Nesta quinta-feira (30 de novembro), estreou nos cinemas de todo o Brasil o filme Jogo da Invocação, terror dirigido por Eren Celeboglu e Ari Costa. O longa tem no elenco principal os astros de famosas séries da Netflix, Asa Butterfield (Sex Education) e Natalia Dyer (Stranger Things). Aliás, ele parece se apoiar na popularidade destes artistas para atrair o público, já que o conteúdo deixa a desejar.
Assim, a trama é claramente para os adolescentes, porém, a classificação indicativa para maiores de 16 anos poderia ser facilmente para 13 anos. Afinal, provavelmente será a faixa etária que mais alcançará.
A história principal aborda os irmãos Marcus, Billie e Jo, interpretados por Butterfield, Dyer e Benjamin Ainsworth (Pinóquio), respectivamente.
Jo, que é o caçula, encontra uma faca que mais parece um artefato antigo. Então, em um certo evento, sugere que os irmãos e mais alguns amigos brinquem com ela. A partir deste momento, o filme entra de fato no terror, que podemos classificar como uma tentariva de slasher, e mostra a que veio. Pena que não é muita coisa.
As brincadeiras propostas são as de conhecimento popular mundial, como “pique-pega”, “o mestre mandou”, “pique-esconde”, entre outras. Em todas as rodadas, algum deles está no comando e,, para surpresa de todos, na vez de Marcus, ele começa a agir de forma estranha e violenta. Assim, logo eles se tocam de que alguma entidade possuiu o garoto. Então, a brincadeira se torna um verdadeiro “salve-se quem puder”.
Obviedade Exagerada
O uso de clichês jamais seria um problema aqui e neste caso, poderia até ser um ótimo aliado se fosse bem aproveitado.
A temática parece ser fácil de pensar, afinal, criar outras versões para brincadeiras infantis e inofensivas é algo feito frequentemente ao redor do mundo. Brincadeiras sensuais, ou as que passam a envolver bebidas e até mesmo outras mais inocentes, porém diferentes das originais, surgiram dessa forma.
O terror é uma dessas variantes e, apesar de parecer óbvia, sempre pode render um bom conteúdo, justamente pelas infinitas possibilidades de recriação em tons macabros.
Porém, o que vemos são escolhas um tanto batidas, executadas de forma confusa e ao mesmo tempo nada surpreendentes. Um artefato macabro, uma lenda pouco criativa, o uso exagerado de flashbacks para direcionar os personagens principais e o espectador, complementa com desfechos simples preenchem o pouco tempo de tela que a película tem.
Outro exemplo que pode sinalizar a fraqueza do roteiro e da direção é que uma determinada cena de busca pelo inimigo é tão longa e repetitiva que antecipa ao espectador que um jumpscare está por vir. Assim, dá tempo para decidir como irá reagir, tendo a opção de virar o rosto, por exemplo, cortando todo o efeito da proposta principal deste recurso cinematográfico, que é assustar quando menos se espera.
Os efeitos especiais hora são bem feitos, mas hora artificiais demais. Em determinado ponto a vontade de usar o gore acaba ficando tosca e parecendo ser uma saída fácil para algo que não conseguiram desenvolver melhor.
Inclusive, todos os pontos mais sérios, que podem humanizar mais os personagens, não são desenvolvidos, nos fazendo refletir sobre a necessidade de terem sido inseridos.
Se tem algo que realmente merece um bom destaque, é a maquiagem, principalmente a do demônio principal.
Atuações em O Jogo da Invocação
Apesar da pouca idade, Asa – que está com 26 anos atualmente – já é um ator consagrado. O jovem tem grandes filmes na carreira, como, por exemplo, os premiados O Menino do Pijama Listeado e A Invenção de Hugo Cabret. Ou seja, sua capacidade de atuar bem é inquestionável, por isso, fica meio confuso de entender o que ele fez neste filme.
De longe, não foi uma de suas melhores entregas. Embora o roteiro não exigisse muito, ele estava bem robótico e caricato propositalmente nas cenas em que precisava transmitir vilania, fazendo parecer uma sátira. Mas tudo bem, este não vai ser um dos trabalhos que serão lembrados por muitas pessoas a ponto de manchar sua carreira.
O grande destaque fica para Benjamin Ainsworth, que interpreta uma criança curiosa e destemida (até um pouco demais para passar veracidade na trama) de forma empolgada e natural.
Seu personagem pode ser um pouco irritante às vezes, bem daqueles que têm soluções na ponta da língua e se propõem a enfrentar qualquer coisa mesmo sem saber o que fazer. Afinal, é preciso ter alguém que vai se arriscar neste tipo de filme, né? Mas nada disso é culpa de sua atuação, que está ótima.
Conclusão
O Jogo da Invocação é mais um daqueles filmes que são lançados despretenciosamente, sem grandes ambições, e que talvez fará um barulho um tanto abafado apenas entre os jovens.
Porém, não é difícil de assistir. Não gera um grande suspense, nem te deixa tão ansioso para o desfecho, tampouco tem personagens pelos quais você torce, mas não é massante. Ou seja, não é muito bom, mas não é muito ruim. Dá para se divertir um pouco. É inofensivo e esquecível, e, dependendo da sua idade, pode ser uma boa porta de entrada para terrores mais pesados.