O cantor sul-coreano WOODZ, também conhecido como “Luizinho” pelos brasileiros, encerrou a “OO-LI WORLD TOUR” no Espaço Terra SP, em São Paulo, na noite de 14 de julho.
O artista surpreendeu a plateia com uma apresentação cheia de identidade, sonoridade e energia, mas totalmente distante das coreografias elaboradas, dos elementos cenográficos e dos figurinos exuberantes do K-Pop.
Os instrumentos – teclado, guitarra, violão, baixo e bateria – posicionados no palco despertaram a curiosidade dos fãs. Burburinhos surgiram naturalmente. Afinal, a presença de uma banda quebrou certa expectativa e fez com que todos ansiassem descobrir qual experiência haveria naquela noite. Essa provocação, talvez, fosse a verdadeira abertura do show, como se convidasse ir além do óbvio.
Nesse momento, tornou-se impossível desvendar os planos do cantor. Restou à plateia aceitar o convite para o inesperado. O clima mudou. A euforia tomou conta do espaço. Em resposta, acordes harmônicos ressoaram e anunciaram que a atração principal logo se juntaria a todos. Sob gritos, WOODZ subiu no palco, pegou o microfone e performou ‘Busted’, faixa do álbum ‘OO-LI’.
Em seguida, ‘HIJACK’, do álbum ‘COLORFUL TRAUMA’ (2022), e ‘Love Me Harder’, do álbum ‘EQUAL’ (2020), desencadearam uma catarse. O fandom tirou o pé do chão, cantando a plenos pulmões. Sem playback, WOODZ caminhou na contramão do padrão que existe no K-Pop. O artista, certamente, apresentou um novo tipo de espetáculo dentro do gênero. Dessa vez, as protagonistas foram a voz e a banda, e não as acrobacias de tirar o fôlego.
O show, que foi inteiramente ao vivo, continuou com ‘Who Knows’, ‘Dirt on my leather’ e ‘TRIGGER’. Apesar de pular e correr por toda a extensão do palco, WOODZ entregou gogó. Além disso, afinação e extensão vocal admiráveis. A setlist reuniu Indie, Pop, R&B, Rap e Rock, mostrando a versatilidade e a maturidade do solista.
Aqui, cabe um parênteses. WOODZ, após debutar no K-Pop como rapper e vocal do grupo UNIQ, participou da quinta temporada do programa sul-coreano Show Me The Money, em 2016. A breve passagem pela cena do K-Rap e K-Hip-Hop rendeu um single colaborativo com Flowsik, ‘RECIPE’. Na época, o cantor se apresentou com o nome artístico Luizy. Dois anos mais tarde, para acompanhar a mudança de direção na carreira solo, adotou o nome WOODZ. A partir de então, explorou os mais diversos gêneros da música, transformando-se em um artista multifacetado.
Essa trajetória variada, indiscutivelmente, moldou a concepção da turnê mundial ‘OO-LI’. WOODZ conduziu os fãs para seu próprio universo e expôs quem foi, é e pretende ser como artista. Uma imersão cheia de cor e subjetividade.
O K-Pop, de certa forma, também está presente na história do artista. Por isso, WOODZ usou, com moderação, os clichês que levam qualquer fã ao delírio. O solista arriscou frases em português – “obrigado!”, “amo vocês!” e “o papai chegou!”, fez aegyo e sambou. Para completar, cantou ‘Solterou’ e ‘Tô de Cara’, do Luan Santana. Ninguém pôde reclamar, porque “Luizinho” ofereceu um show completo no Espaço Terra SP.
Depois, o solista performou ‘Kiss of fire’ e ‘FEEL LIKE’. Sem prolongar o clima intimista criado pelas duas músicas, resgatou a animação com ‘On my own’, ‘Sour Candy’, ‘BUMP BUMP’ e ‘Drowning’. Os fãs cantaram em uníssono. Isso deixou WOODZ visivelmente comovido. De olhos marejados, revelou: “É a primeira vez que sinto essa sensação. Muito obrigado por isso!”.
Perto do fim, o artista ressaltou o trabalho duro da equipe, da banda, da Highway Star, da label e dos profissionais envolvidos na realização da turnê no Brasil. Também se dirigiu ao MOODZ (nome do fandom), agradecendo o apoio e a presença. “Não vou esquecer esse momento. Vou guardá-lo para sempre, até minha morte”, acrescentou.
WOODZ encerrou sua passagem pelo país com ‘Journey’ e ‘I hate you’. E, obviamente, os fãs brasileiros mostraram o porquê são considerados os mais animados, engajados e calorosos do mundo. O barulho extrapolou as paredes do local. Não há nada igual em lugar algum. Isso é um fato. Antes de deixar o palco, o cantor prometeu retornar em breve. No entanto, pediu que o MOODZ cumprisse três coisas: cuidar da saúde, ser feliz e amar a si mesmo. Todos assentiram, manifestando o desejo de vê-lo outra vez.
WOODZ criou uma ruptura na obviedade e elevou as expectativas dos K-Poppers (nome dado aos fãs de K-Pop) quando mesclou o familiar com o inesperado, tornando o show uma experiência simbólica. ‘OO-LI’ guiou cada pessoa presente naquela noite para conhecer as nuances, as formas e as características do solista, com muita técnica, elegância, carisma e personalidade. Foi como ver uma borboleta sair do casulo, abrir as asas e voar.
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Texto de Yasmim Secron e Kimberly Mello.
