O comércio entre Brasil e Ásia acaba de ganhar um importante impulso com a inauguração de uma nova rota marítima direta ligando a Chinaao Ceará. Batizada de Serviço Santana, a conexão foi anunciada através de uma parceria entre a MSC (Mediterranean Shipping Company) e a APM Terminals, e promete reduzir pela metade o tempo de transporte de mercadorias entre os dois países.
A nova operação logística estabelece uma ligação direta entre o Porto do Pecém e importantes centros portuários asiáticos, incluindo Xangai (o maior porto do mundo), Ningbo, Yantian e Qingdao na China, além de Busan na Coreia do Sul, Singapura e Mundra na Índia. No trajeto de retorno, a rota inclui escalas no Panamá e na República Dominicana antes de chegar ao território cearense.
Benefícios da rota China – Ceará
Um dos principais benefícios da nova rota é a expressiva redução no tempo de transporte. O que antes levava entre 60 e 65 dias agora poderá ser realizado em apenas 30 a 37 dias. Segundo especialistas do setor, essa otimização deve impulsionar as importações no estado em até 20%.
“A expectativa é que o transporte de cargas aumente consideravelmente, e o fluxo pode chegar a 20% a mais em importações. É uma mudança que representa um ganho relevante em eficiência para os importadores”, afirma Augusto Fernandes, CEO da JM Negócios Internacionais.
Impacto na Shopee e AliExpress
O impacto será particularmente significativo para grandes plataformas de e-commerce como Shopee e AliExpress, que têm expandido sua presença no mercado brasileiro. Embora os especialistas não prevejam uma redução imediata de preços para o consumidor final, os benefícios logísticos são consideráveis.
“A redução no custo não é tão expressiva, mas o impacto no tempo de transporte é. Com prazos mais curtos, as empresas podem otimizar seus estoques, planejar melhor suas vendas e tornar a operação mais eficiente”, explica Fernandes.
Com esta nova conexão, o Porto do Pecém consolida sua posição como um hub logístico estratégico para o Brasil, aproximando o país dos principais centros produtores asiáticos e criando novas oportunidades para o desenvolvimento econômico do Ceará no cenário do comércio exterior.
Em uma demonstração clara da força da comunidade de Ragnarök Online na América Latina, a Gravity anunciou que todos os ingressos para o “Ragnarök: The Orchestra Concert” foram esgotados no último final de semana. O evento, que acontecerá no dia 14 de junho no Teatro Bradesco, em São Paulo, representa um marco histórico para os fãs brasileiros, sendo a primeira vez que o concerto é realizado fora do continente asiático.
Sob a regência da Maestra Sol Chin e execução da Orquestra Sinfônica Villa Lobos, o espetáculo apresentará 27 faixas icônicas da trilha sonora original do MMORPG, incluindo clássicos como “Peaceful Forest” e “Theme of Al de Baran”. O público também poderá apreciar quatro arranjos inéditos, com destaque para uma adaptação com temática latino-americana da famosa “Theme of Prontera”.
Os espectadores receberão um pacote VIP contendo uma camiseta comemorativa exclusiva e códigos promocionais para recompensas dentro do jogo. Esta iniciativa faz parte da estratégia de lançamento do Ragnarök Online América Latina, previsto para 28 de maio.
Gravity na Gamescom Latam
Imagem Divulgação
O sucesso do concerto vem na esteira da destacada participação da Gravity na gamescom latam, onde o estande de Ragnarök Online atraiu multidões com missões interativas e distribuiu mais de 10 mil brindes temáticos. Durante o evento, Brian Song, diretor de negócios da Gravity LATAM, participou de um painel no Palco Principal para discutir a expansão da empresa na região.
Lançado originalmente em 2002 e presente no Brasil desde 2004, Ragnarök Online continua cativando jogadores com seu universo de fantasia. Os fãs podem acompanhar as novidades do jogo através das redes sociais oficiais no Instagram, YouTube, TikTok e Discord.
A Editora Panini anuncia o lançamento oficial do mangá Mangaká da Favela, obra escrita por Souhachi Hagimoto e ilustrada por Minoru Takuro. O título já está disponível para compra no site oficial da editora, nas Panini Points e nas principais bancas, lojas especializadas e livrarias parceiras em todo o país.
Assim, em edição tankobon com 210 páginas, o primeiro volume mergulha o leitor em uma história potente sobre frustração, esperança e conexões improváveis.
O protagonista é Hiroto Takei, um mangaká japonês de 30 anos que, mesmo sendo uma boa pessoa, não consegue alcançar o sucesso que almeja. Então, após abrir mão do sonho de conseguir uma serialização, ele embarca em uma viagem ao Brasil em busca de cura para suas decepções — e acaba se perdendo dentro de uma favela.
É nesse espaço, à margem das grandes cidades, que Hiroto conhece João, um adolescente de 15 anos com um olhar penetrante e um coração cheio de vontade. Apesar da realidade difícil em que vive, o jovem brasileiro tem um desejo ousado: tornar-se um mangaká.
Sendo assim, o encontro entre esses dois personagens tão distintos — mas unidos pelo amor aos quadrinhos e à arte — dá início a uma jornada inesperada, sensível e carregada de humanidade.
Mangaká da Favelaoferece uma perspectiva rara e emocionante da troca cultural entre Brasil e Japão. Afinal, retrata com respeito as comunidades periféricas brasileiras enquanto explora o poder transformador das histórias em quadrinhos.
Hiroto Takei, um mangaká de 30 anos que, embora seja um cara legal, nada dá certo em sua vida. Ao desistir do seu sonho de publicar uma serialização, ruma para o Brasil em uma viagem para curar suas mágoas. Ele acaba se perdendo em uma favela e conhece João, um garoto pobre de 15 anos que tem um olhar intenso. O jovem, que vive do outro lado do mundo, tem o sonho de se tornar um mangaká. A história de dois mangakás na favela perseguindo seus sonhos tem início.
A NISSIN FOODS DO BRASILacaba de colocar no ar uma campanha que promete agradar tanto aos fãs deCup Noodles® quanto aos nostálgicos. Os icônicos Cup Toys estão de volta para celebrar o novo sabor Parmegiana de Carne.
Desenvolvida pela Dentsu Creative, a ação é dividida em três filmes que colocam os representantes dos sabores em situações bem-humoradas. Assim, reforçam o lado divertido da marca e o carinho que o público tem pelos personagens.
No centro da narrativa está o novo Cup Noodles® sabor Parmegiana de Carne, que se junta ao portfólio de 13 sabores já disponíveis. O primeiro filme estreou em 28 de abril e apresenta um cenário lúdico, repleto de referências ao universo Nissin.
Na sequência, ainda na primeira quinzena de maio, as telas são palco de um duelo à moda antiga, no Coliseu Nissin. Os sabores Bolonhesa e Parmegiana de Carne disputam a preferência do público. Já no terceiro filme, com previsão para o final de maio, os Cup Toys reconhecem que a rivalidade é eterna – e que só o consumidor pode decidir qual Cup Noodles® leva a melhor.
A campanha será veiculada em redes sociais como TikTok, Instagram, Facebook e YouTube, com destaque para o sabor marcante do novo produto, que combina o aroma de tomate com queijo, uma das duplas mais queridas da culinária brasileira.
Os fãs de J-Hope já podem comemorar: a UCItraz para as telonas a transmissão ao vivo do encerramento da turnê solo do artista sul-corenao. “j-hope Tour ‘HOPE ON THE STAGE’ in JAPAN: LIVE VIEWING” terá exibição em tempo real nos cinemas da rede no dia 31 de maio, às 20h, diretamente do Kyocera Dome, em Osaka, no Japão. A pré-venda de ingressos começa napróxima sexta-feira, 9 de maio, pelo site da rede e nas bilheterias.
A turnê, que passou por 15 regiões e contou com 31 shows, tem um repertório que atravessa fases marcantes da carreira solo de J-Hope. Na UCI, os fãs vão poder se sentir dentro do estádio, vendo cada detalhe da apresentação na tela grande.
No setlist, hits como “MORE”, “Arson” e “NEURON” (com Gaeko e yoonmirae) dividem espaço com músicas lançadas especialmente durante a turnê, como “Sweet Dreams (feat. Miguel)” e “MONA LISA”, todas performadas com a energia e grandiosidade que são marcas registradas do artista.
J-Hope, cujo nome verdadeiro é Jung Hoseok, é rapper, dançarino e produtor, famoso por sua participação no grupo BTS. Ele fez história como o primeiro artista sul-coreano solo a ser headliner em um grande palco do festival Lollapalooza e o primeiro artista masculino da Coreia do Sul a realizar um show solo em estádio na América do Norte.
Para mais informações sobre a compra, valores e programação, acesse o site oficial da rede. Os clientes do UCI Unique, o programa de relacionamento da rede, têm o benefício de pagar meia-entrada em qualquer dia e sessão. Para fazer parte do grupo, basta ter 18 anos e adquirir o cartão na bilheteria de qualquer cinema UCI e fazer o cadastro no site. Os novos associados ganham um ingresso cortesia
Se os últimos anos nós tivemos uma avalanche de shows de artistas coreanos, parece que em 2025 teremos a mesma sorte com artistas de outros países do leste asiático. Entre eles o Japão, que já começou com dois pés na porta trazendo muitos grupos e bandas. Assim, recebemos One or Eight, o boy group de oito membros que debutou em 2024 e resolveu dar uma passadinha no nosso país.
Quem são?
Em 2022 estreou um programa de audições japonês onde os participantes competiam pela possibilidade de formar um novo grupo musical. Então, em 2023 o programa WARPs DIG encerrou oficialmente e os vencedores formaram o grupo de trainees (quando os artistas ainda estão em período de treinamento) WARPs ROOTS. Após, em abril de 2024 surgiu o grupo One or Eight, que debutaria oficialmente em agosto do mesmo ano.
O grupo é formado pelos jovens Mizuki, Neo, Reia, Ryota, Souma, Takeru, Tsubasae Yuga. O destaque do boy group é a estética street e bastante dança. Inclusive, Takeru já foi um backup dancer do SHINee (!!!).
Primeiras impressões
A turnê SHUKAI passou pela cidade do México, Buenos Aires e finalmente chegou em São Paulo no dia 16 de abril, onde o grupo se apresentou no Teatro Gamarro. Apesar da ideia ser um fanmeeting (quando os artistas interagem mais com o público), adorei o fato de que eles cantaram bastante. Como uma bailarina, eu estava ansiosa para ver se os meninos eram tão impressionantes ao vivo como eram nos M/Vs.
Então, abrindo o show com Don’t Tell Nobody, One or Eight fez uma apresentação poderosa, com bastante personalidade e presença de palco. Eles logo emendaram com minha música favorita do grupo, Kawasaki, e me provaram (bem rápido) que tudo que eles mostram no YouTube se aplica aos palcos também.
Em seguida, tivemos duas apresentações de covers dos membros Souma (Cash In Cash Out) e também Neo (99 Problems). Depois, o grupo apresentou a música original My Lil Heart Attack, que eles já haviam performado em outros shows da turnê, mas que ainda não foi “oficialmente lançada”.
Por ser um grupo recente, com menos de um ano de existência, é normal que eles não tenham muitas músicas originais (e aí entram os covers). Porém, nos shows anteriores eles já haviam apresentado alguns novos lançamentos, como MLHA, que apesar de não constar nas plataformas de música (ainda) já estão disponíveis no canal do grupo em apresentações ao vivo. Então, eu fiquei muito feliz que, mesmo sendo um fanmeeting, eles também trouxeram essas músicas para a apresentação de São Paulo.
Interações e brincadeiras
O grupo então se preparou para as interações com a plateia, quando falaram sobre suas impressões do país, o que estavam ansiosos para experimentar, e deram a oportunidade de o público fazer perguntas. Assim, descobrimos que eles treinam mais de oito horas por dia os passos de dança.
Após isso, os meninos se dividiram em dois grupos para começar uma pequena competição. Os dois times receberam o nome de Açaí e Churrasco e os membros do grupo fizeram embaixadinhas. Em seguida, foi uma competição de mímica, e eu tenho que ser sincera, o quanto eu ri com essa parte… Foi muito divertido ver eles dando o seu melhor. No fim, o time Açaí ganhou, merecidamente.
Encerramento
A segunda parte do evento consistiu em mais músicas. Dessa vez, apresentaram Spellbound, Wanna Be With You e Day Ones, todas músicas originais do grupo que ainda também não foram lançadas. Delas, a minha favorita foi Wanna Be With You, que eu espero que tenha um M/V no futuro.
Além disso, houve mais alguns covers dos membros Tsubasa (Youngblood), Yuga (Honesty) e Reia (Never Not). Por fim, tivemos mais três músicas do grupo com 180, Tokyo Drift e DSTM que balançou a casa de show inteira.
Eu gostei muito do show e achei que o One or Eight é incrivelmente talentoso e carismático. Eles apresentaram tudo que eles já haviam divulgado musicalmente, e conseguiram conduzir interações e brincadeiras muito divertidas.
Como artistas, dá para ver que ainda estão se construindo, mas não falo isso de uma maneira negativa. Afinal, eles possuem aquela personalidade de palco ainda bem humana (que não vemos em artistas com mais tempo), e percebe-se que eles são muito talentosos, tanto cantando quanto dançando.
One or Eight entregou um show incrível e eu estou ansiosa para ver onde eles vão parar.
A chuva que caía sobre o Allianz Parque no último sábado (19) parecia apenas mais um elemento cênico proposital na apresentação do Scorpions. Como se os céus de São Paulo reconhecessem a magnitude do momento: encerrar a edição comemorativa de 30 anos do Monsters of Rock 2025 não era tarefa para qualquer banda, mas para verdadeiros veteranos de guerra – precisamente o que os alemães representam após seis décadas ininterruptas de heavy rock.
DA ALEMANHA PARA O MUNDO
Quando Rudolf Schenker fundou o Scorpions em Hannover, Alemanha, em 1965, o mundo vivia o auge da Guerra Fria, os Beatles ainda não haviam lançado “Sgt. Pepper’s”, e grande parte do público presente no Allianz sequer era nascida. Sessenta anos depois, o quinteto permanece como uma força vital da música pesada mundial, testemunha e sobrevivente de todas as transformações culturais, tecnológicas e políticas das últimas seis décadas.
A banda que encerrou o festival após seis performances anteriores não demonstrou o menor sinal de fadiga – ao contrário, parecia alimentar-se da energia que pairava no ar após um dia inteiro de celebração do rock pesado. Os alemães, veteranos de 5.000 shows, 27 turnês e passagens por 83 países (conforme destacado no vídeo introdutório exibido nos telões), sabiam exatamente como capitalizar esse momento.
Crédito: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts
A ANATOMIA DO ESCORPIÃO MODERNO
O Scorpions atual é uma interessante mistura de gerações, com o núcleo clássico representado por Klaus Meine (76, vocal), Rudolf Schenker (76, guitarra rítmica) e Matthias Jabs (69, guitarra solo), complementado pelos mais “jovens” Pawel Maciwoda (58, baixo) e Mikkey Dee (61, bateria).
Meine, apesar da inegável ação do tempo sobre seu instrumento vocal, segue impressionando pelo controle técnico e interpretação emocional. Onde não alcança mais as notas estratosféricas de décadas anteriores, compensa com presença cênica calculada e inteligência interpretativa – sua abordagem a “Send Me an Angel” foi particularmente comovente sob a chuva paulistana.
Crédito: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts
Rudolf Schenker, único membro original desde 1965, é o perpétuo motor energético da banda. Vestido com seu tradicional visual chamativo, o guitarrista percorreu cada centímetro do palco com a vitalidade de alguém que desconhece o conceito de aposentadoria. Ao seu lado, Matthias Jabs reafirmou sua condição de guitarrista injustamente subestimado no panteão do hard rock, entregando solos precisos e um timbre cristalino que cortava a noite chuvosa.
A seção rítmica contemporânea do Scorpions merece destaque próprio. Pawel Maciwoda, apesar de sua presença mais discreta, proporcionou a base sólida necessária para que os veteranos pudessem brilhar. Já Mikkey Dee, ex-Motörhead incorporado à formação após a morte de Lemmy Kilmister em 2015, foi uma verdadeira revelação para quem desconhecia seu trabalho prévio. Recuperado de uma grave infecção no pé que exigiu cirurgia no final de 2024, o baterista transformou seu solo em um dos pontos altos da apresentação, injetando energia renovada no conjunto.
Crédito: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts
UM REPERTÓRIO DE SEIS DÉCADAS
Os alemães construíram um setlist estrategicamente equilibrado entre faixas enérgicas e momentos de respiro, privilegiando os períodos de maior sucesso comercial, mas sem negligenciar completamente suas raízes. A abertura com “Coming Home” estabeleceu imediatamente a conexão com o público brasileiro, seguida pelo mais recente “Gas in the Tank”, demonstrando que o grupo não vive apenas de nostalgia.
Uma das maiores virtudes da performance foi a economia nos momentos mais lentos – apenas três baladas em todo o show, permitindo que a energia permanecesse consistentemente elevada. O medley que revistou clássicos da fase com Uli Jon Roth (“Top of the Bill”, “Steamrock Fever”, “Speedy’s Coming” e “Catch Your Train”) foi recebido com entusiasmo pelos fãs mais antigos, enquanto o resgate de “Loving You Sunday Morning” após quase uma década de ausência dos palcos proporcionou um momento refrescante.
A sequência final foi simplesmente devastadora: “Big City Nights” elevou a temperatura, “Still Loving You” (ausente no show de Brasília dias antes) provocou um momento de comoção coletiva, e o bis com “Blackout” e “Rock You Like a Hurricane”, acompanhado pelo gigantesco escorpião inflável que dominou o cenário, encerrou a noite com a sensação de dever cumprido.
Crédito: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts
SEIS DÉCADAS DE IMORTALIDADE
A relação do Scorpions com o Brasil já dura quatro décadas, mas o carinho demonstrado pelo público presente no Allianz Parque sugeria um romance recém-iniciado. Talvez seja esse o maior trunfo da banda alemã: sua capacidade de renovação constante, conquistando novas gerações enquanto mantém a fidelidade dos fãs originais.
As múltiplas “turnês de despedida” anunciadas e posteriormente desmentidas pelos próprios músicos nas últimas décadas já se tornaram quase uma piada interna entre os admiradores. No entanto, a cada retorno, o quinteto prova que a decisão de permanecer na estrada foi acertada.
Crédito: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts
O Scorpions que encerrou o Monsters of Rock 2025 não é uma banda nostálgica vivendo de glórias passadas, mas um organismo musical vivo que, mesmo carregando seis décadas de história nas costas, segue olhando para o futuro. Se existe uma fórmula para a imortalidade no rock, os alemães parecem tê-la descoberto há muito tempo.
Sob a chuva persistente de São Paulo, o Scorpions não apenas encerrou uma edição histórica do maior festival de rock do país – eles reafirmaram seu lugar no panteão das lendas vivas do gênero. E, conhecendo-os como conhecemos, provavelmente estarão de volta para fazer o mesmo daqui a alguns anos. Que venham mais seis décadas.
Crédito: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts
SETLIST: SCORPIONS NO MONSTERS OF ROCK 2025
Coming Home
Gas in the Tank
Make It Real
The Zoo
Coast to Coast
Top of the Bill / Steamrock Fever / Speedy’s Coming / Catch Your Train (medley)
Sob o céu paulistano do Allianz Parque, no último sábado (19), algo próximo de uma experiência religiosa aconteceu. Não houve milagres – apenas técnica impecável, décadas de maestria e uma demonstração visceral do que significa ser uma lenda viva do heavy metal. O Judas Priest, grupo que há 55 anos forja os fundamentos do metal, transformou sua apresentação no Monsters of Rock 2025 em um testamento sonoro de sua imortalidade.
A INFALIBILIDADE DE UM “DEUS”
Aos 73 anos, Rob Halford não pede licença para entrar – ele simplesmente domina o espaço como se o tempo fosse apenas um conceito abstrato para mortais comuns. Seu título de “Metal God” nunca pareceu tão apropriado. Com movimentos precisos, calculados para maximizar o impacto sem desperdiçar energia, Halford prova que envelhecer no rock não é vergonha – é privilégio.
O vocalista abordou faixas tecnicamente desafiadoras como um artesão confiante, moldando notas que desafiam a lógica biológica. Durante “Painkiller”, música que os trouxe pela primeira vez ao Brasil no Rock in Rio de 1991, Halford não fugiu de suas responsabilidades vocais. O momento mais arrebatador, porém, veio com “Victim of Changes”, quando, após uma tocante homenagem visual a Glenn Tipton, ele atingiu agudos que fariam cantores de metade de sua idade tremerem de intimidação.
Crédito: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts
UMA LEGIÃO DE FERRO
O baixista Ian Hill, aos 74 anos, permanece como a única conexão direta com a formação inicial de 1970, além de Halford. Como guardião silencioso, Hill executa seu papel com uma dignidade estoica – ciente de que seu valor está precisamente em proporcionar a fundação sobre a qual os outros membros podem brilhar.
Os guitarristas representam um fascinante contraste geracional. Richie Faulkner, 45, transformou-se na segunda força motriz da banda desde a saída de K.K. Downing. O músico, que sobreviveu a um aneurisma de aorta em pleno palco em 2021 e posteriormente a múltiplos AVCs que, segundo ele próprio, causaram danos cerebrais, exibe no palco uma resiliência quase sobrenatural. Sua técnica agressiva e presença magnética consolidaram-no como pilar fundamental do Priest contemporâneo.
Andy Sneap, 55, inicialmente trazido como substituto temporário para Glenn Tipton após o diagnóstico de Parkinson do guitarrista original, encontrou seu lugar na formação. Mais reservado que Faulkner, mas igualmente fundamental, o produtor-tornado-guitarrista demonstra crescente confiança a cada tour – expandindo seu repertório de solos, movimentando-se mais pelo palco e até cultivando uma juba na medida do possível.
Nos bastidores da potência sonora, Scott Travis, 63, mantém a máquina em funcionamento com a precisão de um metrônomo humano. O criador da icônica introdução de bateria de “Painkiller” executa seu instrumento com a energia juvenil que contrasta com sua posição veterana na banda.
Crédito: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts
ARSENAL DE CINCO DÉCADAS
O setlist atravessou dez álbuns da discografia, privilegiando o auge criativo das décadas de 70 e 80, mas sem negligenciar o presente. Do novo “Invincible Shield”, a faixa-título e “Crown of Horns” provaram que o Priest de 2025 não é apenas uma banda revival, enquanto “Panic Attack” teve a difícil missão de abrir o show enquanto o público ainda se aclimatava com a imponente estrutura cênica.
A sequência inicial foi avassaladora: “You’ve Got Another Thing Comin'”, “Rapid Fire” e “Breaking the Law” criaram uma tríade explosiva que estabeleceu o tom da noite. O bloco intermediário, com side-tracks menos óbvias como “Riding on the Wind”, “Devil’s Child” e “Sinner”, ofereceu um respiro estratégico que valorizou ainda mais o impacto dos hits que viriam a seguir.
O retorno de Halford em sua icônica Harley Davidson para “Hell Bent for Leather” foi recebido com reverência por uma plateia agradecida, enquanto “Living After Midnight” encerrou a apresentação como uma celebração coletiva do legado imortal da banda.
Crédito: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts
RESILIENTES POR DESIGN
A trajetória do Judas Priest nunca foi linear. A banda enfrentou uma década inicial de relativa obscuridade até alcançar o reconhecimento merecido; passou por múltiplas formações na bateria antes de encontrar estabilidade; flertou com sonoridades comerciais nos anos 80 que dividiram opiniões; perdeu seu vocalista no auge criativo pós-Painkiller; e até anunciou uma turnê de despedida apenas para voltar atrás posteriormente.
No entanto, em 2025, os britânicos culminam esse caminho tortuoso como possivelmente a banda de heavy metal mais respeitada em atividade. Em um mundo onde ícones do rock continuamente se aposentam, o Judas Priest permanece de pé – não como uma relíquia, mas como um organismo musical ainda capaz de surpresas e momentos transcendentais.
No Monsters of Rock de São Paulo, o grupo não apenas justificou seu lugar no Olimpo do metal, mas também reafirmou que imortalidade no rock não é sobre juventude eterna – é sobre adaptação, resiliência e uma conexão intergeracional que desafia explicações. Por uma noite, os deuses do metal caminharam entre nós, e São Paulo se prostrou diante de sua inegável glória.
Crédito: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts
SETLIST: JUDAS PRIEST NO MONSTERS OF ROCK 2025
Panic Attack
You’ve Got Another Thing Comin’
Rapid Fire
Breaking the Law
Riding on the Wind
Love Bites
Devil’s Child
Crown of Horns
Sinner
Turbo Lover
Invincible Shield
Victim of Changes
The Green Manalishi (With the Two Prong Crown) (cover de Fleetwood Mac)