Um aspecto interessante do k-pop quando falamos de ídolos estreando em carreiras solo é a forma como o som e as peculiaridades desses artistas tendem a dialogar entre si.
Por exemplo, os grandes vocalistas da SM Entertainment em carreiras solo. A maioria deles se aprofundou em baladas românticas que tinham como maior instrumento o poder da exploração vocal.
Dessa forma, estabeleceu-se quase um padrão que todos os principais grupos (EXO, SNSD, SUPER JUNIOR, SHINee e Red Velvet) seguiram. Portanto, era hora do NCT também seguir esse caminho, já que “SHALALA”, de TAEYONG, diferentemente de “YOUTH”, de DOYOUNG, não o fez.
O ponto forte de “YOUTH”
Então, “YOUTH” surge como um recondicionamento dos métodos de produção da SM. Notamos uma maior variedade de combinações musicais que, mesmo variando de uma abertura de k-drama estilo pop rock (“From Little Wave”) a um R&B de andamento médio (“Serenade”), ainda soam completamente presas ao padrão vocal esperado. É um tanto quanto seguro — e isso é o suficiente.
Aliás, esse também é o ponto forte de “YOUTH”, ainda que em outros contextos. Por exemplo, meados de 2020 e 2021, todo esse aparato musical/temático certamente soaria muito básico. Nem mesmo o ritmo que segue uma direção assertiva e que raramente está presente na maioria dos álbuns de k-pop (aqui, o álbum termina do mesmo jeito que começou), seria capaz de minimizar tal noção.
Parece bobo, mas essa é uma ideia de coesão que definitivamente é ignorada pela maioria das empresas. Principalmente considerando as inserções do pop eletrônico que parecem ir e vir nas tendências sul-coreanas.
Conclusão
Todo esse esforço para tecer um trabalho que dê continuidade a uma tradição — e nesse sentido, as baladas são extremamente importantes, pois derivam da sonoridade que antecede a formação do k-pop, no caso, o trot — faz parte de um conjunto de intenções que busca manter certa singularidade típica dos trabalhos solos.
Por isso, o talento pessoal de DOYOUNG consegue se comunicar com uma abordagem calma, sofisticada e nada surpreendente que lhe é imposta (não no sentido de força, já que ele também é creditado em algumas músicas aqui).
Assim, “YOUTH” responde muito bem a todas as perguntas sobre a primeira estreia solo do NCT com um álbum no campo das baladas. Porém, também o faz a partir de pequenas elevações, como a excelente “Time Machine”, uma parceria com seu companheiro de grupo, MARK, e a veterana máxima TAEYEON, do Girls’ Generation.