De vez em quando surge alguma série de temática LGBT e acaba dividindo o público sobre o fato de ser ou não ser considerada BL. Sendo assim, 180 Degree Longitude Passes Through Us é um verdadeiro exemplo desse dilema.
Primeiramente, por virar um termo guarda-chuva, o BL hoje engloba mais coisas do que podemos considerar se analisarmos critérios tidos como ultrapassados. De qualquer forma, é inegável que certas obras transmitem mais sinais de classificação do que as outras. Portanto, devemos ter cuidado.
Então, é justamente por isso que a série possui uma espécie de passe-livre para ser referido de qualquer forma. Afinal, a obra permeia diversos campos daquilo que estamos acostumados a assistir, tanto nos web dramas quanto nos lakorns. Assim, parte dessa diferenciação se deve à narrativa madura e algumas escolhas técnicas inusitadas.
O Enredo de 180 Degree Longitude Passes Through Us
Primeiro, a história — que surpreende pelo tom sóbrio — é sobre um jovem rapaz que se apaixona pelo amigo do seu falecido pai. Com isso, ela utiliza ganchos homoafetivos bastante específicos para criar tensão entre os personagens, como fragmentos de olhares reprimidos, toques cautelosos e um desenvolvimento que dá ênfase na relação criada pelo roteiro gradativamente. Além disso, as cenas são bem teatrais, com falas e movimentos ensaiados e, às vezes, calculados demais. Por outro lado, a fotografia, marcada por tons gélidos, como cinza escuro, conversa bastante com a locação principal: uma casa moderna repleta de vãos envidraçados e arquitetura marcante.
E, mesmo que não pareça, o cenário aqui é capaz de mudar toda perspectiva da história. Por exemplo, quando um dos protagonistas depende desse recurso ao seu redor para compor boa parte da sua personalidade, como é o caso do ator Nike Nitidon, principal destaque da série.
Enfim, além da minutagem longa e ritmo lento, 180 Degree Longitude Passes Through Us ainda sofre com a expectativa. Afinal, quem assiste esperando que essa seja uma produção BL típica da tailândia, encontra coisas bem mais profundas e, sobretudo, mais recompensadoras. Por isso, é uma experiência que definitivamente não se encaixa em exemplificações de gêneros.