Vinte e três anos após sua última turnê completa, o Savatage finalmente retornou aos palcos escolhendo o Brasil como primeira parada. No Monsters of Rock 2025, a banda que ajudou a moldar o metal progressivo entregou uma performance que mesclou a precisão técnica herdada do Trans-Siberian Orchestra com a nostalgia e emoção que apenas uma reunião tão aguardada poderia proporcionar.
Quando o grupo iniciou sua apresentação com “The Ocean”, instrumental de abertura do álbum “The Wake of Magellan” (1997), a primeira diferença em relação às apresentações históricas de 1998 no país ficou evidente: nada de backing tracks. Cada nota era executada ao vivo pelos músicos no palco, seguindo o padrão estabelecido pelo Trans-Siberian Orchestra, projeto derivado do Savatage que se tornou um fenômeno natalino nos EUA.
Savatage – Wake of Magellan no Monsters of Rock pic.twitter.com/LCMgk5Sv7C
— Suco de Mangá (@sucodm) April 26, 2025
A formação que subiu ao palco do Allianz Parque contava com Zak Stevens nos vocais, Al Pitrelli e Chris Caffery nas guitarras, Johnny Lee Middleton no baixo e Jeff Plate na bateria. A ausência do fundador Jon Oliva, afastado por problemas de saúde (incluindo uma fratura na vértebra, esclerose múltipla e doença de Ménière), foi suprida pelos tecladistas Paulo Cuevas e Shawn McNair, que também auxiliaram nos backing vocals.

Apresentação aguardada
O impacto desta reunião ficou claro antes mesmo do show começar. A quantidade de fãs usando camisetas da banda superava até mesmo a de alguns headliners, demonstrando o quanto esta apresentação era aguardada. O repertório, focado principalmente no material gravado durante a era Zak Stevens (1993-2002), trouxe faixas marcantes como “The Wake of Magellan”, “Chance” e “Handful of Rain” — esta última coincidentemente executada enquanto uma rara garoa caía sobre São Paulo.
Das músicas originalmente gravadas por Jon Oliva, o grupo privilegiou aquelas que já eram costumeiramente interpretadas por Stevens, como “Jesus Saves” (executada em um andamento bem mais lento que o original), “Sirens” e “Hall of the Mountain King”, que encerrou o show de forma vigorosa. “Gutter Ballet” também marcou presença, porém sem o característico dueto em jogral que se tornou comum nas turnês dos anos 90.

Jon Oliva no telão
O momento mais emocionante da noite veio durante “Believe”. A primeira parte desta balada de “Streets — A Rock Opera” (1991) foi executada apenas pelo sistema de som enquanto o telão mostrava uma versão gravada por Jon Oliva ao piano. A banda entrou após o primeiro refrão, com Stevens assumindo os vocais. Durante o solo, imagens do saudoso Criss Oliva (guitarrista fundador falecido em 1993) foram exibidas, antes de Jon reaparecer nas telas para a parte final, concluindo uma homenagem que deixou muitos fãs com lágrimas nos olhos.
Apesar da execução tecnicamente impecável, era perceptível um certo desconforto inicial nos músicos, algo natural para quem não tocava junto há mais de duas décadas. Esse nervosismo foi se dissipando ao longo da apresentação, especialmente após momentos de grande conexão com o público, como em “Chance”, quando bandeiras de diversos países (incluindo a brasileira) foram exibidas no telão.

Fã invade palco e Stevens chuta bolas!
Em “Edge of Thorns”, enquanto Caffery se esforçava para reproduzir o icônico solo de Criss Oliva, uma fã empolgada invadiu o palco, acrescentando um momento de imprevisibilidade ao show. Simultaneamente, Stevens distribuía ao público bolas de futebol autografadas pela banda, num gesto que reforçou a conexão especial entre o Savatage e os fãs brasileiros.
Após mais de 60 minutos de palco, ficou a sensação de que este era apenas o começo. A escolha do Brasil para iniciar esta nova fase não foi por acaso – o país elevou o status da banda após os shows de 1998, criando um vínculo que resistiu ao tempo e ao silêncio de mais de duas décadas.
Setlist: Savatage no Monsters of Rock 2025
- The Ocean
- City Beneath the Surface (introdução)
- Welcome
- Jesus Saves
- The Wake of Magellan
- Dead Winter Dead
- Handful of Rain
- Chance
- Gutter Ballet
- Edge of Thorns
- Believe (com Jon Oliva no telão)
- Sirens
- Hall of the Mountain King
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