Alguns roteiristas adoram trabalhar algum distúrbio mental ou problema psicótico para quebrar personagens. O tabu a se quebrar é quando se inverte isso, brota uma ideia na cabeça deles que esse distúrbio mental engrandeça o personagem. Foi isso que JOLT: Fúria Fatal trabalha em tela, uma personagem a nível brucutu onde seu descontrole à raiva a transforme em uma mulher perigosa e sem escrúpulo para a ação, uma bela ideia que foi muito mal executada.
A diretora Tanya Wexler têm um portfólio bem desconhecido para o público e infelizmente não é dos melhores, mas de destaque positivo temos “Como sair de Buffalo”, mas nesse meio a produções medianas para ruins, conseguimos ver uma tentativa de boas ideias por parte da diretora, e digo isso porque Jolt é uma mistura magnífica de fotografia com jogo de diálogos e cenas de ação das mais variáveis, não no quesito inovação mas no extrapolar delas.
Sem parecer gratuito demais e se prendendo ao plot da protagonista, Jolt prefere se manter em um genérico bem feito, trama mediana com trilhas sonoras altas e cores fortes, fazendo desse filme uma obra muito linda, sem irritar vista ou incomodar com o colorido. O filme se equilibra em cenas mais sombrias e escuras que conseguimos enxergar, contrário de um outro diretor “renomado” de Hollywood que ama qualquer escuridão em tela e principalmente em câmera lenta.
Porém esse genérico acaba se tornando o tiro no pé da obra, se tornando muito monótona, podemos chamar esse filme de algo “jovem” demais, mas não vejo isso como problema, porque do mesmo jeito que existem filmes mais profundos, temos aqueles mais simples que a única coisa que importa é a porradaria. Logo, Jolt pode ser um filme muito bom para uma parcela do público, mas como dito antes, esse tipo de filme têm problemas.
A trilha sonora chega a ser incômoda demais, claro que a letra está falando com a cena, mas a mesma acompanha uma câmera girando e uma porrada de cortes secos, chega a irritar, principalmente quando é feito com uma certa frequência, em consequência disso, a ação que já é sem freio na trama fica exagerada, tudo por causa da estética da cena. Com isso temos um filme bem cansativo de assistir, e o roteiro não é uma grande obra prima, é simples só para assistirmos e falar que têm uma história, aliás nesse ponto foi muito bem feito, já que possui um plot twist impactante.
Dentro de uma obra simples, pode-se trabalhar melhor elementos de personagens, e aqui foi o ponto mais forte em todos os sentidos, da quebra de padrão do homem galã até a protagonista brucutu que não possui limites e principalmente não se mantém no padrão genérico, Lindy (Kate Beckinsale) entrega uma atuação impecável entre o profundo e o simplório, a personagem carrega muitos momentos em que o filme precisa ser salvo, e em paralelo existem outros papéis como Dr. Ivan (Stanley Tucci), a dupla de detetives e até o vilão, foi de grandes atuações que o filme conseguiu se manter em um belo filme de ação.
Jolt tropeça e pode nos fazer desistir do filme, mas mais por uma visão pessoal do que obra problemática, a mesma consegue nos prender das formas mais variadas possíveis. Trilha sonora, ação desenfreada, boas atuações e fotografia transformam o conjunto da obra como algo acima do padrão e nos diverte em muitos momentos, contudo seu padrão genérico fatalmente o jogará no limbo só lembraremos quando o mesmo existir uma sequência, que admito não ser um acontecimento absurdo.