Olha, gente… se tem uma coisa que eu desgosto a respeito dos games modernos, é do sumiço de certos gêneros. Estratégia em tempo real, por exemplo! Nem sei contar quanto tempo eu perdi jogando Warcraft II lá em 1999, ou Age of Empires II na época do colégio. No entanto, se você parar para analisar, o último grande jogo de estratégia em tempo real foi Starcraft II, e isso foi em 2007!
Desde então, o gênero precisou se remodelar, e agora temos híbridos interessantes como Northgard, ou Frostpunk, mas aquela experiência de construir uma base, minerar recursos, e fazer um exército para esmagar a base inimiga não existe mais. A não ser, claro, que você revisite os clássicos.

O retorno do survival horror old-school
O gênero que mais me dói ter perdido é, de longe, o survival horror old-school. Não é que a gente não tem jogos de terror de alto nível hoje em dia: a série Resident Evil está mais popular do que nunca graças aos remakes dos antigos jogos da série; ano passado o remake de Silent Hill 2 trouxe de volta uma das histórias mais marcantes do gênero; estúdios independentes como a Frictional Games ainda criam experiências incríveis como Amnesia: The Bunker. Mas aquele particular sabor de game de terror, dos Playstations 1 e 2, de onde vieram os excelentes Dino Crisis, Fatal Frame, Rule of Rose, Haunting Ground, Siren, e tantos outros? Aquele está sobrevivendo com ajuda de aparelhos.
E com a palavra “aparelhos”, quero dizer “desenvolvedores independentes”, naturalmente! Os anos de 2021 e 2022 viram lançamentos excelentes como Tormented Souls e Signalis, e agora, no dia 31 de março de 2025, temos mais uma grande promessa com o lançamento de Post Trauma, que será lançado para o Playstation 5, Xbox Series S/X e Steam, e tivemos a oportunidade de experimentar a demonstração do jogo.

Post Trauma e o terror com câmera fixa
É imediatamente aparente o sentimento que Post Trauma deseja criar no jogador. Após uma breve cutscene introdutória, acordamos dentro de um vagão de trem, sem fazer a mínima ideia de onde estamos ou quem somos. Nosso personagem, no maior estilo de cara comum e indefeso típico dos jogos de terror do Playstation 2, é um senhor de cabelos brancos que aparentemente é funcionário do metrô em algum lugar não especificado. Assim que tomamos o controle e movemos o personagem, notamos que não temos controle nenhum sobre a câmera. Sim! Ângulos de câmera fixos!
Permitam-me divagar um pouco sobre porque amo os jogos de terror com câmera fixa. Na época do primeiro Resident Evil, o estilo foi adotado para circundar as capacidades gráficas do Playstation 1 e seus míseros 2 MB de memória. A Capcom bolou um sistema no qual o ambiente era inteiramente renderizado apenas com pinturas estáticas, que iam mudando conforme o personagem andava pelo espaço, e desta forma, guardava todo o processamento para a criação de bonecos de personagens e monstros em um 3D inigualável para a época.
O ápice deste sistema, na minha opinião, foi com o lançamento do remake do primeiro Resident Evil para o Gamecube, sistema esse que já não precisava lidar com as mesmas limitações, e por isso foi capaz de entregar um dos jogos mais fotorrealistas que existe utilizando o mesmo sistema. Post Trauma aposta na mesma ficha, mas utiliza-se da Unreal Engine 5, um dos motores gráficos mais capazes dos tempos modernos, para criar uma ambientação realmente invejável, considerando que estamos falando da desenvolvedora Red Soul Games, uma empresa pequena vinda da Espanha.

Dentro do trem, a vibe da estação de metrô em Silent Hill 3 já nos atinge de imediato. Para conseguir sair do trem, obviamente, precisamos resolver um problema: um cadeado com uma combinação. Na direção do fundo do trem, as luzes de emergência estão acesas e um manequim sob uma luz vermelha posa com o mecanismo do cadeado, como se o oferecesse a nós. Nossa lanterna ilumina as paredes do último carro, cobertas com figuras geométricas, e nós precisamos descobrir o que cada figura geométrica corresponde a cada número do cadeado utilizando o mapa do sistema metroviário. É o mais puro suco do survival horror.
Após resolver este puzzle, podemos explorar um pouco da estação de metrô. É uma estação de metrô comum, com alguns probleminhas do tipo “encontre um pé-de-cabra pra forçar um portão”, mas logo os símbolos estranhos na parede começam a surgir. Junto com os tentáculos orgânicos saindo das paredes também, naturalmente. E com os grupos de manequins que parecem te observar. Não demora muito para que tenhamos que utilizar esse mesmo pé-de-cabra para bater num monstro grotesco de duas cabeças, com um sistema de combate que parece ser duro e difícil, mas de forma tradicional, como um bom survival horror deve ser.

Expectativas
A demo é dedicada a nos mostrar apenas um pouquinho do que poderemos explorar no jogo completo, mas tudo segue o padrão de como funcionavam os antigos survival horror da época do Playstation 2.
Os visuais deslumbrantes que a Unreal Engine 5 é capaz de criar, mesmo com um orçamento nitidamente pequeno, são evidentes na atmosfera da estação de metrô, e no que é possível explorar, resolvemos pequenos quebra-cabeças, como encontrar cartões para abrir portas, descobrir códigos para abrir portas, e utilizar cabos de metal para alcançar fusíveis fora de alcance. Fusíveis que serão utilizados em painéis de força para, você adivinhou, abrir portas.
Na demo, tudo culmina com um momento em que um trem infelizmente passa por cima do nosso personagem, algo que suponho que não acontecerá (ou será um sonho) no jogo completo.
Post Trauma será lançado para Steam, Xbox Series S/X e PS5 em 31 de março.