José Renato Fernandes
    José Renato Fernandes
    Um ser humano multifacetado: estudioso de Letras; analista literário de vídeo jogos; tradutor e intérprete; entusiasta de jogos de luta; batedor de cabeça em shows de metal; e materialista histórico dialético.

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    Bruce Dickinson | Turnê Solo pousa em Ribeirão Preto; Confira os Detalhes!

    Um daqueles memes eternos no mundo do metal é o de que “pode ficar sossegado se não conseguir comprar o ingresso pro Iron Maiden, ano que vem eles vêm de novo”. E, de fato, isso não tem sido apenas um meme: a última passagem do Iron Maiden pelo Brasil foi em setembro de 2022, quando eles se apresentaram no Rock in Rio, e também em Curitiba, Ribeirão Preto e São Paulo. Levaram dois anos dessa vez. No entanto, 2024 viu o lançamento do primeiro disco solo de Bruce Dickinson em quase 20 anos, o “The Mandrake Project”, e com ele o anúncio de uma turnê passando pelo Brasil. Pensar que não víamos um novo disco solo dele desde 2005, com o Tyranny of Souls, ein? Tivemos a oportunidade de conferir o show do Bruce lá em Ribeirão Preto, no Quinta Linda Centro de Eventos!

    Acredito que não há fã de Iron Maiden que não conheça a trajetória da banda e também os momentos de solo de Bruce Dickinson, mas darei uma pincelada para quem não conhece. O nosso querido vocalista se aventurou em fazer alguns álbuns bem diferentes do que o Iron Maiden fazia no início dos anos 90, mesmo antes de se separar da banda após o lançamento de Fear of the Dark. Tattooed Millionaire, seu primeiro álbum solo, chega a beirar o pop rock em alguns momentos, causando bastante estranheza nos fãs.

    Depois, no período em que o Iron Maiden contou com Blaze Bayley em seus injustiçados álbuns The X-Factor e Virtual XI, Bruce lançou mais quatro álbuns, alguns destes ainda mais diferentes do que o primeiro. Skunkworks, de 1996, em particular, era pra ser uma banda separada, tamanha a diferença estilística, mas foi exigido pela gravadora que saísse com o nome de Bruce Dickinson.

    Desta forma, conseguimos entender a composição do setlist que o Bruce mandou pra gente em Ribeirão Preto. Em seu quarto álbum, Accident of Birth, de 1997 o guitarrista e produtor Roy Z passou a trabalhar com o vocalista, e também houve participação do querido Adrian Smith, do Iron Maiden. Assim, os álbuns solo mais celebrados se tornaram este e o Chemical Wedding, de 1998. Sendo assim, além do novo álbum, estes foram os álbuns que dominaram o setlist presente.

    O público, que aguardava ansiosamente, explodiu em agitação ao ouvir os primeiros acordes de Accident of Birth, um dos grandes clássicos da carreira solo do vocalista. Após uma breve passagem por um disco dos anos 2000 com o heavy metal tradicional de Abduction, eu estava esperando muito por Starchildren, uma das minhas favoritas do Accident of Birth, mas eles trocaram por Road to Hell. Tudo bem, é uma música muito boa também!

    Na sequência, o novo álbum foi priorizado. Um álbum conceitual, suas músicas contavam com histórias contadas pelo Bruce antes do início da música, junto com apresentações diferenciadas no telão. Faço menção especial a Resurrection Men, música de que gostei bastante. Temperadas entre as músicas do novo álbum, alguns throwbacks ao Chemical Wedding, com a música título (na qual pirei a cabeça) e Gates of Urizen. Chegando na metade do show, tivemos uma intermissão com uma versão de Frankenstein, do Edgar Winter Group, onde cada um dos membros da banda teve oportunidade de solar seu instrumento e mostrar suas habilidades.

    A reta final do show foi marcada por grandes clássicos. Chemical Wedding foi o mais celebrado, iniciando com The Alchemist, recitando novamente o refrão da música título e levando o pessoal ao delírio. Mas é claro, nada deixou o público mais emocionado do que a entrega perfeita de oito minutos de Tears of the Dragon, a música mais conhecida da carreira solo do homem. É uma música que já foi TÃO tocada em tudo que é evento de metal e tão manjada, mas é impossível não se emocionar com o próprio homem cantando ali na nossa frente. Que voz!

    Os fãs das antigas se deleitaram com as apresentações a seguir. Darkside of Aquarius encerrou antes do bis, e então Bruce e banda retornaram para uma tríade impressionante, com a majestosa e cósmica Navigate the Seas of the Sun, mais oito minutos épicos de contação de histórias com The Book of Thel, e a contagiante The Tower fechando o set. Há, talvez, algumas reclamações a se fazer no que diz respeito à produção do show e do local, onde achei que algumas músicas ficaram um pouco emboladas, mas nada que pudesse diminuir o brilho do homem. Vida longa a Bruce Dickinson, e agora aguardamos ansiosamente pela The Future Past Tour do Iron Maiden em dezembro!


    SETLIST

    1. Accident of Birth
    2. Abduction
    3. Road to Hell
    4. Afterglow of Ragnarok
    5. Chemical Wedding
    6. Many Doors to Hell
    7. Jerusalem
    8. Resurrection Men
    9. Rain on the Graves
    10. Frankenstein (The Edgar Winter Group cover)
    11. The Alchemist
    12. Tears of the Dragon
    13. Darkside of Aquarius
    14. Navigate the Seas of the Sun
    15. Book of Thel
    16. The Tower

    GALERIA BRUCE DICKINSON EM RIBEIRÃO PRETO 

    Fotos por: @brunobellan

    José Renato Fernandes
    José Renato Fernandes
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