Depois de Ser Cinza é um longa-metragem melancólico dirigido por Eduardo Wannmacher que viaja por terrenos melancólicos para contar a história do protagonista. Confira a review sobre o filme do Suco de Mangá agora.
Enredo de Depois de Ser Cinza
A água e o mergulho são ferramentas narrativas conhecidas e muitas vezes associadas a leveza, limpeza e conforto. O filme inicia com Raul (João Campos) submerso e anuncia discretamente o tema do filme: jornadas emocionais.
Em um embaraço temporal e físico, que pode confundir, Depois de Ser Cinza apresenta a viagem de Raul pela perspectiva de três relacionamentos que ele teve e o impacto em sua vida.
Laços constroem a jornada de uma pessoa
Isabel (Eliza Volpato) é o primeiro laço apresentado, entretanto é abrupto, como se alguém invadisse o espaço pessoal de Raul. Ela e o protagonista carregam traumas do passado que os levam para longe de casa.
Os tons escuros que permeiam o filme mostram que o momento da vida de ambos é de fuga enquanto tentam se reencontrar. As belas paisagens em tons pastéis da Croácia contrastam perfeitamente com esse momento — junto com meias verdades e mentiras constantes entre ambos.
Suzi (Branca Messina) dá ignição a narrativa. O vermelho, dos cabelos e chama, remete à paixão e essa primeira viagem temporal pela vida de Raul começa a dar sentido a narrativa.
Há um quê de intimismo, felicidade e estabilidade, mas, ainda assim, a sensação de vazio. Por fim, ambos se distanciam e isso representa a perda de estabilidade por uma relação má resolvida.
Por último, Manuela (Silvia Lourenço) representa a figura materna e real estabilidade, entretanto também representa a perda na narrativa.
Atuações convencem, mas…
Todos os atores envolvidos na trama dão um show de atuação. Independente da emoção retratada, o elenco parece ter sido selecionado a dedo e há uma inegável química entre roteiro, direção e atores.
Entretanto, parece estar faltando algo. O filme retrata o cotidiano, escolhas e como elas levam as pessoas por caminhos tortuosos. A fotografia, cenários e iluminação não saltam aos olhos.
Talvez tenha sido a ideia, ou seja: mostrar o realismo cru das emoções, mas senti falta de um quê a mais.
Veredicto de Depois de Ser Cinza
Depois de Ser Cinza é em momentos belo, em alguns um pouco confuso. É possível sentir empatia por todos os personagens, uma vez que as pontas soltas são amarradas, mas o ponto principal que carrego após o fim do filme é a reflexão sobre relações e jornada emocional humana em busca de cura, amadurecimento e pertencimento.