Desbancando todos os países inseridos no mercado Boys Love, a Coreia, em 2022, anunciou mais títulos que o Japão e a Tailândia somados juntos. Embora o mercado sul-coreano esteja lançando uma quantidade absurda de BLs em tão pouco tempo, infelizmente, não são todos eles que conseguem a proeminência que Semantic Error obteve logo nos seus primeiros episódios.
Where Your Eyes Liger (2020), To My Star (2021) e Light On Me (2021), eram até o momento, os melhores BLs coreanos já feitos. Insuperáveis e extremamente importantes, cada produção teve o seu momento de brilhar, algo que, Semantic Error fez muito bem durante o seu período de exibição.
Ao atrair um publico considerável, o mais recente destaque da Coreia prova que investir em Idols do K-pop atuando em produções do tipo, é um caminho que deve ser seguido para que um dia, quem sabe, os BLs locais passem a ser mais respeitados. Além disso, o constante erro em relação ao tempo curto dos episódios e o desenvolvimento batido, precisam ser minados urgentemente. Após reconhecermos o que funciona e o que não funciona nas séries coreanas, podemos afirmar que Semantic Error é um verdadeiro exemplo a ser seguido, pois, neste BL, tudo é milimetricamente pensado e feito de maneira assertiva.
Adaptado do web drama de mesmo nome, o drama acompanha a história de um engenheiro e um artista com diferentes personalidades, mas que em certo momento, devido a um projeto da faculdade, ambos terão que trabalhar juntos, enfrentando suas diferenças de uma forma bastante inusitada. O resultado dessa interação, promete mexer com os sentidos e com a vida desses dois personagens.
De cara, o contraste entre os protagonistas é o principal fator de interesse que guia Semantic Error. Quem está acostumado a ler as comics sul-coreanas, já deve ter se deparado com esses típicos personagens: um cara extrovertido, popular e galanteador, e um rapaz mais retraído e misterioso. E por se tratar de uma adaptação, essas características se fazem extremamente necessárias, mesmo que, em muitos casos, pouco vemos isso acontecer. Mas, aqui, além de ser fiel a essas questões, a série ainda acrescenta um tom de realidade indispensável. Parte desse feito, é a vontade dos atores em interpretar os seus papeis com vocação e desejo. Nota-se, em relação a isso, uma dedicação absurda dos envolvidos Park Seo Ham e Park Jae Chan.
Os visuais impecáveis e as atuações estonteantes, poderiam em si, fazer desta obra uma verdadeira vitória para os fãs de BLs. Mas, felizmente, não para por ai. Com a média de tempo dos episódios ultrapassando os vinte minutos, Semantic Error começa e termina dentro de uma coesão rara e surpreendentemente formidável.
Trazendo um misto de conforto e desconforto, o BL faz com que o telespectador inevitavelmente passe a torcer pela junção dos protagonistas. E quando eles finalmente ficam juntos, a felicidade torna-se o sentimento mais gratificante do mundo. Como uma montanha-russa de sensações, somos guiados rumo a uma história repleta de altos e baixos. Enquanto Jae Young busca se vingar de Sang Woo por ele supostamente atrapalhar os seus planos, vemos o desabrochar de uma relação intensamente provocativa e angustiante.
Após diversas investidas, Jae Young percebe ele não estava sendo movido pelo sentimento de vingança, mas sim, pela paixão que havia sido cultivada dentro do seu coração. Do outro lado, Sang Woo parece ir contra tudo que vem do seu rival, até que, em um certo momento, ele acaba se rendendo. Mas, até lá, o personagem usa do seu silêncio como um combustível para alimentar o drama de forma progressiva.
Além deles, os personagens secundários também conseguem desempenhar um papel extraordinário, destaque para a atriz Song Ji Oh. Não limitados apenas à história, os aspectos técnicos tomados pela direção também são grandes pontos a serem mencionados. Do excelente uso das locações, até a fotografia e passando pela montagem que exala dinamismo, Semantic Error se mostra um triunfo verdadeiramente único das produções coreanas.