Depois de três anos longe, o Arctic Monkeys volta para o Brasil divulgando “The Car”, o último álbum lançado pela banda. Além de passarem pelo Rio de Janeiro e por São Paulo, o grupo se apresentou em Curitiba na quarta-feira, dia 08 de outubro.
O evento aconteceu na Pedreira Paulo Leminski, lugar frequentemente usado para shows internacionais, com abertura dos portões às 16h e a atração principal às 21h20. Enquanto isso, o show de abertura, realizado às 20h05, ficou por conta da banda Interpol, que está comemorando 20 anos desde seu primeiro álbum de estúdio.
O esquenta antes do show
Primeiramente vamos falar dos momentos antes da apresentação do Arctic Monkeys, começando com minha chegada no local. Como de costume os arredores da Pedreira estavam bloqueados, então tive que fazer boa parte do percurso a pé, o que me permitiu observar o movimento. Inclusive, tive a impressão de não ter visto tantas pessoas assim, mas com o tempo o local ficou lotado.
Bom, fui atrás do portão para fazer o credenciamento de imprensa e foi aí que eu percebi que a organização não estava tão organizada assim. Cada um dos staffs para quem eu pedia informação me dizia uma coisa, me mandavam para um lugar diferente e ainda falaram que o credenciamento abriria meia hora depois do que foi informado. Então, depois de ser jogada pra lá e pra cá algumas vezes, finalmente consegui entrar.
Assim, me encaminhei para a Pista Premium e não fiz muito mais além de esperar o show de abertura, um pouco impressionada com os valores absurdos do cardápio. Nesse contexto, prestando atenção no ambiente e conversando com algumas pessoas, comentamos sobre as músicas que estavam tocando antes do evento começar.
Apesar de servirem para passar o tempo, elas acabaram sendo alvo de piadas. Ninguém conhecia a playlist que era uma mistura de ritmos estranhos, até que certo momento surgiu o comentário “isso aí só pode ser anúncio do YouTube”. Pelo menos ela fez seu papel de entretenimento.
Interpol para os privilegiados
Finalmente, Interpol começou sua apresentação, misturando músicas antigas com a promoção de algumas do novo álbum “The Other Side of Make-Believe”, lançado em julho deste ano.
Bom, o show de abertura sempre ajuda a animar a galera e esquentar pra atração principal, mas acredito que o público indie prefere mais um banho-maria. Enquanto eles se apresentavam, pra todo o lado que eu olhasse tinha alguém bocejando, mexendo no celular ou conversando como se nada estivesse acontecendo.
No entanto, o que mais me chamou a atenção é que não ligaram os telões, fazendo grande parte da plateia perder a apresentação. Isso porque a Pedreira Paulo Leminski é plana, então além da Pista Premium e da Pista Normal no mesmo nível, apenas o camarote é um pouco mais elevado. Ou seja, os fãs que ficaram na Pista Normal muito provavelmente não conseguiram ver o Interpol.
A expectativa para o Arctic Monkeys
Enfim, depois da abertura e de mais uma rodada de músicas aleatórias, chegou o momento esperado. Finalmente Arctic Monkeys fez sua entrada triunfal com Sculptures of Anything Goes, aí sim levando o público ao delírio. Inclusive, os telões foram usados — pro alívio da galera — com um efeito de TV dessintonizada, como se estivesse saindo do ar. Aquela vibe bem indie mesmo, né gente.
Assim, a banda intercalou músicas antigas com algumas músicas do álbum novo, como você pode ver na setlist:
- Sculptures of Anything Goes
- Brianstorm
- Snap Out of It
- Crying Lightning
- Don’t Sit Down ‘Cause I’ve Moved Your Chair
- Why’d You Only Call Me When You’re High?
- Body Paint
- Four Out of Five
- Arabella (Black Sabbath’s “War Pigs”)
- Potion Approaching
- The Car
- Cornerstone
- Do I Wanna Know?
- Tranquility Base Hotel + Casino
- Pretty Visitors
- Do Me a Favour
- From the Ritz to the Rubble
- 505
Bis:
- There’d Better Be a Mirrorball
- I Bet You Look Good on the Dancefloor
- R U Mine?
O Show
Em quesito de qualidade, não tem o que falar. Eles realmente mandam bem. Bateram as expectativas em relação ao padrão esperado da banda, tocaram muito e cantaram muito. Ponto extremamente positivo, pois, no geral, foi isso que segurou a barra do show.
Particularmente falando, estou mais acostumada com shows de rock (Metallica entregou tudo e mais um pouco), então fui atrás de pessoas que estão mais acostumadas com apresentações no estilo de Arctic Monkeys. Realmente, a linearidade do evento foi um pouco desconcertante.
Digo isso pois a banda entrou, fez o que tinha que fazer e foi embora. Além de uns “oiee” ditos por Alex e uns três agradecimentos em inglês (nenhum citando Curitiba), não houve maiores interações com o público. Juntamente com isso, nenhum deles se movimentou muito ao longo do palco, deixando a presença de palco bem morninha.
No entanto, a maior frustração veio novamente da galera que estava na Pista Normal, afirmando que o volume da música estava baixo. Até porque, estar num show e conseguir conversar no tom de voz normal indica que algo não estava bem ajustado.
Considerações Gerais
Apesar de todos os pesares, um show do seu ídolo sempre será especial. Conheci gente que veio de Joinville, Sorocaba, Cuiabá e até do interior da Paraíba somente pra ver a banda. Cantaram, dançaram e se emocionaram mesmo com todas as adversidades.
Então, mesmo que de passagem eu tenha ouvido um comentário um tanto ácido (“o da Ludmilla foi melhor”), Arctic Monkeys se despediu de Curitiba com um gostinho de quero mais. Enfim, tomara que eles não demorem para voltar.
Extra do @fotobelga: Interpol + Arctic Monkeys no Rio de Janeiro
