O que você faria se descobrisse que foi marcado por um deus e virou uma peça no jogo divino? Esse é o dilema da protagonista de Chaos Game, novo mangá da Editora Panini e foco do nosso Primeiro Gole de hoje.
A obra é de Daiki Yamazaki, primeira publicação periódica do mangaká que foi lançada originalmente em 2022. Atualmente, possui três volumes encadernados, sendo que o primeiro chegou no Brasil em junho, o segundo chegará em julho e o terceiro apenas em agosto.
Inclusive, o primeiro volume veio com um marcador de páginas diferente, dobrável e com um imã pra prender na página. A Panini quis dar uma diferenciada nisso e acertou na escolha.
A obra é um seinen cheio de drama, sobrenatural e violência com uma proposta bem interessante, apesar de já ter sido explorada em outras histórias.
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Enredo
A protagonista de Chaos Game é Ran Suzuki, uma jornalista de uma revista semanal que está investigando o envolvimento de um político com a yakuza — máfia japonesa. Apesar de fazer uma operação bem-sucedida para extrair informações, sua reportagem não será publicada por interesses pessoais da revista.
Revoltada com a situação, Ran demonstra seu inflamado senso de justiça e vontade de expor a verdade suja das pessoas influentes na sociedade. Porém, essa chama a leva até uma emboscada.
Enquanto Ran implorava por sua vida, um homem misterioso aparece no local e desencadeia uma série de acidentes e coincidências que assassinam todos presentes, menos ela. Assim, a jornalista descobre que, assim como ela, outras pessoas já ficaram cara a cara com um deus e tiveram seus corpos marcados.
O que ela não sabia, no entanto, é que essa descoberta seria sua sentença de morte e agora, cada segundo de vida é uma chance de ser morta. Ela conseguirá desvendar o mistério por trás desses acontecimentos, ou será a próxima peça a ser eliminada do jogo?
Premonição ou Coincidência?
Primeiro de tudo, é impossível não lembrar de Premonição, o filme dos anos 2000 em que os personagens estão fadados a morrer. Em Chaos Game, os assassinatos acontecem como aparentes coincidências ou fatalidades.
Por exemplo, uma viga que solta e cai na cabeça de alguém; um ataque de ratos; um caminhão cheio de vigas de madeira que se desprendem e caem no veículo logo atrás!!!! Sim, amigos sucolinos, eles usaram a referência mais clássica de Premonição 2 nesse mangá. Essa cena realmente existe e se Daiki não usou o filme como inspiração, deu uma boa enganada.
Enfim, o plot do mangá não tem premonições, nem leitura de futuro nem nada, apenas “coincidências” e muitas mortes.
Fractais
Outro ponto que achei bem legal é o próprio nome da história. Na matemática, “chaos game” é um método de criação de fractais usando um polígono e um ponto inicial dentro dele. Fractal, por sua vez, é uma figura geométrica formada por figuras menores que refletem o todo completo.
No mangá, Chaos Game é o nome desse suposto jogo que os deuses jogam e as “peças”, ou seja, as pessoas, possuem padrões geométricos que representam cada deus. De acordo com alguns conceitos espirituais, os fractais representam a ideia que a vida é um ciclo eterno de crescimento e evolução.
Isso vai fazer sentido no futuro da história? Descobriremos com o desenrolar da trama.
Características do mangá
A história é bem violenta, tem morte explícita, cabeça rolando, cabeça perfurada, cabeça torcida, enfim, vários e criativos tipos de morte.
O traço do mangaká me incomodou em alguns pontos, como a proporção da cabeça de Ran. Claro, é um mangá, não precisa ser realista. Mesmo assim, me incomoda um pouco ver o design dela com a testa muito grande e o queixo muito fino.
Além disso, tem muita exposição gratuita do corpo feminino e algumas cenas meio problemáticas. E, nesse caso, não vejo muita necessidade para o contexto do plot, mas apenas mulheres semi-nuas sem motivo aparente.
Enfim, a história tem um humor engraçadinho pra quebrar a sequência brutal de mortes e a trama mais densa. Às vezes funciona, às vezes não, mas é necessário pra não ser uma carnificina completa.
Conclusão
Pra encerrar esse Primeiro Gole, digo que Chaos Game me intrigou bastante. Gostei da proposta de um jogo de deuses e fiquei curiosa pra ver como vai acabar. Afinal, pode tanto ser uma história incrível quanto decepcionante.
Acredito que o desvendar desses mistérios (quem são essas pessoas, quais deuses existem, como funciona o jogo) deva ser bem interessante e empolgante de ler. Enfim, aparentemente, Chaos Game tem potencial pra ser uma história marcante e bem-desenvolvida. Ficaremos no aguardo dos próximos capítulos pra descobrir.