Recentemente, a Netflix adicionou em seu catálogo o filme Olhos de Gato (A Whisker Away ou Nakitai Watashi wa Neko o Kaburu), novo filme da roteirista Mari Okada e com produção da Studio Colorido, Toho Animation e Twin Engine.
*O longa animado teve sua estreia global, entretanto, por conta da pandemia do novo coronavírus (COVID-19), a dublagem em inglês não aconteceu. Com isso, apenas o áudio em Japonês está disponível. Com relação a dublagem em português, não há nenhuma confirmação até o presente momento.
Exacerbação de Emoções
Logo de cara, temos a apresentação da dupla de protagonistas, em especial, e talvez no foco, Miyo Sasaki, apelidada de Muge, e seu crush e colega de classe, Kento Hinode. É notável que nossas primeiras impressões com relação a Muge é de que ela possui uma saúde emocional abalada e não se dá conta das dimensões de seus atos em escola.
Mesmo sua melhor amiga chamando-lhe a atenção, Muge não mede esforços fisico-emocionais para atingir seu amado e muitas vezes cai em motivo de chacota – e bullying – por seus companheiros escolares.
Além disso, temos o paralelo da Vida Humana e da Vida de Gato, muito bem colocada pelo personagem “Vendedor de Máscaras”. Por sinal, este gato pimpão é meu personagem favorito por aqui!
De forma a satirizar com aquele humor característico japonês de como os gatos vivem e dar um peso em como os humanos perdem tempo com coisas fúteis, o resumo desta analogia entre Gato x Humano é de que ao invés de você (humano) ficar deitado, dormindo e lambendo seu rabo, faça alguma coisa que preste!
Stalkeando e se transformando
Misturando elementos místicos (sim, há magia por aqui), Olhos de Gato nos leva a curiosa história da garota que stalkeia seu crush se transformando em um gato, já que só assim ela não é ignorada e mais; assim ela é notada e ainda recebe mimos de Hinode.
Até aproximadamente metade da animação, temos este desenrolar de confusões, e dualidade entre agir como uma gata pela noite ou utilizar dos conhecimentos adquiridos – e espionados – pela manhã na escola. De qualquer forma, isto não dá muito certo…
Ritmo Gatuno
Apesar de um ritmo um pouco arrastado em sua introdução e desenvolvimento, a partir do momento que temos o “clique do chamado para a aventura”, Olhos de Gato traz aquela ansiedade e pensamento de que não temos muita ideia de como será seu término, e nos apresenta um universo novo como uma grata surpresa. O reino dos gatos é a MELHOR COISA nesta animação.
Em questão de desenvolvimento, ambos os personagens são bem trabalhados do início ao fim. Do lado de Muge, temos uma garota cheia de ressentimentos e marcada pelo bullying na infância. Grande parte de suas emoções foram vedadas e ela viu no seu amado Hinode uma forma de se expressar.
Já Hinode, por se pressionar e se “colocar no mundo” como um bom artesão ceramista como seu avô, ele nunca foi muito de desenvolver seu lado mais emotivo, focando apenas num lado mais “mecânico” em suas vivências. Com a chegada de Muge e Tarô, este lado mais emotivo despertara, deixando de viver de forma mais passiva e com isso, a sinergia entre os dois personagens é enfim demonstrada.
Acredite no que você quer acreditar
Uma das mensagens mais interessantes de Olhos de Gato e passada pela Okada de forma mais direta é da concepção de não desistir, seja de uma relação – ou de um amor ainda não correspondido – ou até mesmo de um trabalho, demonstrando um roteiro coeso e talvez dos mais concisos de sua notória carreira.
Já visualmente, o filme está no patamar das grandes produções nipônicas, não devendo nem mesmo para produções como Your Name e destaco aqui a sensibilidade da trilha sonora, encaixando de forma cirúrgica nas mais variadas ações no decorrer do longa animado.
Uma dica: repare nas cenas e nos diversos easter-eggs. Muito dos segredos estão além dos diálogos e mostrados em cenários e simbologias durante a animação.