A resenha da vez é de No. 6. Calma! Não feche a página apenas porque ouviu falar que No. 6 é yaoi.
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Explico: No. 6 não é BL (termo correto pra “yaoi” sem pegação), No. 6 é uma história de ficção científica originalmente lançada em livro por Atsuko Asano, uma autora renomada que escreveu sobre uma multiplicidade de temas, que por ventura tem personagens masculinos que se apaixonam no protagonismo.
O Mundo Perfeito de Shion
Um deles é Shion, um rapaz mimado por ser considerado inteligente em um sistema que promete ter criado o mundo perfeito. Ele no entanto é tão “inteligente” que começa a questionar o mundo quando um rapaz ensanguentado surge no seu quarto… Nezumi é um rapaz que não chegaria nem perto de perfeita província de No. 6 em qualquer outra situação, mas estava fugindo da prisão e acabou chegando por acidente no quarto do pequeno Shion.
Shion trata de seu ferimento por ser um humano e Nezumi, que sempre precisou batalhar demais, não entende o que é aquele sentimento de querer ajudar. É com o fim das ilusões de Shion a respeito da perfeição de No.6 e o começo do sonho dourado de Nezumi que começa a história de No. 6, um anime em 12 episódios animado em pelo estúdio Bones (Full Metal Alchemist, Mob Psycho).
Shion vs Nezumi
Interessante, não? Bem, não exatamente original; histórias de “utopias distópicas” são extremamente comuns há muito tempo – vide Psycho-Pass, dentre outras. O mundo de No. 6 não é assim tão diferente desses ou tão incrível assim. Bem ou mal, o grande diferencial de No. 6 é a realidade dos protagonistas e a caracterização deles.
E aí temos Nezumi, literalmente um zé-ninguém com a mesma idade que vai parar justamente no seu quarto e detesta Shion. Ele não suporta que exista gente tão confortável e ignorante enquanto ele é escravizado diariamente, sangra e briga apenas por sobrevivência.
É triste… mas é o colapso dessas realidades que irá se transformar em uma história de grandes descobertas, experiências sensoriais incríveis, grandes amizades e até romances. Temos ainda entre as protagonistas Safu, uma amiga de infância que gostaria desesperadamente que Shion cedesse o espermatozoide do seu filho porque acredita que ambos teriam um filho geneticamente incrível (é…), a mãe de Shion entre várias outras pessoas de dentro e de fora da perfeita No. 6 que ajudam Shion e Nezumi na tentativa de burlar o sistema.
Utopias e Manipulações Genéticas
Todos os personagens são cativantes por serem tão humanos e parecerem reais ainda que vivam em outro mundo, e talvez o anime não tenha nenhum outro grande diferencial, mas vai te entreter. Apesar de encurtar bastante e tirar um tanto da riqueza dos livros, não deixa de ser interessante sobretudo para quem é fã de utopias com manipulações genéticas, seleções experimentais, mas também regate à natureza, certo ode ao passado e muita reflexão.
No. 6 é delicioso de assistir e é uma daquelas obras que vai mudando de significado, podendo ser revisitada tempos depois e ainda divertir. A animação é o padrão “medianamente excepcional” do estúdio Bones, mas a trilha sonora merece alguns destaques por ter realmente acrescentado à série – confesso que gosto de ouvir a abertura até hoje.
Ademais, é incrível a leveza da série apesar de alguns momentos bem tensos, o que é auxiliado por protagonistas jovens e um traço delicado. De muitas formas, No. 6 tem um tom especial e o Noitamina fez bem em exibir a obra.
Se você é fã de sci-fi, mas não dispensa uma boa ternura, apologia à natureza e fraternidade, entre outros valores bem positivos, talvez devesse dar uma chance a No. 6.