Responsáveis pelo show mais espetacular do Anime Friends 2024, o Suco de Mangá, com a coletiva de imprensa presente, conversou com Leo, Luthfi e César, vocalista, baixista e guitarrista do ALI. O evento deu a oportunidade de apresentar um ALI bem maior que seu encerramento de Jujutsu Kaisen, já fantástico por si só. A entrevista vocês conferem agora!
Houve algum anime ou trilha sonora de anime que inspirou o som de vocês?
Leo: Sempre que nos pedem para compor alguma música para anime, nós pegamos o mangá para ler e as histórias que acabamos conhecendo moldam um pouco da música que criamos.
O ALI tem uma pegada multicultural bem forte, com influências de vários países numa mesma banda. Como isso afeta nas suas criações?
Leo: As raízes dos membros da banda são diversas, cada um traz consigo o que ouviu durante a vida e conforme criamos nossas músicas, acredito que a gente acaba criando um mundo novo graças a essa união.
Qual a sensação de fazer parte do encerramento de Jujutsu Kaisen, um dos animes que mais bombaram nesse ano? O que inspirou essa música e como vocês se sentem com esse sucesso?
Leo: Quando cheguei no Brasil, as pessoas perguntaram bastante no twitter se tocaríamos e eu fico muito grato que por causa de Jujutsu Kaisen a nossa música conseguiu chegar tão longe. Gosto bastante de Jujutsu Kaisen e do arco de Shibuya, afinal eu moro em Shibuya e na época estava trabalhando lá, então foi uma mistura de fantasia com a minha realidade enquanto lia esse arco no mangá.
De onde veio a ideia de juntar tanta gente de lugares diferentes numa mesma banda e de onde vem o nome Ali?
Leo: No Japão tem várias pessoas que são hafu (mestiças), com quem aprendi muita coisa e imaginei no que daria se a gente se juntasse, cada um com suas individualidades. E por esse mesmo motivo, por serem pessoas bem diferentes, é um pouco desafiante organizar essa diversidade toda numa banda, mas é um trabalho bem interessante.
Sobre o nome da banda, decidi esse nome quando estava num bar e vi no notíciário sobre o falecimento do Muhammad Ali. Do mesmo modo como ele viveu determinado a não ser vencido esuperar seus desafios, quis passar essa mesma mensagem de vida com as nossas músicas.
Ainda sobre a inspiração no boxeador Muhammad Ali, um atleta americano que se converteu ao islã e passou muitas mensagens anti-guerra, o quanto dessa personalidade diversa do boxeador ecoou na banda?
Leo: Um tanto, eu diria. Acontece que muita coisa aconteceu ao longo da vida de cada membro da banda, coisas que eles ainda não acharam a melhor forma de dizer, de se expressar. O Japão vive um momento bem complicado, com muitas pessoas não podendo dizer o que querem. Por isso, se não conseguimos falar o que desejamos com as nossas vozes, então recorremos a música para soltar essas palavras que estão presas, juntando no Japão pessoas de todo o mundo, de várias cores e origens. É nesse espírito que as coisas são feitas desde o começo.
O Ali faz muitas músicas em colaboração com outros artistas. Como é trabalhar com quem está de fora da banda e como foi trabalhar com a rapper brasileira Mari?
Leo: É simplesmente uma felicidade enorme que enche a gente de gratidão. Mas uma coisa interessante é que às vezes quando falamos da Lost in Paradise, afinal gosto a beça de Jujutsu Kaisen, acontece do artista não conhecer a obra. Daí falo o que é e tal, mas dali sai um novo ponto de vista. Ao invés do ponto de vista de alguém como eu que já gostava a beça de Jujutsu, uma pessoa começa a ver Jujutsu por um outro ângulo graças a um encontro na vida real. Acho divertido quando os animes são divulgados pelos encontros do dia a dia.
Pra mim o mais importante de uma obra, lógico, é como a desenhamos ou animamos, mas acima de tudo é como elas são recebidas pelas pessoas em suas vidas. Sobre a Mari, ela está bem ansiosa para vir para o Brasil. O ALI vai fazer dois shows aqui no evento e queremos fazer o melhor show, até para que nos chamem de novo e quem sabe dessa vez com a Mari.
A banda já tem dois hafu brasileiros, o guitarrista César e o trompetista Yoshio, que são filhos de brasileiros e é muito valioso para mim que a banda seja uma ligação entre o Japão e o Brasil.
Eu gostaria de saber o que vocês já sabiam sobre o Brasil, antes de vir pra cá e se tem algum artista brasileiro de quem vocês são fãs.
Luthfi: Minha imagem do Brasil é o carnaval, fora isso eu não conhecia tanto, mas eu gosto bastante do Natiruts.
César: Minha mãe é brasileira, então com certeza eu sei de muita coisa sobre o Brasil *risos*. Sei de poucas palavras em português que minha mãe usava no dia a dia quando eu era criança, mas cresci conhecendo alguns hábitos dos brasileiros de Kobe, onde nasci e sei que são gentis e calorosos, foi o que conheci pela convivência. Isso ficou gritante quando cheguei no Brasil e acabei vendo que aqui é bem mais do que me parecia. É divertido poder estar aqui!
Leo: Eu vejo bastante futebol desde o ensino médio, então eu amo esse esporte e sou fã de jogadores como o Romário, Rivaldo, Ronaldinho e o Roberto Carlos, cheguei até a ganhar uma camisa do São Paulo. Me parece que o futebol aqui tem essa mesma força que a música tem de renovar a vida das pessoas. Gosto de artistas que já falaram muito bem do Brasil quando vieram, como o White Strypes e os Rolling Stones. Se possível, queria fazer uma colaboração com o Emicida e a Flora Matos!
Como está sendo esse primeiro contato com os fãs brasileiros?
Luthfi: Apesar de ser minha primeira vez, já me sinto muito bem vindo com o ânimo do público.
César: Já tinha uma ideia de que eu ia encontrar muitas pessoas que nos ouvem, porque já vejo no Spotify que tem até mais ouvintes brasileiros do que japoneses! Foi legal de ver que tem vários tipos de brasileiros, porque já estava acostumado com meus amigos brasileiros no Japão mais descontraídos, extrovertidos, até meio palhaço, mas aqui tem até gente mais calma e serena, então minha imagem dos brasileiros mudou um pouco com essa visita *risos*
Leo: Está sendo uma boa oportunidade pra conhecer além do que todo mundo já sabe do Brasil graças a música e ao futebol. Como é a primeira vez que venho aqui para esse evento de anime, tenho muita vontade de conhecer o Brasil das ruas, do dia a dia das pessoas, de seus sentimentos, das coisas que normalmente não se vê nos filmes ou nos livros. Porque eu mesmo sou um cara da rua e às vezes fico até meio constrangido quando me tratam feito uma estrela, porque não costumo me imaginar sendo isso tudo, essa coisa mais formal.