Adaptação do último livro da saga Millennium chega aos cinemas, amado pelo seu tom sombrio e depressivo, com um bom toque de vingança, a base da história vem da violência abusiva contra as mulheres.
Série que foi inspirado em um antigo trauma o qual o autor Stieg Larsson presenciou, um tema que deve ser discutido de forma obrigatória em todas as manifestações da arte e conscientizar a população, Millennium – A Garota na Teia de Aranha permanece nos mesmos moldes da história, intensifica em tons sombrios, porém não alcança as metas de um bom filme.
Adaptação
Esse filme pode causar duas opiniões diferentes, para os fãs da trilogia literária e cinematográfica é capaz que o novo filme conquiste os corações por ser um público mais engajado na história, contudo aos indivíduos os quais não teve contato com esse mundo, pode também ser algo positivo.
Uma protagonista capaz de hackear a todo tipo de tecnologia em sua volta é um elemento de chocar positivamente a todos, fazendo isso o marco mais forte do filme, e com a vencedora do Globo de ouro Claire Foy, o filme ganha muito mais valor, vivendo a protagonista Lisbeth Salander, ela se mostra uma anti heroína a qual busca justiça contra homens que agridem mulheres, assediadores e estupradores que não são julgados como deveriam ser.
Com Lisbeth o assunto é menos papo e mais ação, ou no caso castigo, a falta de diálogo para uma protagonista te faz abraçar seus ideais, por não ser uma mulher treinada, e sim vivida, suas experiências de vida fazem com que ela esteja cada vez mais preparada para novos perigos, além de se mostrar um tanto limitada, isso traz mais realidade ao filme e mais próximo do que é a limitação do ser humano, termo que Lisbeth não conhece,
A solidão da personagem, seja de amigos ou romances é o que mais cativa nela, onde a qual não precisa se importar com o próximo até ela ter que cuidar do garoto que é a chave para segredos militares, no caso ela se mostra focada na missão racionalmente e sem um pingo de sentimentalismo, o tipo de personagem que deveria ser mais explorado em outros filmes.
Origens
Dito isso porque sua origem é mostrada rapidamente, sem enrolação e bem absorvida, mas não foi o que pareceu em tela, a edição parece ter alterado bastante na primeira cena do filme, fazendo ela não parecer o que devia, com isso, de início, a primeira cena é um soco na cara sem avisos, a ponto de cair e ficar atordoado, por mais que seja uma cena flashback, a mesma não funcionou e pareceu bem jogada, por mais importante que ela fosse.
Um dos maiores defeitos do filme é o modo acelerado e roteiro raso para uma história que aparenta ser mais trabalhada e profunda, com conceitos fortes e momentos épicos de ação fizeram a história do filme ser monótona e, por incrível que pareça, descartável, é muito mais atraente aos olhos ver toda aquela personagem quebrada, fazendo justiça com as próprias mãos, levantando uma bandeira importantíssima como o feminismo, tocar na ferida do assunto que é o feminicídio, um tema delicado mas que deve ser colocado em pauta de todas as formas possíveis.
O símbolo de uma mulher forte como é Lisbeth Salander em cena é algo de se trabalhar a história de forma mais densa, forte e conceitual do que a velha ideia da saga do herói solitário, um desperdício de conceitos e ideias por culpa de uma linha de roteiro fraca, sem sal e incômoda.
Oportunidades Perdidas
Infelizmente esse filme se resume em oportunidades perdidas, tanta beleza no tom sombrio, com um conceito espetacular, um assunto de extrema importância que é carregado por uma protagonista forte e simbólica para muitas mulheres na sociedade, jogados fora.
O segundo filme hollywoodiano da franquia Millennium (ou o quinto se contarmos com a trilogia sueca) pode servir de aviso, no momento que um filme se torna uma franquia, é confirmado o início do fim de uma boa história.