O que será que é capaz de unir fãs de Malvada, Viper, Matanza Ritual e Angra num mesmo evento? A resposta é muito simples: o bom e velho rock’n’roll. Na noite da última sexta-feira (17), era possível encontrar várias gerações de fãs – e bandas – unidas pelo bem maior da celebração do rock nacional no Angra Fest.

O evento ocorreu no Terra SP, um novo espaço para shows localizado na Zona Sul da capital paulista, garantindo muita agitação e bate cabeça para quem curte metal. O Suco de Mangá não poderia deixar de marcar presença neste verdadeiro espetáculo, né? Então, se você quer saber em detalhes tudo o que rolou no Angra Fest SP, continue aqui com a gente! 

Fotos por @brunobellan

Sobre o espaço

Antes de darmos início aos trabalhos e contar tudo sobre os shows que rolaram, vamos comentar um pouco sobre o espaço escolhido para acomodar a pequena multidão de rockeiros do Angra Fest

Para quem conferiu o show do Opeth e ONEUS em fevereiro deste ano, por exemplo, não é novidade que as enormes pilastras localizadas bem no meio da pista não são lendas urbanas e existem, sim. Apesar de terem sido um inconveniente para quem comprou ingressos para a pista comum, a visão para o palco não foi tão prejudicada. Fora isso, a casa de shows é um lugar agradável e bem localizado. A organização coordenou a noite de maneira tranquila, com banheiros limpos, bares e caixas de rápido atendimento, proporcionando, no geral, uma ótima experiência, além de mostrar que o Terra SP tem um enorme potencial para futuros grandes eventos. 

E agora, depois desse panorama, é hora falar do que realmente interessa: os quatro shows que embalaram a noite. Hoje é dia de rock, bebê! 

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Aqui é possível ver os pilares / Matanza Ritual no Angra Fest / Foto: @brunobellan @sucodm

Malvada | Mulheres no cenário do metal nacional 

Quem abriu os palcos do Angra Fest foi Malvada, banda de rock nacional formada somente por mulheres, criada no início de 2020. Composta por Angel Sberse (vocal), Bruna Tsuruda (guitarra), Mariana Langer (baixo) e Juliana Salgado (bateria), a banda paulistana entregou um show animado, com uma setlist curta, porém explosiva e cheia de personalidade. 

Mesmo que pequeno, o público presente na apresentação de abertura parecia muito entrosado com as meninas da Malvada. Para mim, o que mais chamou atenção foi a desenvoltura das integrantes no palco. Todas elas pareciam muito confortáveis, principalmente Langer, que fez uma performance arrebatadora e cheia de malabarismos ao lado de seu baixo. 

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Mariana Langer (Malvada) / Foto: @brunobellan @sucodm

 

Além de músicas autorais como Pecado Capital, A Noite Vai Ferver e o novo single, Perfeito Imperfeito, que transitam entre o hard rock e o metal, o grupo impressionou com o cover de Wasted Years, do Iron Maiden. A canção interpretada com maestria por Sberse, com potência vocal pra dar e vender, foi muito bem recebida pelos metaleiros que ali estavam e deu conta de aquecê-los para a festança que viria pela frente. Não dá pra negar que a Malvada mandou muito bem e me deixou ainda mais ansiosa – e com expectativas altas – para curtir o resto do festival.  

Nesse espaço de tempo entre o primeiro e o segundo show, as meninas ainda aproveitaram para passear na pista, interagir com o público e agradecer Paulo Baron, empresário responsável pela organizadora do evento (Top Link), pelo ilustre convite para a noite marcante. 

SETLIST MALVADA

  1. Intro | Disso que Eu Gosto
  2. Prioridades
  3. Ao Mesmo Tempo
  4. Wasted Years (Iron Maiden Cover)
  5. Pecado Capital
  6. Perfeito Imperfeito
  7. A Noite Vai Ferver
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Foto: @sucodm / @brunobellan

Metal tradicional, power e thrash com Viper

Depois de começar com o pé direito, o evento seguiu agradando com a apresentação da lendária Viper. Integrante vai, integrante vem, e a banda, que já conta com mais de 35 anos de estrada, continua única, apesar de suas diversas fases e formações.

A história do grupo começou nos anos 80, na cidade de São Paulo. O primeiro vocalista a passar pela Viper foi o icônico André Matos, também fundador da banda que dá nome ao festival, homenageado diversas vezes durante o evento.  

Naquela calorosa noite de sexta-feira, os também fundadores Pit Passarell (baixo e vocal) e Felipe Machado (guitarra), subiram ao palco ao lado de Leandro Caçoilo (vocal), Kiko Shred (guitarra) e pesadíssimo Guilherme Martin (bateria), trazendo ao público uma Viper irretocável. Eu, que admiro o grupo há muitos anos, não poderia ter ficado mais feliz com o show que presenciei. 

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Pit Passarel (Viper) | Foto: @brunobellan / @sucodm

Além de arrancar o fôlego com riffs marcantes, a banda entrega uma identidade fortíssima. Tudo na Viper merece destaque, seja pelo comportamento de Pit durante o show, que mostrava o quanto a diversão era uma prioridade, pelo visual dos anos 80 de Shred e performance durante seus solos maravilhosos, ou pela presença dos ilustríssimos irmãos Luis e Hugo Mariutti, convidados para o encerramento da apresentação. Pelo visto, caro leitor, os vocais agudos e impecáveis de Caçoilo ainda irão ecoar na minha memória por muito tempo…

SETLIST VIPER

  1. Under The Sun
  2. Knights of Destruction
  3. A Cry from The Edge
  4. Evolution
  5. Coma Rage
  6. To Live Again
  7. Prelude to Oblivion
  8. Living For The Night
  9. Rebel Maniac
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Foto: @sucodm / @brunobellan

O ritual insano do Matanza 

O pessoal do Matanza Ritual não estava pra brincadeira não, galera! A apresentação já começou surpreendendo com a presença de Juninho, baixista da Ratos de Porão que, ao lado dos integrantes Jimmy London (vocalista e ex-Matanza), Antonio Araújo (guitarra), do Korzus e Amilcar Christófaro (bateria), da Torture Squad, deu o nome nesta noite do barulho. 

A interessante dinâmica do Matanza Ritual, na qual Jimmy xinga o público e recebe xingamentos de volta, garantiu o divertimento de quem se preparava para a apresentação do Angra e queria aguentar até o último minuto em pé. 

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Antônio Araújo e Jimmy London (Matanza Ritual) | Foto: @brunobellan / @sucodm

Além das canções inesquecíveis que fazem parte da carreira de sucesso construída por London, a desenvoltura do vocalista foi a responsável por tamanho engajamento do público reverente e empolgado. Tinha muita gente cansada, sim. Mas quem estava ali, firme e forte, queria viver intensamente o momento e exorcizar tudo de ruim enquanto cantava cada palavrinha da extensa setlist escolhida para a ocasião.

Foi muito bacana ver que, além de André Matos, Canisso, baixista do Raimundos que faleceu recentemente, também foi mencionado de forma honrosa ao longo do festival por todas as bandas, inclusive pelo Matanza.

Por fim, depois de um repertório incrível, a apresentação pauleira encerrou com Ela roubou meu caminhão, consolidando uma noite memorável para o Clube dos Canalhas

SETLIST MATANZA RITUAL

  1. O Chamado do Bar
  2. Meio Psicopata
  3. Remédios Demais
  4. A Arte do Insulto
  5. Bom é Quando Faz Mal
  6. Eu Não gosto de ninguém
  7. Tudo errado
  8. O que está feito, está feito
  9. O último Bar
  10. Clube dos Canalhas
  11. Country Core Funeral
  12. Carvão, enxofre e salitre
  13. Pé na porta, soco na cara
  14. Tempo Ruim
  15. Mulher Diabo
  16. Conforme disseram as vozes
  17. Mesa de Saloon
  18. Todo ódio da vingança de Jack Buffalo Head
  19. Ela Roubou Meu Caminhão
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Jimmy London (Matanza Ritual) | Foto: @brunobellan / @sucodm

Angra | Os donos da P**** toda (literalmente)

O momento mais aguardado da noite foi introduzido por ninguém mais, ninguém menos que Régis Tadeu. Fazendo questão de deixar claro que NÃO CURTE O SOM DO ANGRA e seu “metal espadinha”, o crítico musical fez um pequeno discurso sobre amizades que superam divergências de opinião. Como o próprio disse (mais de uma vez), ele só curte um dos álbuns da banda, mas considera os integrantes como bons amigos, além de reconhecer o peso histórico do Angra para o power metal nacional e internacional. 

Depois da “simpática” apresentação e dando início ao encerramento da festa que celebra os mais de 30 anos de trajetória, a banda subiu ao palco muito mais tarde do que o horário previsto, mas fez valer a pena cada segundo de espera. 

Angra Fest 2023
Angra | Foto: @brunobellan / @sucodm

Esse foi o meu primeiro show do Angra e, poder estar ali, presenciando um momento tão especial para tanta gente, aquece o meu coração e traz inúmeras memórias de uma infância recheada de música boa. Assim como Baron, que parecia um pai orgulhoso enquanto caminhava pela lateral do palco e registrava vários momentos, eu também fiz questão de gravar trechos das minhas músicas favoritas. 

O alto nível do Angra ficou estampado desde o primeiro momento em que os integrantes pisaram no palco. Com uma seleção nostálgica que percorre entre os diversos sucessos adorados pelos fãs das antigas, Rafael Bittencourt (guitarra, vocal e membro fundador), Fábio Lione (vocal), Marcelo Barbosa (guitarra), Felipe Andreoli (baixo) e Bruno Valverde (bateria), emocionaram e mostraram o grande acerto que é a atual formação do grupo. Assim como Régis Tadeu, você pode não curtir tanto o som do Angra. Porém, não dá pra negar que os caras entregam um espetáculo que deixa qualquer um boquiaberto. 

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Fabio Lione | Foto: @brunobellan / @sucodm

Assim como nas outras apresentações, a do Angra também contou com a presença de alguns convidados que subiram ao palco. Para mim, os highlights foram Black Window’s Web, com participação da vocalista da Malvada, e a clássica Angels Cry, com Luis Mariutti no baixo. 

E a emoção não para por aí, não! Rafael Bittencourt ficou responsável pelo acústico da querida Reaching Horizons, que me deixou admirada. Logo depois, a banda voltou a emocionar com mais uma homenagem a Matos, seguida da história de como Lione conheceu o fundador do Angra. 

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Felipe Andreolli | Foto: @brunobellan / @sucodm

Para fechar com chave de ouro, o grupo convidou Angel Sberse, Jimmy London e Antônio Araújo para uma versão alucinante de Eu Quero Ver o Oco, uma das músicas mais famosas dos Raimundos. Assim, prestaram uma última homenagem ao baixista Canisso e terminaram a noite de shows de forma gloriosa. 

Conclusão

Depois desta noite apoteótica, fica fácil de entender o motivo do sucesso das edições do Angra Fest, que já virou um clássico e está rolando em várias cidades do Brasil. 

O Suco agradece imensamente pela oportunidade de participar desse grande evento que, com toda certeza, ficará marcado na memória, deixando aquele gostinho de quero mais. Valeu, Angra! Valeu, Top Link! 

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