Em meio a tantos gêneros que passam por problemas referente a criatividade e qualidade, o terror certamente é aquele que mais caiu num ostracismo de ideias inovadoras para trazer aquele impacto assustador que nos causavam ao assisti-los. Independente de cenas gore, jump scares ou terror psicológico, o gênero têm passado por maus bocados, e Pânico 5 infelizmente explana ainda esses problemas, mas prefere se agarrar ao cômico para se manter em pé; atinge o objetivo contudo se torna o famigerado filme de fã para fãs, podendo afastar bastante o público.
Talvez algumas pessoas não estejam familiarizadas com um subgênero de terror que surgiu lá pelos anos 2000, o famigerado “terrir” trabalha um filme de terror padrão com elementos cômicos ao qual passam dos limites para quebrar a tensão, se tornando um filme em equilíbrio entre o humor e o terror, Pânico 5 soube trabalhar bem isso, não têm medo de tirar sarro dos filmes antigos e ainda sobra uma casquinha para os fãs, sem ser escrachado e passando do alívio cômico, a comédia na trama é muito bem feita, nos faz morrer de rir ou tirar um risinho inocente e ainda por cima segura sua atenção do início ao fim, não sou fã de “terrir” mas finalmente assisti um que realmente me agradou bastante.
O terror em si não têm muito o que dizer, o clichê reinou aqui, mas na mão de quem sabe fazer filme de terror, a mesmice dá certo e convence ao máximo, os diretores Tyler Gillett e Matt Bettinelli-Olpin já são velhos no gênero, trabalharam juntos em Casamento Sangrento, O Herdeiro do Diabo, VHS e muitas outras obras. Por mais que aqui seja trabalhado mais jump scare, esse não é o trunfo do filme, o suspense que precede o mesmo é o que consegue nos consumir em tensão e ansiedade pelo acontecimento, não têm medo de usar o mesmo jogo de cenas contudo entrega em alta qualidade esses momentos por meio de grandes fotografias bem iluminadas e escuras sem apelar para o breu total e design de som impecável que nivelam o volume sem ser irritante ou incômodo, mas o jump scare e as cenas de morte em si já são um problema do próprio gênero, então é lógico que ficaria fraco e sem sal, quanto os mesmos acontecem, não causa nenhum sentimento.
Muito lindo esse perfeito equilíbrio, pena que o filme cai para um lado um tanto questionável, lógico que existem muitos fãs da franquia Pânico e claro que os mais extremistas vão defender com unhas e dentes, mas como o próprio filme brinca, nenhum deles será tão revolucionário ou impactante quanto o primeiro Pânico. Isso vale para outras franquias inclusive, e como aqui ele se prendeu a toda franquia para brincar com a “qualidade” da mesma, talvez alguém que não tenha visto os outros filmes não vão pegar algumas referências, ainda mais se nunca viu o primeiro filme, por mais que eles tentaram deixar mastigado, acho que não sou a melhor pessoa para falar sobre isso porque eu gosto do primeiro filme e assisti mais de uma vez, então para mim ficou fácil absorver tudo, mas para quem não viu, terão momentos muito gratuitos que trarão uma certa confusão, e pelo fato do terror em si ser algo bem sem sal, um público novo não será pego por ele, por isso o fanservice extrapolado com tantas piadas para segurar o filme, talvez seja um pedido de desculpas para os fãs que só se machucaram com os outros filmes da franquia.
Todo filme de terror têm um final aberto, e claro que aqui não poderia ser diferente, Pânico 5 consegue entregar uma bela obra muito divertida e pouco assustadora, se mantém em alta qualidade só que exclusivamente para os fãs da franquia ou do gênero, nessa aposta que esse filme tentará ser um sucesso e quem sabe brotar uma sequência, vindo do atual momento do cinema, reboots, remakes seguido de sequências incansáveis define o momento, mas que Pânico 5 está acima de muitos filmes do ano passado isso não há dúvida, o que na verdade não é muito difícil.