Lançada ano passado, a primeira temporada de Young Royals precisava ser acessível o suficiente para que o público da Netflix ficasse maravilhado com o drama desde o início, mesmo que, de certa forma, o resultado fosse extremamente desanimador.
Felizmente, a segunda temporada, livre de toda essa formalidade, acaba transcorrendo de maneira mais livre e mais focado em seus principais eixos narrativos. Aqui, a história de amor entre um príncipe e um plebeu ganha sentido próprio, distanciando-se do previsível e, sobretudo, evidenciando uma identidade particular pra lá de estimulante.
Para analisarmos essa continuação, precisamos entender que Young Royals surgiu como uma obra repleta de aderência a assuntos políticos e sociais presentes em duas realidades opostas. Esse fato, por si só, pareceu pouco utilizado anteriormente, pois o que víamos era um retrato batido de temas juvenis cheios de controvérsias sexuais e problemas com uso de entorpecentes. Esses temas, por sua vez, já tinham sido retratados em outras produções do tipo, como Skins (2007), Skam (2015), Elite (2018) e, até mesmo, Euphoria (2019).
Um upgrade na história
Entretanto, agora há uma tentativa da própria Netflix de fazer com que Young Royals tenha maior independência contextual de seus eventos. Ou seja, os problemas adolescentes aqui vão muito além daquilo exposto anteriormente ou em qualquer outra série de jovens problemáticos. Por exemplo, observe a questão levantada sobre as consequências da violação da privacidade dos protagonistas Wilhelm (Edvin Ryding) e Simon (Omar Rudberg). Os percalços jurídicos e, principalmente, sociais dessa ocorrência, são retratados com seriedade e realismo. O mesmo acontece com as contradições da família real, agora mais destacadas no propósito de servir como pano de fundo para os acontecimentos da série — um baita acerto.
Outro ponto positivo, merecidamente, vai para as atuações, com destaque na performance de Edvin e Omar. Afinal, juntos eles exibem seus sentimentos de maneira natural, o que demonstra uma clara evolução se compararmos com o trabalho oferecido em 2021. No entanto, apesar das boas combinações, é impossível não manifestar insatisfação com o arco secundário, formado por August (Malte Gårdinger) e Sara (Frida Argento). Apesar de soar interessante e expandir as possibilidades do roteiro, é inegavelmente repetitivo demais.
No geral, não há como negar o quão atraente se tornou Young Royals em sua segunda temporada. Com acréscimos importantes, a série se desenvolve a partir de condições projetadas para uma continuação futura. Enfim, vamos esperar e ver qual será o desfecho do que já pode ser considerada uma das melhores atrações da Netflix.