O filme estreou no dia 21 de dezembro na Netflix e anda dando o que falar. Bird Box é baseado no best-seller Caixa de Pássaros, de Josh Malerman, e segue a aventura de Malorie (Sandra Bullock) e seus filhos em busca de um refúgio para fugir de entidades que fazem as pessoas se matarem.
Num climão pós-apocalíptico, o plot já é bem conhecido do público e nos remete a obras como O Livro de Eli, Um Lugar Silencioso, Fim dos Tempos e a fatídica temporada de The Walking Dead onde o grupo busca pelo Santuário.
A Maldição da Residência das Janelas Cobertas
Podemos dividir o filme em dois: Sandra Bullock e seus figurantes e Sandra Bullock e seus filhos.
Os dois primeiros atos do longa são sofríveis, passíveis de bocejos, salvo em alguns momentos pelas atuações automáticas (mesmo assim) de Sandra Bullock e John Malkovich, que dão cores e dinamismo para a trama rolar.
Todo o resto do elenco, inclusive Rosa Salazar, são meros figurantes na trama. Cada um expõe suas peculiaridades, alimentam o roteiro com linguiças e simplesmente são descartados. Não fazem falta nenhuma.
É importante ressaltar o contraponto das grávidas, vividas pela protagonista e Danielle Macdonald, onde a primeira não almeja uma perspectiva de vida com os filhos e trilha seu caminho de descoberta, enquanto a segunda traz a esperança e acredita na bondade das pessoas. Já sabemos o que acontece com personagens muito bondosos, não?
Linhas Temporais
Para um melhor dinamismo, Bird Box traz duas linhas temporais, uma acompanhando diretamente dos eventos que vem ocorrendo e causando o caos na humanidade, e a outra anos depois, no presente, com a protagonista em busca de uma comunidade protegida, onde deve atravessar um rio por dois dias.
É no presente que temos as melhores atuações de Bullock, das crianças (principalmente da Garota) e uma tensão realmente é gerada. Outra obra que me remeteu por aqui, foi com The Last of Us, em como Joel e Ellie constroem um laço entre eles, uma ferramenta que poderia ser bem vinda por aqui.
Apesar do longa ser uma adaptação de um livro, a diretora Susanne Bier admitiu trazer algumas mudanças e deixar a trama mais positivista – e com um final mais feliz. Com isso, era válido mudanças também no roteiro para uma melhor execução e desenvolvimento de personagens, o que não se teve por aqui.
A Entidade que não se pode ver
O ponto que mais gerou burburinhos nas interwebs e teorias mirabolantes, é quando se trata das Entidades misteriosas. Têm comparativos lovecraftianos por aí também – tão tentando botar os Cleiton em tudo que é lugar…
Apesar das teorias serem meramente especulativas, é válido tratar dos simbolismos que a trama carrega. Mas obviamente, cada um terá o significado que mais lhe convém – o que deve ser a proposta dos produtores do filme (não sei se o livro traz alguma resposta explícita para o caso).
Da mesma forma que em Aniquilação, também disponível na Netflix, a origem do bichão não é o importante para a trama – e nem mesmo suas ações em si. É legal ter o Gore? É! Mas convenhamos que há muitos outros filmes que tratam disso muito melhor.
Bird Box trabalha com a tensão do desconhecido; dos distúrbios de personalidade que uma eventualidade causa no ser humano; e o mais importante, cerne da trama, que é a aceitação do “viver”.
Falar, até papagaio fala.
Um ditado popular, que cabe bem por aqui. Este é mais um filme que conta com um bom argumento, mesmo que adaptado de um livro, elabora um bom vilão (com bons cortes e edições), mas falha miseravelmente em sua execução e desenvolvimento.
É interessante ver a criação de memes e textos pela comunidade, o que dá margem a algo ainda maior para os produtores – quem sabe uma série? Bird Box deve cair naquele hall de filmes que será lembrado por teorias mirabolantes, esquecível por seus diálogos cafonas e desenvolvimento automático.