Quem estava presente nos anos 2000 quando O Chamado chegou as locadoras sabe o que foi a febre da terrível Samara e sua maldição dos sete dias. O remake de Ringu, de origem japonesa, foi somente mais uma das adaptações americanas de longas de terror asiáticos, este – porém – conseguiu fazer mais sucesso que os outros, o suficiente para garantir duas continuações.
Dessa forma, é um erro comum que você chegue aos cinemas e acredite que O Chamado 4: Samara Ressurge seja justamente a continuação da trilogia norte-americana, mas não se engane. A obra do qual o título original é Sadako DX é na verdade mais um dos filmes da série japonesa, que com esse último lançamento, já compreende oito longas originais.
Nessa nova trama, acompanhamos a jovem Ayako, uma estudante brilhante que é chamada a um programa de televisão para dar sua opinião sobre uma recente onda de mortes misteriosas que está assolando o Japão. Sem acreditar em maldições, ela acaba recebendo uma fita VHS com o suposto vídeo que promete matar quem assisti-lo em um período de 24h. Agora Ayako precisa desvendar esse mistério ao mesmo tempo que tenta salvar as pessoas que ama.
É bem conhecido que os longas de terror japoneses são caricatos, e possuem um tipo de direção e roteiro próprios. Enquanto o original Ringu é bastante sombrio, porém amador, suas sequências evoluíram em questões de efeitos especiais, e começaram a abraçar mais o segmento do terrir, quando o terror é apresentado de maneira cômica.
O Chamado 4 é justamente uma obra desse segmento, onde há uma trama de maldição e morte que – supostamente – é assustadora, porém seus personagens são tão caricatos e absurdos que o filme acaba tendendo para a comedia na sua maior parte, principalmente no final.
Mesmo que Sadako (A Samara japonesa) esteja presente no longa, ela não é mais a estrela, já que a criatura acaba tomando forma de pessoas queridas próximas. Nós só vemos a dita cuja mesmo no final, por breves minutos.
Eu acho que em filmes como esse é muito importante que a gente avalie a estrutura cultural quando estamos pontuando a crítica. Dessa forma, eu não vou julgar a escolha da mescla do cômico-horror, até porque é a proposta abraçada e é feita de maneira correta.
Porém, eu tenho de apontar que as atuações acabam sendo bem fracas, e eu culpo isso principalmente pela direção e o roteiro. Você vê que os protagonistas até tentam algumas vezes, mas a caixinha dos personagens é muito quadrada para que eles consigam se desenvolver.
Mesmo que os efeitos práticos tenham melhorado bastante, e não tenhamos mais uma Samara de rosto roxo e corpo branco, o CGI – principalmente nas cenas de cabelo – é ainda bem ruim, talvez pela falta de investimento, ou pela falta de cuidado em fazer parecer real. Eu sinto que, justamente por ser um filme que não se leva a sério, eles não tenham tido o cuidado para que esses efeitos tenham sido feitos da melhor maneira.
A fotografia e a trilha sonora são ok, nada de ruim, nada de fantástico, atingem o que esperamos, e não pecam, mas também não entregam nada que nos deixe maravilhados.
Em suma, O Chamado 4 é um filme fraco, porém não ruim, que deve atender aos fãs do gênero terrir, e aqueles que gostem de cinema de terror asiático. Não tenho certeza se ele será bem apreciado na plateia brasileira justamente pelo contexto em que está inserido. Mas se você quiser conferir por si mesmo, o longa estreia nos cinemas dia 27/04, quinta-feira.