Já começo essa REVIEW dizendo que eu amo a animação da Disney de 1998, já assisti várias vezes e isso me inspirou a pesquisar bastante sobre a história original da Mulan. Dito isso, além de trazer minha opinião pessoal, pesquisas baseadas na lenda chinesa, procurei também saber o que o público chinês achou dessa nova versão.
Acredito que você vá gostar do filme se você: 1- Não for chinês, 2- Não souber nada sobre a cultura chinesa antiga, 3- For muito apegado a animação. Caso não se enquadre nessas categorias, você provavelmente não vai gostar da nova Live-action. Sim, eu disse nova, porque apesar das versões da Disney serem as mais conhecidas é claro que a China já fez diversas adaptações da própria história.
Para não deixar essa review muito longa, vou elencar os pontos principais e farei outras matérias mais detalhadas sobre algumas coisas que se destacam. Além de incoerências em relação à cultura chinesa em si, incoerências em relação à própria lenda original da Mulan, temos cenas de luta exageradas quase como se quisessem provar que o filme era mesmo asiático e o desenvolvimento tanto da história no geral, quanto da Mulan especificamente é quase zero. Para uma pessoa que não tenha contado com a cultura chinesa, é fácil se entreter com esse filme que meramente pode ser considerado uma jornada do herói, ou nesse caso heroína. A Disney se esforçou (nem tanto assim) para agradar o público chinês, e falhou de novo trazendo mais uma vez uma versão completamente americanizada do conto chinês.
O longa tem alguns pontos positivos, como por exemplo a fotografia, mas não acredito que alguém vá querer perder tempo com um filme de quase 2 horas só pra ver cenas esteticamente bonitas cheias de cores vibrantes. Caso você se interesse pela direção da Niki Caro seria melhor assistir algum filme da diretora com uma história não asiática como Terra Fria (2005) ou O Jardim da Esperança (2017).
Se você já assistiu algum C-drama com a atriz Liu Yifei (Mulan), sabia o que esperar da atuação dela, não que a culpa da falta de emoção tenha sido toda da atriz, parte disso está na conta do roteiro que foi extremamente fraco e sem diálogos significativos ou memoráveis.
Nenhum personagem secundário tem tempo de tela o suficiente para que nos afeiçoemos a eles, todos os personagens estão na história unicamente em função da Mulan e ela mesmo não apresenta nenhum crescimento pessoal do inicio de sua jornada até o final do filme. Praticamente toda emoção do filme fica a cargo da trilha sonora, que traz as músicas originais da animação em versão instrumental em momentos importantes da história.
A razão de quase todas essas falhas fica obvia quando descobrimos que todas as pessoas por trás da produção do filme são brancas e a representatividade que a Disney fez tanta propaganda, só aparece na frente das câmeras. Pode até parecer exagero, mas você contrataria pessoas brancas para produzir o filme da Marvel, Pantera Negra? Se essa ideia parece absurda, porque estaria tudo bem contratar pessoas brancas para contar a história de chineses?
Se você, assim como eu, ama Mulan eu recomendo a versão chinesa de 2009, Mulan – The Rise of a Warrior (Tradução literal: A Ascensão de uma Guerreira). Além de ser uma versão mais realista do conto, foi produzido e protagonizado por chineses.