Com uma pegada sonora mais ocidental, puxando para o screamo, o Survive Said The Prophet (ou Sabapuro, como é abreviado no Japão) ficou conhecido pelos temas de Banana Fish e as espetaculares aberturas da primeira e segunda temporada de Vinland Saga.
Essas canções e outras marcaram presença inédita na vigésima edição do Anime Friends 2023! Após seu show de estreia no Brasil no sábado, a banda parou bem cedo pelo domingo para conversar com a coletiva de imprensa. E esse papo você confere agora!
Oi, eu sou a Nana do JamE. Eu queria saber se vocês acham que fazer músicas para anime ajudam bandas a ficarem mais populares internacionalmente.
Yosh: Desde o começo nós já tínhamos a pretensão de ir para o mundo. E desde nosso começo como indies nós vínhamos pesquisando várias maneiras de como fazer com que nossas músicas alcançacem mais pessoas e desde quando assinamos contrato com a Zestone e a Sony, sinto que a dentre todas as opções, a mais bem-sucedida foram realmente as anisongs.
Meu nome é Bruno, sou do Suco de Mangá. Uma pergunta mais especificamente sobre música, mas eu gostaria primeiramente de agradecer pela performance do show de ontem, foi ótimo! Eu gosto muito como o vocal clean e o scream casam nas músicas. Como vocês produzem esse tipo de sentimento na composição? Ela vem de forma natural?
Yosh: É justamente por haver uma emoção antes que ela surge na composição. Esses sentimentos de cada um da banda são postos à mesa enquanto estamos no estúdio e as músicas são criadas assim que conseguimos entender o sentimento que a gente quer passar nelas. Sobre os vocais clean e scream, a gente busca passar isso de uma forma simples e direta. A gente discute alguns jeitos de inserir os vocais e se no final todos concordarem, eles entram daquele jeito na gravação.
Boa tarde, meu nome é Erick, sou do Suco de Mangá também. Eu queria perguntar sobre Vinland Saga. Porque Mukanjou e Paradox pegam duas fases da vida do Thorfinn, seu protagonista, de uma forma muito clara. A primeira fase mais rabelde, com suas angústias e a segunda uma busca pela própria paz. Eu queria saber como foi criar aberturas para uma história tão emocionante como Vinland Saga.
Yosh: Sobre Mukanjou, nós só tivemos um mês para criar a música, o que é bem comum na hora de criar músicas de anime. É até parecido com o que acabei de responder há pouco, mas nós juntamos nossos sentimentos e assim os expressamos. A sorte é que eu me vi muito no Thorfinn enquanto compus a música! Por fim, Paradox passou por algo mais incomum, porque tivemos um ano para compô-la por causa do corona. Mas que bom, porque com essas músicas nós estamos aqui hoje.
Boa tarde, meu nome é Fabrício! Minha pergunta também vai mais pelo lado musical. Quais planos vocês tem para os seus próximos lançamentos e vocês pensam em se lançar em turne seja na Europa ou na América com bandas de estilo semelhante ao seu.
Yosh: A gente com certeza tem essa pretensão. O mundo é vasto e mesmo havendo tempo, não é possível se lembrar de toda e cada cultura, mas todos nós aqui acreditamos que fomos salvos pela música e queremos passar essa mensagem para o mundo inteiro. Ao transmitir isso de cultura para cultura, acabaremos por criar uma nova cultura. Nosso objetivo seria então o de criar uma nova comunidade.
Eu gostaria de saber se eles tem algum estilo ou ritmo musical que eles gostariam de tentar experimentar em algum lançamento futuro
Yosh: A gente está num meio entre o emo e o rock, mas não temos a intenção de ficarmos só neles. Nós também queremos nos experimentar com o pop e com o rap, afinal as pessoas gostam dessas músicas. A gente sempre está discutindo nossas ideias em privado no estúdio, então é algo que vocês podem esperar pelo futuro.
Bom dia, eu sou o Marcos e eu queria saber quais bandas influenciaram vocês a seguirem no caminho musical e se eles tem intenções de fazer collab seja com bandas internacionais ou japonesas.
Yosh: Aaaaaaaaaaaaaaaaaaah, são tantas e tantas! *risos*. E acho que isso é com todo mundo né. Pessoalmente, eu ouço muita música desde adolescente, era o que mais me emocionava. Bandas como The Used, Story of the Year, My Chemical Romance, eu ouvia bastante bandas assim. E é claro que queremos colaborar com outras artistas. Pelo menos em uma música nos nossos álbuns que tem alguem participando com a gente. No Japão pudemos trabalhar com o Hiroyuki Sawano e independente de ser do Japão ou não, eu quero muito poder realizar projetos com todo o tipo de gente legal!
Primeiramente parabéns pelo show de vocês, aqui é o Michi e eu queria saber um pouco da história da banda! Como vocês se conheceram e por que esse nome? Qual a primeira composição mais importante pra voces?
Yosh: A história é muito longa, então em poucas palavras, eu fui para os EUA trabalhar gravação. Nesse momento eu vinha pensando na ideia de ser um artista. Como eu estava na faculdade, eu voltava para o Japão durante as férias de verão e de inverno. Numa dessas alguém chegou pra mim e disse “Se você tocar aqui no Japão, eu te apresento pra Sony”. Então eu fiz isso, formei uma banda mas não fomos apresentados. Mas mesmo assim uma chavinha ligou em mim que ficou apaixonado com aquilo e sugeri da gente fazer as coisas por conta própria! Naquela época cada um tinha sua própria banda e não estavamos tão seguros assim em largá-las pelo menos nas primeiras vezes em que a gente se reuniu e teve mais de uma vez que cogitamos parar com tudo, mas gostamos tanto de música que por fim não paramos. Por fim ficamos nesta formação, criamos o Survive Said the Prophet e conseguimos transmitir essa paixão pela música não só pelo Japão como pelo mundo. E depois disso tudo é que aí sim nos encontramos com a Sony *risos*. É o tipo de coisa que faz a gente pensa em como é bom se esforçar!
Agora, sobre o nome “Survive Said The Prophet”. Um profeta sabe tanto das coisas passadas e futuras. Mas se ele te der uma resposta para o futuro, todo o futuro mudará. Então a verdadeira profecia para as pessoas como um todo, para mim, é “sobreviva!”. E também criamos esse nome porque queremos sobreviver com a música que nós criamos.
Como meu site é sobre música japonesa, quero insistir na perguntar anterior sobre as influencias musicais e quero saber se vocês tem alguma influencia musical japonesa.
Yosh: Eu fui cantar músicas em japones bem depois. Meu forte era mais no ingles. Então acredito que eu mesmo não tenha ouvido tanto assim músicas japonesas.
Kwong: Como eu venho de Hong Kong, eu ouvia muito bandas como X Japan, Luna Sea e L’arc~en~Ciel quando garoto.
Show: No ensino fundamental eu amava ouvir o Bump of Chicken. As pessoas no izakaya onde eu ia estavam toda hora ouvindo.
Tatsuya: Eu tocava piano e gostava muito das músicas do Joe Hisaishi (Studio Ghibli)
Eu queria perguntar sobre o álbum Wabi-sabi. A palavra faz parte do dia-a-dia da estética japonesa, mas a própria palavra é difícil de definir, porque é uma palavra que vai muito de feeling. Mas será que vocês ainda assim poderiam tentar definir pra uma pessoa que não conheça o que é wabi-sabi?
Yosh: É realmente difícil de definir a palavra e por isso o álbum parece muito algo diferente do que a gente está habituado a fazer, com músicas mais barulhentas, o que não é só esse o caso nesse álbum. É também uma vontade da gente experimentar mais musicalmente. O que é mais engraçado pra mim, particularmente, é que quando eu estava trabalhando numa gravadora, eu ganhei esse livro chamado “wabi-sabi”. Era um livro em ingles! Eu achei aquilo interessante e me serviu de inspiração!
O que vocês acharam mais interessante do Brasil?
Show: Os guarda-costas aqui parecem bem assustadores, mas na hora que eles vão falar contigo, vão abrir a portar, eles são bem gentis e sorridentes, falam obrigado, achei tudo isso bem bacana!
Tatsuya: E a cerveja daqui é muito boa! Não lembro qual, mas foi uma que a gente pegou no beco do Batman *risos*
O SUCO agradece imensamente ao Guilherme Eiji Maede pelo excelente trabalho como intérprete, ao Survive Said The Prophet pela seu tempo e em especial ao Yosh pelo ótimo senso de humor!