O ano de 2023 está sendo incrível para os jogos de luta e com Pocket Bravery não foi diferente.

Até agora, tivemos o monumental lançamento de Street Fighter 6, que revolucionou trazendo conteúdo em quantidade e qualidade para jogadores casuais e competitivos. Algumas semanas depois, Guilty Gear Strive recebeu um patch massivo com mudanças de balanceamento, novas mecânicas e novos personagens com sua terceira temporada.

Por sua vez, Mortal Kombat terá nova versão em setembro, que parece voltar atrás com muitas das mudanças que fizeram na última versão, Mortal Kombat 11.

Além disso, no início de 2024 Tekken 8 virá com novas mecânicas e possivelmente trará mais uma gama de novos lutadores para a nova geração de jogos de luta 3D.

Desta forma, não há época melhor para lançar um novo jogo de luta e entrar na cena competitiva como a atual.

Conheça Pocket Bravery

Apresentamos, então, uma novidade no cenário independente de jogos de luta brasileiros, o excelente Pocket Bravery. O jogo está em desenvolvimento desde 2020 pela Statera Studio, mas lançou sua primeira versão oficial agora no final de agosto de 2023.

Então, deixem-me contar, amigos: é um joguinho surpreendente que, apesar de suas raízes humildes e independentes, possui tanto conteúdo quanto as grandes franquias do gênero. Na verdade, até mais se comparado com alguns outros jogos de luta.

Pocket Bravery Review
Divulgação: Suco de Mangá

Single-player

Primeiramente, vamos dar uma olhada no conteúdo single-player do jogo, o que é um grande diferencial nos jogos de luta.

Ter uma boa variedade de modos e personagens é um aspecto chave para que um jogo de luta se destaque. Afinal, muitos jogos antigos não têm nada além de seus modos competitivos. Inclusive, mesmo a Capcom se destacou negativamente ao lançar Street Fighter V em 2016 sem um modo história ou arcade. Assim, afastou os jogadores mais casuais e prejudicou o sucesso do jogo.

Então, fico feliz em afirmar que Pocket Bravery tem inúmeros modos para todo mundo poder treinar e brincar!

Lutadores disponíveis

Falando sobre os personagens, o jogo conta com 13 personagens jogáveis logo nesta build 1.0, sendo dez inicialmente acessíveis e mais três para destrancar. Sendo assim, quem é fã dos jogos de luta como eu consegue reconhecer imediatamente alguns arquétipos.

Nuno é nosso personagem principal estilo Ryu, com movimentos tradicionais de meia-lua e Dragon Punch. Também, temos personagens de zoning, como a Ximena, que possui bolas de fogo, antiaéreos e um teleporte para fugir de pressão. Além disso, temos o russo grandão que dá agarrões, Arshavin, que é imediatamente reconhecível como o Zangief do jogo; dentre vários outros estilos.

Vale também notar que cada um destes personagens joga num estilo bem diferente, dando muita variedade ao elenco do jogo. Inclusive, temos uma menção honrosa para a presença do boneco Sho. Este era o personagem principal do elenco de um antigo jogo de luta da SNK, Breakers, e pode ser destrancado através do modo Arcade!

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Divulgação: Suco de Mangá

Característica dos Personagens

Uma coisa que posso destacar sobre o estilo e individualidade de cada personagem é, certamente, em sua apresentação.

Cada boneco tem seus especiais únicos, e pode, através da porrada, acumular duas barras de especial. A Elemental, usada para fazer versões mais poderosas dos especiais, e a Super, utilizada para soltar poderosos ataques com novas propriedades.

Além disso, o jogo possui até mesmo um ataque estilo “Fatal Blow” como em Mortal Kombat 11. Ou seja, quando seu boneco fica com menos de 30% de vida pode usar um super especial que dá muito dano e tem uma animação bem elaborada para cada personagem.

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Divulgação: Suco de Mangá

Também gostei muito que, assim como em jogos de luta japoneses, os bonecos gritam o nome de seus ataques. Neste caso, como o jogo é brasileiro, os bonecos gritam nomes de ataques em português!

Por exemplo, a Ximena, uma boneca toda gótica que usa uma maquiagem de caveira mexicana, tem o “Véu da Morte” no seu Dragon Punch e o “Ritual Fúnebre” em seu agarrão de comando.

Eu não pude evitar de escolher a Kimberly quando ouvi ela gritar “ARCO VOLTAICO!” ao dar um chute elétrico na cara do meu oponente. Também, é impossível não dar risada quando o Jorge diz “vou meter o louco!” no especial, ou toda vez que Hector te chama de “Zé Ruela” quando você leva um agarrão de comando.

Modo Arcade

Falando no modo Arcade, se você era fã de ficar batendo na máquina lá na época do Super Nintendo, posso garantir que você vai curtir o modo Arcade de cada personagem em Pocket Bravery.

É um modo completo, com historinhas de cada personagem pra acompanhar. Elas são desenhadas em belíssimo estilo pixel art que não deixam nada a desejar para grandes estúdios desenvolvedores.

Assim, você tem lutas contra rivais como em Street Fighter IV, que serão diferentes dependendo de cada personagem, até chegar numa luta final contra o vilão do jogo, Hector.

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Divulgação: Suco de Mangá

Modo História

Contudo, se você quiser ter ainda mais detalhes e uma história ainda mais elaborada, fique tranquilo. Afinal, Pocket Bravery conta com um modo História enorme, digno de ficar ao lado dos modos História de Mortal Kombat.

Nele você acompanha o protagonista Nuno, que fazia parte da Matilha, uma organização criminosa liderada pelo chefão Hector.

Ao ser traído e debandar da Matilha, Nuno é resgatado por um pessoal gente boa, incluindo Ming Wei. Então, passa a aprender como acessar e controlar o seu Ichor, uma espécie de energia interna estilo Chi. Em sua busca por vingança contra Hector, Nuno irá visitar muitos locais ao redor do mundo, onde encontrará os outros personagens, e claro, sairá no braço com todos eles.

O que se destaca no modo História é a qualidade da visual novel que é contada entre cada luta, com desenhos muito bem feitos e animações que dariam orgulho até mesmo aos animadores da Capcom.

Modos Extras

Uma vez que terminar o modo História e fizer os modos Arcade dos bonecos, o jogador não precisa parar de jogar, não! Além de modos extras — Survival e Time Attack —, o jogo conta também com prática de combo trials para todos os personagens, com dez combos para cada boneco.

Depois disso, se quiser brincar ainda mais, temos o “Modo Rodoviária” (ou Rainbow Mode em inglês, provando que nossos desenvolvedores conhecem muito bem a história dos jogos de luta antigos). Neste modo, o jogo fica maluco como os antigos Street Fighters de rodoviária.

Eu não testei muito com todos os bonecos, mas Nuno consegue fazer todos os seus especiais no ar e linkar qualquer combo em qualquer super ou ataque elemental, coisa que normalmente não é possível. Enfim, é um modo muito legal para lutar com os amigos fazendo só maluquice!

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Divulgação: Suco de Mangá

Modo Online

Agora, se você jogar todos esses modos e ainda sentir aquela sede de competição e quiser entrar online para ver como se sai contra outros oponentes humanos, primeiro eu recomendo que você utilize o modo treino.

É aqui que senti que o jogo era realmente bom. Afinal, nós temos todas as opções que agora são padrão em jogos de luta modernos, incluindo coisas que até mesmo a Capcom não colocou em Street Fighter 6.

Além disso, o jogo permite que você veja todos os frames de todos os seus ataques, todas as propriedades. Assim como permite gravar o boneco oponente fazendo determinados ataques, permite que você escolha um ataque para o boneco oponente fazer como reversal ou como levantamento. Também, até mesmo permite que você veja as hitboxes para ver certinho onde seus ataques acertam, coisa que não é possível em Street Fighter 6.

Então, antes de entrar online, você pode treinar suas punições, seus combos, seus setups, e tudo mais que quiser!

Falando sobre os modos online, você pode criar um lobby com seus amigos para ir lutando, até mesmo escolhendo quantas vitórias pra passar pro próximo da fila. Além disso, temos o modo casual e o modo ranked, igualzinho em Street Fighter 6, em que o jogo te coloca contra oponentes de mesma habilidade determinado pelo rank.

Infelizmente, é aqui no modo online onde pude notar a maior parte dos bugs que estão presentes nestas builds iniciais (atualmente na versão 1.08).

Pocket Bravery Review
Divulgação: Suco de Mangá

Antes de mencionar bugs, gostaria de dizer que mesmo a Capcom, que é uma empresa multimilionária, lançou o Rashid com um infinito em Street Fighter 6.

Bom, a Statera Studio não chega nem perto dos recursos que a Capcom possui. Então, não é realista exigir que absolutamente todos os aspectos do jogo estejam 100% polidos.

Coisas que notei nesta primeira semana de jogo

  • A introdução estava sem áudio durante alguns dias. Isto foi consertado na versão 1.08;
  • No modo História, ao jogar com a boneca Malika contra o Daisuke, uma interação entre um ataque de parry da minha boneca contra uma espadada de Daisuke fez o jogo congelar e eu tive que reiniciar todo o capítulo;
Divulgação: Suco de Mangá
  • Durante os primeiros dias, houveram muitas atualizações sequencialmente, às vezes no mesmo dia. Assim, as sessões de jogo online no lobby com os amigos travavam, todo mundo tinha que atualizar o jogo e só assim podíamos jogar novamente;
  • Tive relatórios do modo ranked que não atualizaram sua pontuação após uma vitória;
  • O modo trial às vezes tem umas quedas de frame após resetar a posição dos bonecos.

Veredito de Pocket Bravery

No entanto, mesmo com estes pequenos defeitos, podemos dizer que Pocket Bravery é um jogo muito completo e que só tende a ficar melhor.

Recomendo muito o jogo a qualquer pessoa que curta jogos de luta, desde quem gosta de jogar contra a máquina até quem vai entrar no Treta ou no Fight in Rio!

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