Pan
    Pan
    Uma tradutora apaixonada pela cultura japonesa que ama cozinhar iguarias asiáticas, ouvir músicas de bom gosto e jogar joguinhos eletrônicos para relaxar e se irritar.

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    O Inglês que Salvou as Cerejeiras Japonesas

    Entre 1639 e 1853, sementes e implantes de cerejeiras eram coletados pelo Japão e levados à capital Edo (atual cidade de Tóquio). As flores das regiões montanhosas tinham uma cor rosa claro, chamada yama-zakura; dos climas mais gelados de Hokkaido e do norte de Honshu veio a flor avermelhada Ohyama-zakura; a Mame-zakura, de cor branca e parecendo uma saia de bailarina, veio do Monte Fuji; enquanto a chuvosa Ilha Izu produz as cerejeiras Oshima, que origina belas flores brancas.

    Era uma era de paz. Séculos antes, várias famílias pelo Japão lutaram pelo poder. Agora, todas obedeciam a apenas uma família, a Tokugawa, em Edo, onde cada nobre tinha que residir. Quase todos os nobres levavam cerejeiras, fossem selvagens ou cultivadas, de seus principados. E nos jardins de Edo, diversas culturas, tradições, climas e povos eram representados e celebrados com suas cerejeiras de várias cores, números de pétalas e formatos. Durante meses naquele tempo, as flores de diferentes espécies floresciam em diferentes épocas do ano, sempre proporcionando um espetáculo de cores.

    Hoje em dia, as cerejeiras de Tóquio são conhecidas pela sua sincronia para desabrochar. Ao longo do Rio Arakawa, fileiras de árvores ficam cor de rosa durante oito dias, sempre em abril. Em harmonia, por todo o Japão, as cerejeiras florescem e morrem rapidamente, representando a beleza e a rapidez com que a vida passa. As cerejeiras do Japão contemporâneo não são variadas. A maioria é de uma só espécie, somei-yoshino, uma variedade que dá flores de apenas um tom de rosa em galhos em folhas.

    Nascido em 1880, Collingwood Ingram visitou o Japão diversas vezes e se encantou com suas cerejeiras. Em 1919 ele comprou umas grande casa de campo em Kent, Inglaterra, onde começou sua coleção. Com o passar do tempo, ele teve mais de 120 espécies de cerejeiras e era considerado uma referência mundial.

    Já em 1926, Ingram participou de uma conferência em Tóquio, onde alertou sobre a queda das variedades de cerejeiras no país. Ingram se preocupava com o fato dos japoneses não se importarem com as variedades das cerejeiras que estavam morrendo e, por conta disso, resolveu salvá-las sozinho, buscando de todas as formas as cerejeiras que ainda não tinha em sua coleção.

    Ele introduziu mais de 50 variedades cultivadas na Inglaterra e é tido como a primeira pessoa do mundo a criar novas espécies através da hibridização artificial, incluindo a Kursar, que é uma fusão entre uma variedade do norte e outra do sul.

    Provavelmente, sua maior façanha foi restaurar a Taihaku (grande cerejeira branca) no Japão, que se acreditava ter sido extinta. Após diversas tentativas frustradas, um enxerto conseguiu chegar intacto no Japão dentro de uma batata em um trem trans-siberiano. Essa mesma árvore que ele ajudou a cultivar continua crescendo em Quioto.

    Hoje em dia, muitas das cerejeiras que Ingram plantou durante todos aqueles anos ainda florescem na Inglaterra. Clingwood morreu em 1981, com 100 anos, mas deixou seu amor pela árvore como um legado para os cultivadores e adoradores dessas belas flores que continuam a ser o símbolo do Japão.

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