Muitas vezes quando eu falo que sou fã de terror as pessoas ficam confusas, já que dificilmente algo me assusta. Há esse mito de que o terror deve ser sempre “assustador” ou então algo que “dê sustos”.
Porém, o que algumas pessoas ainda não perceberam é que o terror tem mais a ver com um gênero de abordagem de uma temática do que com sustos ou medo em si. Por isso que obras que consigam mesclar esses temas com outros gêneros como a ação, o romance e até a comédia, tem um espaço especial no meu coração.
Pânico (Scream) foi um filme revolucionário no seu tempo porque ele trouxe, com imensa qualidade, justamente essa discussão para as telas. A obra zomba com os filmes slashers da época (Sexta-Feira 13, Halloween, A Hora do Pesadelo) sem se tornar uma paródia, mas acoplando um humor inteligente a uma trama de assassinatos que tem como foco justamente filmes de terror.
Histórico
A franquia, que começou em 1996, teve uma das maiores bilheterias do gênero no cinema. Assim, seu sucesso e impacto foi tão estrondoso que nos Estados Unidos a venda de identificadores de chamada (a famosa bina) triplicou após o lançamento do longa!
A série que tinha como ideia terminar no terceiro filme, como uma trilogia, voltou em 2011 com Pânico 4 que — apesar de não ter tido somente respostas positivas da crítica — eu gostei bastante.
Entre os lançamentos do quatro e quinto filme uma série foi ao ar em três temporadas, com personagens diferentes dos da franquia original.
Em 2022 tivemos o lançamento de Pânico 5, que resolveu mudar a protagonista da série, apesar de ainda vermos personagens do longa. Sendo assim, Sidney já não era mais a final girl, que foi substituída por Samantha e Tara Carpenter (interpretada pela própria Wandinha Addams, vulgo Jenna Ortega). Esse longa teve uma melhor recepção do público do que o quarto filme, e criou uma expectativa para o sexto lançamento: Pânico 6, em março de 2023.
O Suco de Mangá foi convidado para assistir com antecedência o longa, e como uma fã de carteirinha dos filmes anteriores, eu não poderia estar mais feliz. Mesmo com algumas críticas aqui e ali, Pânico é uma franquia que eu considero muito bem construída, no sentido de que cada filme possui um nível de qualidade similar a outro da mesma série. Algo que nunca acontece quando falamos de franquias de terror (Halloween que o diga), e mesmo tendo meus favoritos, eu sempre admirei como os diretores e roteiristas conseguiram manter uma mesma história sendo constantemente recontada de maneira a atrair o público.
Pânico VI
Se você está esperando algo de novo, eu já lhe aviso: irá se decepcionar. Pânico 6 entrega tudo que já vimos antes, mas de uma forma mais sangrenta e brutal. De qualquer forma, na minha opinião, não vejo isso como algo negativo. Eu acho que a fórmula da franquia é ótima, unindo a sátira dos filmes slasher com metalinguagem e sempre o mistério de quem será o Ghostface.
O filme é um tanto longo, mas ele não passa essa sensação, já que é tão divertido que passa voando enquanto vemos os corpos se empilhando. Se eu tivesse que descrever a obra em uma só palavra seria justamente essa, “divertido”, talvez eu seja suspeita, mas eu realmente acredito que essa junção do alívio cômico foi feita para a franquia Pânico, de maneira que nenhum outro filme do gênero consegue encaixar tão bem.
É claro que, seguindo uma mesma fórmula, o filme também é meio pastelão. Ele tem sua breguice bem característica dos anos 90 que foi trazida diretamente para 2023, e a ideia de mudar a protagonista é uma aposta arriscada, mas que funciona, mesmo que Sidney ainda seja minha queridinha.
As atuações estão no ponto certo, e os efeitos práticos bem realizados. Em suma, como produção, ele entrega tudo que é necessário ao mesmo tempo que traz esse ar de nostalgia, ainda mais para quem cresceu nos anos 90.
Pânico VI consegue atingir as expectativas do público, dando uma nova roupagem a uma receita já conhecida, continuando a nos entregar algo fresco, interessante e divertido. Agora só nos resta esperar para ver o que o futuro reserva, e até onde a franquia pode chegar.