Trazendo um manhwa, dessa vez, com o título The Horizon, do autor Ji-Hoon Jeong. Escrita em 2016, a obra possui 21 capítulos divididos em 3 volumes, e está finalizada.
A história começa com um Garoto acompanhado de sua mãe, que se encontra em uma situação bastante caótica, guerra. Pessoas correndo desesperadas para todos os lados e muitos gritos. Sua mãe o esconde debaixo de uma caixa e, depois de um tempo, quando estava tudo em silêncio, se depara com toda a matança que aconteceu no local, e uma das vítimas é a sua mãe. O Garoto não sabe o que fazer, o desespero toma conta dele. Mas não há nada a fazer, então o Garoto começa a andar, para se afastar daquele cenário. O Garoto encontra um ônibus no meio da estrada em que anda, ele entra e encontra uma Garota. A história continua com os dois seguindo a longa estrada!
O cenário escolhido para o desenrolar da trama é a guerra, representando o mundo de hoje, violento. As personagens têm que se superar a cada momento para não morrerem e se deparam com situações em que parecem não ter muitas alternativas. O sentimento de angústia sempre está na obra, e é acentuado, principalmente, no primeiro arco completo da obra “O homem estranho”, e não abandona o leitor nem as personagens até o fim da história. A vastidão dos espaços reforçam um sentimento de solidão e de se sentir pequeno e impotente com a situação que as personagens se encontram . Tristeza, depressão, medo são outros fortes sentimentos que acompanham a obra, mostrando o pior lado da humanidade.
Alguns dilemas são apresentados ao leitor conforme vão se passando os capítulos, como, por exemplo, no arco “O Homem de Terno”. Trata-se de um sujeito que mata todo mundo que entrar na cidade portando uma arma, pois ele acha que matando essas pessoas, irá impedir que outras sejam mortas. É um dilema moral, que é apontado pela Garota, que não aceita aquilo, sempre colocando o leitor para pensar naquilo, se é certo ou errado, se é válido ou não.
Um ponto muito forte dessa obra é a parte artística. O autor consegue transmitir muito bem os sentimentos das personagens através de expressões, na coloração dos olhos. Medo, desconfiança, raiva, dúvida, tudo é facilmente transmitido ao leitor, sem precisar de uma linha de diálogo. A arte mais carregada em alguns momentos consegue reforçar estes sentimentos. Diga-se de passagem, falando em silêncio (estranho falar de silêncio em algo que não possui sons, vozes…) é uma mecânica muito bem utilizada logo no começo da obra, sendo quase o primeiro capítulo inteiro sem um diálogo acontecendo. Fora os textos do narrador e sons externos, há diálogo entre o Garoto e a Garota nas últimas páginas.
Tá, mas o que faz essa obra ser tão boa?
The Horizon é uma obra sobre existencialismo, niilismo, tristeza, medo, sentimentos ruins e pesados, muitas vezes por conta das situações em que ela os apresenta. Momentos em que as personagens praticamente ficam sem esperanças de resolver uma situação ou algo muito impactante são bem representados com os traços mais reforçados, as expressões utilizadas e a falta de diálogo (aqui falando de uma maneira positiva e para não falar sobre silêncio).
A obra, também, é sobre como lidar com a vida. Independentemente do que aconteça, você tem que seguir em frente, não importa as dificuldades enfrentadas, porque se não, você ficará preso no mesmo lugar, como o Homem de terno, ou ficará perdido em um mesmo lugar sem saber para onde ir, como o Homem estranho. Tem sempre que seguir em frente, pois não adianta ficar preso às coisas que acontecem e vão e passam pela vida.
A analogia da Terra ser redonda (há certas pessoas que irão discordar) é explorada para dizer sobre despedidas, “Nunca é um adeus” parafraseando Velozes e Furiosos aqui por um instante. Com certeza é uma obra que pode ser classificada como um “Joia Perdida” no mundo dos quadrinhos, em geral.