Arcos históricos em filmes hollywoodianos requer uma certa suspensão de descrença baseada na história real. A lista é vasta e a qualidade é mediana, de filmes mais próximos à realidade à um mero filme de ação, sempre divide opiniões diante ao público.

Dessa vez pode-se colocar mais um filme histórico que peca em seu padrão, mas que impacta de outras formas, Duas Rainhas traz um dos grandes marcos da história britânica, destaca símbolos femininos e explora mais arcos políticos do que batalhas campais, saindo da jornada do herói e mergulhando em um belo drama.

Duas atuações excepcionais

Margot Robbie é uma certeza de Hollywood a muito tempo, seu nome estar em um pôster ou em um trailer já enche os olhos das pessoas ao lembrar de talento e beleza, no desastre que foi Esquadrão Suicida, a mesma foi a mais elogiada e virou símbolo para fantasia de halloween e cosplayers em eventos, em Duas Rainhas ela só mantém seu padrão alto, atuação e beleza incontestáveis, ver Margot Robbie como rainha Elizabeth l é um deleite aos olhos de qualquer fã da atriz e para admiradores em geral. Mas antes fosse ela ser o maior destaque, dessa vez dividiu tela com alguém que esteve à altura pelos mesmos motivos.

Saoirse Ronan, a nossa querida Lady Bird, mostrou que consegue ser uma atriz do mesmo tamanho, mesmo não sendo exaltada como tal, não só em beleza como em atuação, atuou como a rainha Mary, representando a Escócia, batendo de frente com a rainha Elizabeth l, Margot e Saoirse em tela foi uma experiência sensacional e digna de aplausos, isso que é a grande base do filme também se torna um problema.

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Saoirse Ronan em Duas Rainhas (Imagem Divulgação)

Jogo dos Tronos entre duas rainhas

O roteiro utiliza o momento histórico do confronto entre as duas rainhas, algo muito mais destacado em diálogos e símbolos fortes para o feminismo, com discussões afiadas e o velho padrão orgulhoso e arrogante de gente da realeza, isso só fortalece muito mais essa adaptação cinematográfica da história, um arco político que é construído de forma mais lenta e arrastada, ou seja, para os fãs das velhas batalhas medievais, será um desapontamento, pois no filme existe uma fagulha de batalha que não termina em nada, então isso pode afastar os acostumados a confrontos de espadas e chuvas de flechas.

Mesmo assim por ser apenas arco político, o tipo arrastado vai fazer com que muitos se percam na história e se incomode com o filme, rotulá-lo de monótono não é uma injustiça, pois uma falta de atenção, o filme todo é desperdiçado e colocado como mais um filme ruim de história, isso pode e deve se concretizar, porém fazer isso é melhor do que transformar em um filme blockbuster raso e de arco repetitivo.

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Margot Robbie em Duas Rainhas (Imagem Divulgação)

O Poder das Mulheres

Infelizmente esse filme terá inúmeros rótulos injustos, como dito antes, chamar de um filme chato não é exagero, muitos vão colocá-lo como “lacrador”, o que ele é de fato, mas como fizeram com Capitã Marvel, usar a bandeira do feminismo para defender um filme fraco chega a insultar de certa forma o que é o feminismo.

Agora em Duas Rainhas, o feminismo está muito mais presente do que um mero filme estilo jornada do herói, trazendo um roteiro impecável, casando com fotografia e figurinos excelentes, e ainda sendo agraciado com grandes atuações, sem esquecer das protagonistas fortes, com personalidade egocêntrica que destacam-se em momentos da história, para fugir dos cavaleiros templários e homens bárbaros, temos algo além da linha de frente de um exército, temos as realezas em pessoas, duas grandes mulheres duas rainhas que brilharam pelas divindades de Robbie e Ronan.

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Força do Diálogo

Esse filme é para poucos, claramente uma obra de arte e lição de vida para as mulheres, uma produção cinematográfica maravilhosa e uma aula de história para todos, deixando de lado as batalhas sangrentas e mostrando a força do diálogo para evitar guerras desnecessárias, Duas Rainhas precisa ser assistido e colocado como uma cinebiografia de dois grandes símbolos que inspiram mulheres até hoje.

Protagonizado por duas grandes atrizes que servem de inspiração para mulheres no mundo inteiro, isso é um pensamento utópico, pois mais um filme desse padrões cairão no esquecimento, por rótulos banais e por bilheterias em filmes de tela verde, que cada vez mais omitem essas produções.

REVIEW
Duas Rainhas
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Baraldi
Editor, escritor, gamer e cinéfilo, aquele que troca sombra e água fresca por Netflix e x-burger. De boísta total sobre filmes e quadrinhos, pois nerd que é nerd, não recusa filme ruim. Vida longa e próspera e que a força esteja com vocês.
duas-rainhas-reviewCom direção de Josie Rourke, “Duas Rainhas” – produção indicada ao Oscar – traz Saoirse Ronan e Margot Robbie como Mary Stuart e Elizabeth I. Com distribuição da Universal Pictures, a produção explora a vida turbulenta de Mary Stuart. Rainha da França aos 16 anos e viúva aos 18, Mary luta contra a pressão de se casar novamente e, em vez disso, decide retornar ao seu país de origem para recuperar seu trono que está sob comando de Elizabeth I. Determinada, Mary afirma sua reinvindidação de governar a Inglaterra ameaçando a soberania de Elizabeth. O roteiro de Beau Willimon, de “House of Cards’ e o drama é baseado no livro “Queen of Scots: The True Life of Mary Stuart”.