Qual foi a estratégia dos cosplayers após o cancelamento dos eventos

A pandemia da COVID-19 mudou a dinâmica da maioria das profissões, e com os cosplayers não foi diferente. Sem os eventos presenciais eles tiverem que se reinventar e buscar novas estratégias para continuarem ativos em seu trabalho. Desde venda de produtos, até rotina de influencer ou especialização na área, o que não faltou foi criatividade e dedicação nesse período de quarentena.

Este foi o caso da cosplayer Bruna Wolff, que iniciou sua trajetória neste ramo em 2018. Ela conta que nos 2 primeiros anos fazia cosplay em eventos, mas nos anos seguintes, com o adiamento e cancelamento deles, sua rotina teve que mudar e se adaptar. Sobre isso, Bruna compartilhou um pouco da sua experiência:

Acho que todo cosplayer precisou se adaptar nesse período. No início, lembro que os challenges em grupo (com cada um gravando da sua própria casa) ficaram bem populares, já que eram um jeito de interagir com outros cosplayers, mesmo de longe. As lives também se tornaram bem comuns, tanto para conversar com o público, como para os eventos online, que tentaram preencher um pouco do vazio que o adiamento dos eventos presenciais deixaram.

Bruna Wolff (Imagem Divulgação)

Ela conta ainda que teve de apelar para as redes sociais, pois viraram o principal meio de divulgar o trabalho, manter contato com o público e continuar ativa neste meio. Além disso, teve que colocar a criatividade para trabalhar a fim de sair do básico de apenas tirar foto de cosplay. Assim, Bruna apostou em algumas trends da internet, como os vídeos de maquiagem.

No entanto, algumas coisas mudaram para melhor, como o reconhecimento que os cosplayers tiveram como influencers e criadores de conteúdo pelas marcas. Com isso Bruna conseguiu fazer alguns trabalhos e almeja novas oportunidades para o próximo ano. Por fim, ela declara:

Para 2022, a verdade é que eu não vejo a hora de voltar aos eventos, com todos os cuidados, é claro. Mas eu acredito muito que, mesmo com a volta dos eventos, essas tendências vieram para ficar e hoje eu enxergo as redes como uma grande vitrine para os cosplayers

Do mesmo modo, não foi só a Bruna que apostou nas redes sociais para se manter ativa neste meio. Bianca Contursi, cosplayer profissional que possui mais de 140 mil seguidores nas redes e quase 5 anos de experiência, compartilhou um pouco das estratégias que utilizou durante esses anos de pandemia.

A criação de conteúdo sempre fez parte do meu trabalho, mas nestes últimos dois anos me dediquei mais aos vídeos no YouTube e outros conteúdos informativos no Instagram, em paralelo ao trabalho como Cosplay. Também foi preciso usar a imaginação e investir em Cosplays de Armário, por exemplo -quando produzimos um look inspirado em um personagem usando peças que temos em casa – e em melhorar as técnicas para tirar fotos ou gravar vídeos sozinha em casa.

Bianca Contursi (Imagem Divulgação)

Assim, além de intensificar seu lado Youtuber e de criadora do conteúdo, Bianca também optou por vender produtos próprios com sua marca, a Bia Box. Desde fotos assinadas, chaveiros, porta-copos, adesivos, até bonecos, a cosplayer já vendeu mais de 100 produtos até o momento. Sobre isso, ela declara:

Essa relação fã e cosplay é muito parecida com a relação fã e artista. Eles gostam de consumir os produtos de seus cosplayers e personagens favoritos. E essa é uma forma também de nos mantermos próximos do público e também de continuar a gerar receita para a produção de novos cosplays, que não são baratos.

Bia Box (Imagem Divulgação)

Ainda mais, outra cosplayer decidiu usar a criatividade e as mãos para dar vida aos personagens. Conhecida como “Nati Biruta“, Nati transformou a sua casa em um estúdio de criação de cosplays, ocupando o tempo livre para confeccionar as próprias roupas. Assistindo a vídeos de costura, de utilização de EVA, sobre como arrumar perucas e usando roupas, maquiagem e materiais que tinha em casa, ela fez diversos cosplays com as próprias mãos. No entanto, ela também teve uma grande ajuda para seu desenvolvimento, como relata a seguir:

Também entrei no projeto Universidade Cosplayer – uma mentoria em Branding Pessoal e Posicionamento Digital – onde aprendi a dar a minha cara, a minha marca para os cosplays que eu fazia. Foi muito legal poder criar e ver crescer essa comunidade “birutinha” que tenho hoje.

Nati Biruta (Imagem Divulgação)

E assim como Bianca, Nati está investindo na venda de produtos próprios, como fotos, bottons, adesivos e outros produtos destinado aos fãs e a outros cosplayers. De qualquer forma, ela ainda quer voltar para os eventos presenciais: “Independente se for a trabalho ou por conta própria, essa com certeza é a parte que mais amo em fazer cosplay: sentir o carinho da galera nos eventos!”, diz ela. Assim, Nati continua sua busca para novas parcerias e novos jobs, além de seguir se dedicando as estudos.

Então, visando impulsionar os cosplayers, para que se profissionalizem e se adaptem a esse novo período, a B21Geek – agência de Branding Digital e Relações Públicas com foco do público Geek – criou uma mentoria para este segmento. Chamada de Universidade Cosplayer, ela ensina e orienta os cosplayers a olharem para si mesmos como marca pessoais e se tornarem empreendedores.

Assim, a Universidade já formou cerca de 60 alunos, fazendo com que eles desenvolvessem a capacidade de divulgação e desenvolvimento pessoal, como relata Daniella Cadavez, diretora da B21Geek:

Nós ensinamos como desenvolver a marca pessoal, fundamentos de branding, divulgar o trabalho deles online, em quais canais estar, como vender esse trabalho, onde eles podem buscar fontes de receita. Nascemos no finalzinho de 2019 e praticamente todo nosso ‘tempo vida’ aconteceu durante a pandemia, sem os eventos, com o isolamento social. Mais do que nunca foi um momento em que todos precisaram aprender a se posicionar de forma diferente.

Ainda, a Universidade Cosplayer visa evoluir para “Clube B21Geek”, englobando não só cosplayers, mas também criadores de conteúdo, artistas e outros profissionais desse segmento. Com isso, a Universidade busca orientar os profissionais que tiveram de se adaptar com a falta dos eventos presenciais.

Este novo período exigiu muita criatividade e dedicação dos cosplayers, que não desistiram de continuar a dar vida aos personagens queridos. Assim, é importante que eles se reinventem e aprimorem cada vez mais, para continuar a trazer para o mundo real um pouco da ficção que tanto amamos.