Rolling Girls é um daqueles animes que você precisa ler a sinopse de cara para entender um pouco do que acontece já nos primeiros episódios.
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Para quem não sabe, a animação foca nas aventuras de Nozomi Morotomo num Japão pós-guerra, onde o país acabou se dividindo em 10 cidade-estados.
Eu Quero Ser Uma Heroína!
Cada um destes distritos, tem seu regulamento e maneira de governar e mais: Um vigilante (Best) e sua equipe (Rest), que a todo momento, acabam entrando em conflito um com o outro.
É nessa que a jovem recruta, aspirante a ser uma Best, substitui a vigilante de sua prefeitura – Maccha Green, ferida gravemente em uma batalha – e sai em viagem com suas amigas por toda a extensão nipônica.
Na busca pela paz entre os povos, ela almeja se tornar mais forte procurar por jóias-coração, estas, possuidoras de um misterioso poder latente.
Premissa e Camadas
Até aí, a animação do Wit Studio (Shingeki no Kyojin, Hal) parece ter uma ótima premissa, cheia de batalhas e com muita aventura. Até num ponto SIM! Mas o outro ponto, e que talvez seja um problema é o seu direcionamento. Rolling Girls não é uma simples animação superficial e mais, não tem um público alvo tão amplo – digo, fora do Japão…
Vou-lhes explicar melhor. Se dividirmos a animação em três camadas, teríamos:
A primeira seria o fato da evolução da(s) personagens(s) principal(is), desbravando o Japão por estradas em suas motocicletas. Até aí, um bom slice of life, com cenários belíssimos, batalhas de tirar o fôlego, ótimo acabamento sonoro e algumas doses de non-sense e humor.
A segunda camada é quanto a união e a amizade. Em diversos momentos nos 12 episódios, temos batalhas que não se resume a porradaria. Muitas vezes, rivais ou amigas de infância se encontram numa posição de inimizades, mas sabemos que é algo temporário, que vai acabar.
A terceira camada é a menos direcionada para quem não mora no Japão. Rolling Girls tem muita referência histórica, social e sobretudo, geográfica. Com toda certeza, o povo japonês pode curtir o anime com outros olhares e assim, identificar ainda mais com a animação.
Colírio para os Olhos
Se em momentos você acaba se perdendo no complexo roteiro da trama, uma coisa é certa: A animação é um deleite visual.
Arrisco dizer que é difícil pegar todos os detalhes numa só “assistida” e pode ser que seja mais interessante – e para quem gostou – ver novamente.
Com isso, podemos reparar melhor nas imagens e teríamos um entendimento melhor da história.
Já falado ali em cima, saber um pouco da geografia do Japão é bem importante; De Tóquio ao Monte Fuji, o quarteto feminino viaja pelas mais variadas ambientações e localidades turísticas.
União é Poder
Um ponto bem interessante abordado na série é com relação a PODER. O que é poder para você? O que é ter poder para você?
Enquanto pessoas usam as tais jóias-coração para ficarem mais fortes, outras conseguem ser tão fortes com apenas uma palavra. Estas tais pedras misteriosas – um dos segredos do anime é saber de onde elas vieram – na verdade não dão poder algum para o portador. Elas na verdade, potencializam o poder que já temos; De certa forma, um poder oculto.
Então em diversos momentos, somos surpreendidos com uma força sobre-humana de pessoas que nem mesmo utilizam tais pedras, ou o contrário, a dependência por estas pedras acaba sendo tão grande, que sem elas, tais pessoas se tornam completamente inúteis em combate.
Outro poder que a animação sempre toca, é o da amizade. Já dito antes, diversos obstáculos são vencidos com a união e é bem daquele dito popular: União faz a força!
Rock N’ Roll
Depois do visual coloridasso, não tem como não falar dos efeitos sonoros e da própria trilha sonora, perfeita pra quem curte um rock n’ roll!
Não basta ter as músicas de abertura e encerramento, mas durante todo o período da série, bandas de rock são referência para muita coisa – até nas batalhas!
Então, se você curte o clássico de Bryan O’Malley, Scott Pilgrim ou animes como K-ON! e HaNaYaMaTa, já sabe muito bem o que encontrar aqui.
Dinâmica do Enredo
Rolling Girls pode ser bem divido em episódios-duplos. Quase sempre, temos um primeiro episódio em uma nova localidade onde somos apresentados a uma determinada situação. Logo depois, temos o desenvolvimento e um cliffhanger para o episódio seguinte, onde neste, tem-se a conclusão.
O que difere é quanto a conclusão da série, com um misto de todos os fatores e tramas que são apresentadas na série, o que pode para muitos – como no meu caso – achar que a evolução da série seja lenta.
Para falar a verdade, É e não É, já que apenas lá pro meio da temporada começamos ter uma compreensão maior dos fatos, juntando os diversos enigmas que a série aborda.
Outro porém, não negativo, mas que apenas pessoas com uma boa memória podem aproveitar, é a quantidade de personagens. São dezenas, todos com uma história e character design bem interessante, e que poxa, em 12 episódios, fica bem difícil assimilar tanta informação.
Filhas da Anarquia
Podemos concluir então que Rolling Girls não é um anime para todos. É um anime com três camadas – pelo menos – e com uma trama além da linearidade.
Indicado para quem curte visuais coloridos, arte aquarelada, rock, pitadas de non-sense e lutas overpower. Já não é indicado para os góticos de plantão e para quem não curte histórias sem pé-nem-cabeça.
Se você está mais habituado com a história do Japão, com sua geografia e cultura – culinária é um boa pedida também – a sua identificação será ainda maior.
Mas lembre-se, assim como muitos animes “cult”, não espere algo tão hollywoodiano, ou seja, não espere uma trama toda mastigadinha e explicada.