me fascinava a ideia de interpretá-lo no palco representando toda a sua insanidade.
Também foi o personagem que eu fiz o que eu considero minha melhor atuação no palco, na final do WCS de 2009. Carregarei pra sempre esse personagem e essa apresentação no coração.
Em sua opinião, quais foram as mudanças no cenário cosplay que você mais mais sentiu diferença atualmente?
Eu tenho percebido que os “cos” estão cada vez mais bonitos e caprichados. O nível de dificuldade e de detalhes e capricho tem se tornado cada vez mais incríveis e parece que não existe mais um “cosplay impossível”, pois sempre há quem surpreenda com algo de fazer cair o queixo.
Em contrapartida, os “plays” não têm me agradado mais. Vai parecer papo de velho, mas eu vim de uma época onde, por tudo ser mais difícil, eu via os grandes cosplayers se entregando com mais paixão ao personagem, a ponto de nos emocionar, nos encantar, nos fazer acreditar que aquilo que víamos no palco era o próprio personagem, ou até mesmo, uma versão melhorada dele.
E eu não vejo mais isso nas apresentações atuais. Na minha opinião, os cosplayers hoje estão vestindo o cosplay, e não mais vestindo o personagem. Apenas vejos apresentações com efeitos especiais, algunas canções, alguma coreografia, mas não vejo paixão.
Obviamente isso não é uma regra geral, pois ocasionalmente surge uma ou duas apresentações que me surpreendem de fato. Mas, considerando que antigamente várias apresentações me impressionavam, eu considero uma queda muito brusca de qualidade.
Se pudesse ter um super-poder, qual seria?
Parar o tempo. Sem dúvida, seria meu sonho de super-poder. E seria extremamente útil pro meu trabalho.
Lembra-se da primeira história que ouviu e do primeiro livro que ganhou?
A primeira história que ouvi foi uma que moldou meu caráter como pessoa: “O Patinho Feio”. Me ensinou a não deixar ninguém me subestimar, pois no momento certo, eu mostraria quem eu era de verdade.
E o primeiro livro que ganhei foi “Moby Dick”, pois sempre fui apaixonado por aventuras no mar, navios e baleias.
Já teve contato com as lendas, desenhos e animações nipônicas?
Na verdade, eu sou muito tímido quando se refere a encontrar pessoas famosas. Já estive na CCXP onde alguns dos meus ídolos estiveram, como Don Rosa, que escreveu algumas das melhores histórias da Família Pato da Disney.
Mas eu sou incapaz de me aproximar, puxar conversa, sei lá, tenho medo mesmo. Me contento em ver de longe e saber que aquela pessoa criou as obras que fizeram a minha vida mais alegre e divertida.
Pode nos falar de seus projetos futuros e do que vem por aí em 2016?
Este ano estou trabalhando no lançamento do segundo livro de OCB Saga, “Coração de Aço” e na reedição de “Flores de Sangue”, agora com uma revisão mais criteriosa e com os erros da primeira edição eliminada.
Além disso, os dois livros também terão seus lançamentos via digital também.