O Suco teve a oportunidade única de assistir ao filme O Exorcismo, um terror sobrenatural e psicológico. O longa é dirigido por Joshua John Miller e estrelado por Russel Crowe, Sam Worthington e David Hyde Pierce. Aqui no Brasil, ele estreia dia 01 de agosto nos cinemas.
Enredo
Acompanhamos Anthony Miller (Russell Crowe), um ator outrora famoso que teve problemas com álcool e drogas. Atualmente, fazendo tratamento e tentando voltar à ativa, Anthony irá substituir o ator que faleceu gravando um filme de terror, um remake de O Exorcista, de 1973.
Paralelo a isso, sua filha, Lee (Sam Worthington), volta a morar com ele após ser suspensa da escola na qual estuda. Numa relação conturbada, ambos tentam aproximar os laços entre pai e filha, cada um à sua maneira.
Porém, interpretando o padre que precisa fazer o exorcismo, Anthony encara de perto antigos traumas. Entre severas críticas do diretor, estresse pós-traumático e atividades paranormais, o antigo astro tenta manter sua sanidade e mostrar à filha que é motivo de orgulho.
Ele conseguirá exorcizar seus demônios do passado e do presente, ou deixará sua mente sucumbir para os cantos mais escuros da sua alma?
Metalinguagem
Bom, pra começar a falar sobre as minhas impressões do filme, vamos começar com um estilo de narrativa que eu amo: a metalinguagem. Resumindo, é quando você usa uma linguagem para falar sobre a própria linguagem que está usando no momento.
Por exemplo, um conto que fala sobre escrever contos, uma música que fala sobre músicas, ou, nesse caso, um filme que fala sobre filme.
Então, vemos um pouquinho do processo de gravação. Os cenários, figurinos, a equipe enorme que precisa pra produzir, ensaio de falas, enfim. Claro, no filme O Exorcismo, o filme que estão gravando não é real, mas mesmo assim é legal ver uma representação dos bastidores.
Atuação impecável
Inclusive, considerando justamente essa metalinguagem, é de bater palma para a atuação do Russell Crowe. Ele interpreta um ator que interpreta muito mal. Então, pensa comigo. Você é um ator muito talentoso que precisa interpretar um ator muito ruim. Perfeito.
Do começo ao fim, Russell rouba a cena e mostra todo o seu talento, seja como pai (tentando ser) amoroso, profissional fracassado ou homem possuído.
Além disso, Sam Worthington também entrega muito no longa. Atuação convincente, sensível e envolvente.
O Exorcismo – pontos positivos e negativos
Agora, vamos ver alguns dos aspectos que me fizeram gostar e torcer o nariz pro filme.
Primeiro, um filme de terror com história! Não é só aquela coisa sem pé nem cabeça pra encher de jump scare, ou o clichê “uma família se muda para uma casa onde aconteceram coisas horríveis”.
Aqui, temos um protagonista com profundidade, traumas, angústias, ambições, falhas. Vemos o dano do trauma e a luta contra ele. Na verdade, acredito que em O Exorcismo, o foco central é realmente a história de Anthony do que o terror em si.
Afinal, usando a querida metalinguagem, o diretor do filme (dentro do filme) nos avisa que será mais um terror psicológico do que sobrenatural. Porém, isso pode ser um problema para os despreparados.
O nome, a sinopse e o gênero dão uma enganada. Algumas pessoas que viram o filme comigo comentaram que sentiram falta do desenvolvimento do terror.
Isso porque há cenas de sobrenatural, aquele suspense bem característico de luzes piscando, barulhos indefinidos, personagens agindo esquisito, mas logo em seguida elas acabam. Ou seja, esse terror demoníaco é rapidamente substituído pelo terror psicológico.
Isso é um problema? Bom, quando você vende o filme como majoritariamente sobrenatural sim, pois quebra a expectativa do telespectador.
Pra mim foi um problema? Não muito, pois tendo mais pra um humano ficando maluco e precisando lidar com sua própria humanidade falha do que os clichês de uma possessão demoníaca.
Além disso, achei que eles aproveitaram muito mal um dos personagens que teve destaque só no final e, bem…. Não foi muito feliz. O próprio final foi uma mistura de “acabou às pressas” com “okay, um final diferente do todos felizes e todos os problemas superados”.
O final em si, gostei. O final da possessão, meh.
Romance de verdade
“Nossa, mas como assim tem romance em O Exorcismo?”, você pode se perguntar. Bom, foi mais ou menos um clickbait pra você não sair correndo se eu falasse “pessoas LGBT existem” ou “viva a diversidade”.
De qualquer forma, o longa traz um casal lésbico “de verdade”. Ou seja, não é estereotipado, o foco não é elas serem LGBT, não é o romance, tampouco é um fetiche pra galera ver duas mulheres se beijando e chamar de “representatividade”.
São duas mulheres que se interessam uma pela outra, se cuidam, se conhecem e se envolvem da maneira mais natural e normal que podia acontecer. Poderia muito bem ser um casal hétero, e não foi simplesmente porque casais lésbicos também existem e tá tudo bem. Esse não é o foco do filme, não é “”””lacração””””, muito menos uma lição de moral.
Foi pura e simplesmente duas pessoas comuns, vivendo um romance comum, tendo que passar por uma possessão demoníaca comum.
Conclusão
Eu amei o filme? Não. Achei ruim? Muito menos.
Resumindo, O Exorcismo tem uma boa história (quem está falando que não tem é porque não entendeu a intenção do filme), atuações maravilhosas e um desfecho clichê e meio mal acabado. Um bom terror psicológico, mas sobrenatural deixa a desejar.
Minha opinião, é um filme que vale a pena assistir. Não espere algo memorável e revolucionário, mas um bom conteúdo que impressiona, te faz refletir e se revoltar.
Então, já deixa a consulta com o psicólogo marcada, pega seu crucifixo e faz a pipoca para assistir O Exorcismo.