‘Incompatível com a vida’ se refere* a um termo médico que denomina o diagnóstico pré-natal de malformação congênita. Isso implica na morte do feto ainda no útero ou após o parto.

Sendo assim, o documentário de Eliza Capai conta a história pessoal da documentarista. Além disso, traz relatos de outras mulheres que tiveram a mesma experiência durante a gestação. Neles, os filhos das entrevistadas sofreram com Anencefalia, a má formação e até ausência do cérebro.

Segundo a Câmara dos Deputados, cerca de 1% dos fetos consegue viver por três meses, outras crianças podem chegar a dez meses e, algumas, podem viver até um ano e dois meses. Mas, a maioria infelizmente não chega ao parto com vida. 

Sobre o que é Incompatível com a Vida 

Incompatível com a Vida é um documentário que apresenta um tópico extremamente sensível. Por isso, é necessária extrema cautela do público. 

A obra conta a história de diversas mulheres, desde o início até o fim da gravidez junto ao diagnóstico. Assim, apresenta de forma comovente todo o processo de gestação, luto e aceitação.

Também representa o quanto a política pública de saúde é importante e tem grande impacto durante esse processo. Afinal, nesses casos algumas mulheres precisam seguir com o aborto — ainda não legalizado no Brasil —, pois de acordo com o diagnóstico, a criança não nascerá com vida. Com isso, manter a gestação causa um grande risco à mãe. 

Com uma excelente trilha sonora nacional feita por Décio 7 com participação especial de Juçara Marçal, a forma que o documentário foi desenvolvido insere o público na história de cada entrevista. É possível sentir angústia, medo e dor em cada cena, fala e expressão. 

Assim, Eliza pensou na importância de inserir imagens caseiras da sua vida pessoal. Com elas,  pode acompanhar cada detalhe e pensamento do seu processo pessoal, algumas vezes representadas por imagens de oceanos e paisagens que ilustram muito bem a narrativa.

Além disso, uma das entrevistadas cita que é necessário lidar e conviver com a dor da perda, pois diversas mulheres experienciam de várias formas. Por exemplo, com a perda de seus filhos durante a vida ou mesmo por outras doenças e circunstâncias. Dessa forma, ela diz aceitar o ocorrido pois é uma experiência comum na vida de muitas mulheres. 

O assunto tratado no documentário ainda é tabu na sociedade, por envolver aborto e a luta das mulheres dentro dessas circunstâncias. Visto que, para seguir de forma legal com o processo, o sistema de saúde ainda tem muito empecilhos. Dessa forma, algumas mulheres são obrigadas a seguir ilegalmente, o que pode causar a morte da própria mulher durante o processo. 

Conclusão

Incompatível com a Vida 
Imagem Divulgação

Incompatível com a Vida recebe a nota 5, pois foi feita de forma majestosa e conta com um assunto de extrema importância. Inclusive, assunto que deve ter maior visibilidade dentro da sociedade, pois se trata de vidas, tanto das entrevistadas quanto dos filhos que perderam para o diagnóstico. Também, é de extrema importância que todos tenham ciência das dificuldades que tantas mulheres vivem ao redor do mundo. 


* Portal Lunetas

REVIEW
Incompatível com a Vida 
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Juliane Gama
Nasci e moro em São paulo, e estou no último ano do bacharel de Jornalismo. Ja estagiei na rádio da faculdade e adoro falar e escrever sobre filmes, séries e livros, especialmente os que abordam análises psicológicas e comportamentais. Nas horas vagas tô tomando um sol com meus doguinhos ou maratonando conteúdos sobre true crime.
incompativel-com-a-vida-reviewIncompatível com a Vida é um longa-metragem documental brasileiro dirigido por Eliza Capai que reflete sobre vivências da maternidade. Quando descobriu a gravidez, a cineasta decidiu registrar diversos vídeos no período de sua gestação. Porém, algum tempo depois, o feto foi diagnosticado com uma má formação “incompatível com a vida”. Com a descoberta, o projeto de Capai tomou um novo rumo: partindo dos registros de sua própria gravidez, a diretora acompanhou os relatos de outras mulheres que compartilharam de experiências parecidas com as dela, trazendo temas como vida, morte e políticas públicas. Selecionado para o Festival do Rio de 2023.