Existe uma mística negativa em Hollywood que todos precisam estar cientes: quando um filme possui um elenco recheado de grandes nomes e estrelas brilhantes da sétima arte, desconfie do filme, não significa que será um fracasso ou desastre, mas há grandes chances de se desapontar.

Existem provas cinematográficas quanto a essa maldição, e Calmaria se tornou mais uma delas, porém se vê uma produção mais fora dos trilhos do que qualquer outro fator existente, então pode se dizer ele é um filme legal que beira ao horrível.

Ele e Ela

Matthew McConaughey em seu papel de pesqueiro possui uma ambição um tanto simplista, mas que trabalha bem a loucura e tristeza do personagem, pescar um tipo de atum raro, simplista mas que para os outros ao seu redor interpretam como algo da imaginação dele.

A trama caminha lentamente até a personagem de Anne Hathaway se apresentar e incrementar algo a mais nessa névoa chamada história, sua ex mulher vivendo um novo relacionamento com um milionário fissurado pela perfeição de sua mulher, e cada defeito é uma surra de cinta, vivido por Jason Clarke, isso é algo a se aplaudir de pé, o elenco carrega o filme, conseguindo sustentar buracos com diálogos bem pensados e situações de solidão reflexivas, nada genial ou épico, apenas satisfatório.

Porém, a trama parecia se estagnar com o tempo e fazer o interesse se perder por completo, fazendo você desistir de vez desse filme, a vontade de levantar e ir embora é grande, mas o plot é a engrenagem principal para tudo o que foi construído até agora fazer algum sentido, ou te fazer levantar de vez e sair xingando pela perda de tempo.

calmaria

Show de Truman?

Você já teve uma crise existencial? Já foi profundo o bastante em seus pensamentos a ponto de questionar sua realidade? Achar que tudo isso é um Show de Truman, que estamos em uma realidade projetada pela Matrix ou que sua vida é um roteiro de uma revista de história em quadrinhos jogada no fundo da gaveta?

Imagina isso se tornando realidade, pois é, no momento em que o plot aparece, ele te atinge como um tiro de sniper, você nem viu de onde veio, cabeça explodindo a ponto de ter que raspar o resto do teto da sala de cinema, a simples história melancólica de um pescador se transformou em uma profunda reflexão de vida a qual te coloca dúvidas de toda sua existência, tudo isso é lindo e triste para o personagem principal, é maravilhoso e depressivo a ponto de te fazer absorver essa realidade e poder sair catatônico da sessão, pena que foi um plot jogado fora pelo diretor.

No momento em que o plot é apresentado, você já está cansado do que está vendo, a reviravolta de tudo consegue te trazer de volta pela curiosidade do fim desse novo rumo tomado da trama, mas não a ponto de chamar esse filme de incrível, fantástico e magnífico, assistindo ele, dá a entender de que, em teorias, a história se mostra grandiosa, mas na prática ela se perde antes do plot.

A estagnação precoce da trama te faz perder toda a vontade de continuar assistindo, fazendo com que essa reflexão seja esquecida e apagando por completo a mensagem importante de relacionamento abusivo e as sequelas que são deixadas aos filhos presentes nesse mundo, pensando mais a fundo, chega a ser muito triste ver que Calmaria tinha chances sim de se tornar uma das melhores produções cinematográficas no ano, mas que se perdeu nas mãos do diretor Steven Knight e se coloca na estante de piores filmes do ano ao lado de Máquinas Mortais.

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Afogando no plot

Um filme afogado em seu próprio plot, essa é a melhor definição para Calmaria, é fácil absorver a mensagem passada e brincar com a reflexão apresentada, mas dependendo de seu humor pós sessão, você estará irritado pelo desperdício de dinheiro gasto e tempo perdido por ter assistido esse filme.

Culpar a direção pode ser fácil, mas o elenco se mostrou genial, junto com a edição e fotografia, além de trazer um roteiro bem elaborado como esse, infelizmente Steven Knight resolveu sair de sua zona de conforto como roteirista e se aventura na direção.

Que ele aprenda com seu erro e insista em tentar ser diretor, pois por mais terrível que tenha sido Calmaria, não se mostra um desastre cinematográfico, apenas falta de experiência na área.

REVIEW
Calmaria
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Baraldi
Editor, escritor, gamer e cinéfilo, aquele que troca sombra e água fresca por Netflix e x-burger. De boísta total sobre filmes e quadrinhos, pois nerd que é nerd, não recusa filme ruim. Vida longa e próspera e que a força esteja com vocês.
calmaria-reviewNa trama, Baker Dill (McConaughey) ganha a vida levando turistas para pescar em seu barco ao lado de Duke (Djimon Hounsou, de “Diamante de Sangue”). Essa vida, até então pacata, muda quando Karen (Hathaway), a mulher que o abandonou anos atrás para se casar com um poderoso empresário, aparece na ilha com uma proposta inesperada. O presente e o passado se entrelaçam e envolvem o espectador em um mistério cada vez mais intrigante.